A revista Época, na reportagem “documentos do SNI mostram corrupção da Odebrecht na década de 1980“, divulga informações de que a atuação ada empreteira teria colaborado para o aumento do patrimônio do Iris Rezende (PMDB) e de Wolney Siqueira (PMDB), naquela década. O ex-governador de Goiás nega e afirmou que as fazendas que adquiriu foram fruto de herança e de serviços como advogado. Segundo a revista, a empreiteira teria repassado recursos a Rezende conforme um documento do escritório goiano do SNI (Serviço Nacional de Informação).
O fato, porém, nunca foi levado a investigação ou é objeto de denúncia que tenha criado qualquer empecilho para o ex-governador Iris Rezende. O patrimônio dele não tem qualquer obstáculo na Justiça.
A reportagem da revista faz referência a Iris Rezende e outros políticos, na relação com a Odebrecht, a partir de dados consultados no Arquivo Nacional.
Publicou a revista, no site, nesta sexta, 1:
“O informe 19/1984 da Agência Goiânia do SNI revela que repasses da Odebrecht ajudaram o pré-candidato à prefeitura de Goiânia Iris Rezende (PMDB) a comprar uma fazenda no valor de 700 milhões de cruzeiros em Mato Grosso. Segundo o registro, Iris recebeu 500 milhões da empreiteira e usou 400 milhões na compra do imóvel. Iris Rezende é um dos políticos mais ricos do país. Em sua última disputa, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), R$ 30,9 milhões. Entre os bens: as fazendas Estrela, adquirida em 1982, e Mutirama.
Segundo o SNI, duas fazendas foram adquiridas após a posse de Iris em 1983 como governador. Uma em Canarana e outra em Cocalinho, ambas em Mato Grosso. Os imóveis teriam sido comprados com a caixinha de amigos para a campanha e a doação da Odebrecht. Iris Rezende nega qualquer ajuda da empreiteira e afirma que comprou as fazendas antes das eleições e com dinheiro de herança do pai e dos serviços que prestou como advogado. “Não existe um item que possa colocar em dúvida minha honradez na política”, disse Iris Rezende, afirmando que não conhecia empresários na época e que só veio a contar com a ajuda de empreiteiras a partir das eleições para o Senado em 1994. Na campanha de 2014, a Odebrecht doou R$ 200 mil para sua campanha”.
Em nota enviada ao Diário de Goiás, Iris Rezende afirmou que estranhou a abordagem da revista Época a partir de documentos de mais de 30 décadas atrás e indicou que a publicação deveria atentar-se para nomes que apareceram em recentes listas divulgadas em delações premiadas sobre a Odebrecht. “Jamais, em tempo algum, tive meu nome envolvido em casos de corrupção”, disse ele.
Sobre o patrimônio e a compra das fazendas, Iris afirmou: “A propriedade rural citada na reportagem foi adquirida em 1982, portanto, antes de assumir o governo de Goiás, em 1983. Os recursos eram oriundos da venda de um frigorifico que pertencia ao meu pai, distribuído a mim e aos meus irmãos. Portanto, posso provar quantas vezes forem necessárias. E jamais possui fazenda em Cocalinho (MT), como cita equivocadamente a reportagem baseada apenas em registros de um órgão do regime militar”.
Nota de Iris Rezende à imprensa
Causou-me estranheza que neste momento de convulsão política diante dos inúmeros casos de corrupção desvendados pela Operação Lava Jato, a Revista Época tenha dedicado uma reportagem valendo-se apenas de ‘documentos’ de 30 anos atrás do Sistema Nacional de Informação (SNI), órgão da ditadura militar usado para vigiar políticos de oposição, para tentar atingir a mim (e a outros políticos) com informações equivocadas e absurdas.
Uma lista vazada da Operação Lava Jato recentemente alcançou mais de 300 políticos, citados como beneficiários de doações da Odebrecht. São eles quem devem explicações sobre doações ilegais ou possível recebimento de propina da empreiteira. A notória lista atingiu três políticos em Goiás. Essa é a pauta sobre a qual Época e outros veículos deveriam se debruçar.
Exerço cargos públicos desde 1959, quando fui eleito vereador em Goiânia. Nesses 57 anos fui também deputado estadual, comandei a prefeitura de Goiânia três vezes, fui governador duas vezes, senador da República e ministro da Agricultura e da Justiça. Jamais, em tempo algum, tive meu nome envolvido em casos de corrupção. Nunca fui citado em grampo telefônico, bilhete ou mesmo codinome em lista qualquer. Sempre exerci funções públicas com temor a Deus, zelo pela coisa pública e amor ao povo de Goiás.
Meu patrimônio é fruto do meu trabalho (do exercício da advocacia no período em que tive meus direitos políticos cassados pela ditadura) e parte de herança de meu pai. A propriedade rural citada na reportagem foi adquirida em 1982, portanto, antes de assumir o governo de Goiás, em 1983. Os recursos eram oriundos da venda de um frigorifico que pertencia ao meu pai, distribuído a mim e aos meus irmãos. Portanto, posso provar quantas vezes forem necessárias. E jamais possui fazenda em Cocalinho (MT), como cita equivocadamente a reportagem baseada apenas em registros de um órgão do regime militar.
É necessário ressaltar ainda que toda minha vida foi devassada pelo Ministério Público de Goiás, entre 1999 e 2004 – parte desse período sequer exercia cargo público. Durante seis anos, o MP investigou a evolução do meu patrimônio, com a quebra de meus sigilos bancário e fiscal. Ao final, o Ministério Público expediu um documento, de conhecimento público, atestando a lisura de minha conduta como homem público.
Lutei incansavelmente pelo restabelecimento da democracia no País. Defendo com ardor os valores democráticos, entre eles a liberdade de imprensa. Porém, me causa espanto e indignação que uma publicação nacional atenha-se a papeis do sombrio período da ditadura militar, no qual todos os direitos individuais foram sistematicamente atropelados e políticos de oposição perseguidos, para tentar manchar minha trajetória e me jogar nesse pântano onde encontra-se boa parte da política brasileira e, especialmente, de Goiás.
Iris Rezende Machado
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .