09 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 03/08/2012 às 20:00

Quem sabe os casos Sodino e Iris sirvam para acordar a oposição em Goiás…

O jornal Estadão publicou reportagem afirmando que “relatório da Polícia Federal aponta um auxiliar do ex-governador Iris Rezende (PMDB-GO) como beneficiário de depósitos da organização do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira”. O auxiliar? Sodino Vieira.

 

Segundo o Estadão, o documento da PF diz que R$ 2 milhões teriam sido remetidos no início deste ano para Sodino, que foi coordenador-geral da campanha do peemedebista ao Governo de Goiás em 2010.

Ontem, Sodino falou sobre o assunto com a imprensa. E divulgou documento em que detalha o fato. Quem conhece Sodino sabe de sua seriedade. Quem conhece os bastidores da política goiana, sabe o que este caso envolve.

O mais sintomático é que Iris pode ir à CPMI, em Brasília, para explicar este e outros pontos em que é questionado. Bom para o governador Marconi Perillo, protagonista da mesma CPMI? Pode ser. Mas pode ser também não ser, já que Iris tem como ponto forte o que foi positivo para o governador na ida dele à Comissão: a oratória. Iris falar é um risco não só para ele, mas também para Marconi. Pode esquentar mais o que já está quente; pode acirrar mais os âniimos que já estão acirrados.

À parte esta discussão, os peemedebistas estão preocupados com outra coisa: Iris se restabelece de cirurgias. Não está ‘inteiro’. Ir a Brasília seria um esforço complicado para sua saúde. Nesse caso, aí, sim, seu desempenho seria uma incógnita.

Em todo caso, o bate-boca entre governo e oposição fica mais quente. Subiu definitivamente o tom. Por isso, quem sabe agora possamos ver mesmo uma separação entre situação e oposição em Goiás, com cada um assumindo seu papel, em vez do jogo de meias verdades verificado até agora? Governo e oposição debatendo é bom para o Estado; no mais. é prejuízo coletivo. Respeito mútuo é o mínimo que se espera. Porque um Estado com um governo fazendo o que quer e uma oposição medrosa, agachada, não é um Estado que nos orgulhe. Ao contrário.

Abaixo, na integra o texto em que Sodino apresenta seu lado da história mal contada pelo Estadão:

 

ESCLARECIMENTO PÚBLICO

Em relação à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada hoje, faço as seguintes observações:

  • Coloquei à venda um imóvel de minha propriedade e dos meus filhos. Fui procurado pelos corretores Adalberto e Santana no início de 2012. Os dois me apresentaram ao senhor Alex Antônio Trindade de Oliveira, interessado em comprar o imóvel – uma propriedade de 19 alqueires, em Santa Cruz de Goiás.
  • Fechei a venda do imóvel, com todas as benfeitorias e 300 rezes, por R$ 2,1 milhões. Do total, R$ 100 mil eram referentes a comissão dos corretores. Fiz o contrato de compra e venda e repassei os números das contas bancárias onde o pagamento deveria ser efetuado em moeda corrente (ver contrato).
  • Porém, a venda não foi concretizada. Os valores não foram depositados. Ou seja: continuo sendo o proprietário do imóvel, onde comercializo leite.
  • Fui coordenador da campanha de Iris Rezende ao governo de Goiás, em 2010. Também coordenei a campanha à reeleição de Iris à Prefeitura de Goiânia em 2008. Essas funções por mim exercidas nada têm a ver com minha vida particular e meus negócios.
  • Portanto, é leviano e gratuito tentar vincular meu nome e o do ex-governador Iris Rezende nas investigações da Operação Monte Carlo. Nada há contra mim. Nada há contra Iris – ao contrário do que ocorre com muitas autoridades públicas em Goiás.
  • Para que não fique nenhuma dúvida, deixo à disposição da CPMI no Congresso, da CPI na Assembleia Legislativa e do Ministério Público meus sigilos fiscal, telefônico e bancário.

Tenho 63 anos e um milito na vida pública há mais de 30 anos. Fui eleito vereador em Quirinópolis, no sudoeste do Estado, em 1976, e exerci mandato até 1982, quando fui eleito prefeito da cidade. Fiquei no cargo até 1988. Em 1990, fui eleito deputado estadual e dois anos depois fui novamente eleito prefeito de Quirinópolis.

Deixei a prefeitura de Quirinópolis em 1995 e assumi uma vaga de Conselheiro no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Fiquei na função até 1999, quando me aposentei.

Vivo da aposentadoria do TCM e da renda proporcionada pela comercialização de leite – justamente da propriedade em questão, que pertence a mim e aos meus filhos.

Sodino Vieira de Carvalho

 

 

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).