22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:39

Reforma de Marconi, só depois do relatório final da CPMI do Cachoeira

Marconi: reforma com decisões difíceis à espera do relatório da CPMI
Marconi: reforma com decisões difíceis à espera do relatório da CPMI

A reforma do secretariado do governador Marconi Perillo (PSDB) só vai deslanchar depois da divulgação relatório final da CPMI do Cachoeira.

Marconi está certo de que o relatório será duro com ele. Jogar as decisões para depois é uma forma de criar fatos positivos e deixar margem para, se der conta, recompor a administração segundo uma nova composição política que finalmente o fortaleça.

O relator, deputado Odair Cunha (PT), já afirmou que seu relatório está pronto. Ele quer, porém, debater o seu teor, antes da votação. Tudo terá de ser feito até o dia 22 de dezembro, quando termina o prazo da prorrogação da CPMI.

Com o novo tempo para mudar a equipe, Marconi ganha fôlego e uma justificativa – melhor: desculpa – para não ter de admitir o cerco formado em torno dele por aliados que brigam em grupos de poder no governo por mais espaços ou no mínimo para manter os que já têm

Leia mais aqui: Marconi: reforma empacada, guerra de grupos e agiotagem eleitoral

O governador vive refém das dívidas políticas e outras de campanha. Ele está sem força para fazer o governo como quer e com quem quer – esta é a opinião corrente entre assessores amigos seus, que não fazem questão nenhuma de esconder o clima beligerante em torno do Palácio das Esmeraldas.

Adiada a reforma, anunciado que ela estará condicionada ao relatório e com uma agenda positiva em andamento, Marconi entende que ganha tempo também para buscar uma forma de contornar o problema da guerra interna.

Na verdade, este é o seu maior problema – maior, inclusive, que o gerado pela CPMI, já que este está perto do fim, enquanto outro vem do início e está ainda no meio do caminho do terceiro mandato.

Sobre a agenda positiva em andamento, ela tem um objetivo definido: mais do que uma jogada de marketing para melhorar a imagem, será usada para o governador cobrar empenho e comprometimento da equipe.

Marconi quer fazer isso sem precisar entrar no mérito das ‘dívidas’, naturalmente diminuindo a pressão sobre seus ombros. Vai dizer, e tem dito, que o esforço para que o governo dê certo deve ser de todos, porque, se der errado, dará errado para todos, ou para os mais identificados com ele, pelo menos – eis o argumento.

Marconi Perillo, com os últimos passos, tenta uma coisa, mas reforça o que todos sabem: não tem certeza de nada, uma vez que tem mais inimigos no seu governo do que fora.

Este é o ponto. Em política, o fogo amigo normalmente é o que mata. O outro, é o necessário: o que justifica a barricada e a liderança. É do que tem se valido o tucano. Até agora.

Agora, em vez de ser explodido, Marconi teme mesmo é ser implodido.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).