22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 17/07/2023 às 17:52

PT goiano nem chegou ao poder, nem consegue lançar pré-candidato na capital

A deputada federal Adriana Accorsi, Kátia Maria e Edward Madureira. (Foto: reprodução/Facebook)
A deputada federal Adriana Accorsi, Kátia Maria e Edward Madureira. (Foto: reprodução/Facebook)

O PT ainda não chegou ao poder em Goiás. E a indefinição do pré-candidato a prefeito de Goiânia ano que vem está mais uma disputa interna, embora sem estragos, do que para uma erupção de nomes e possibilidades. O partido não chegou ao ponto de ser tratado como perspectiva de poder na capital. Quando muito, indicaria o vice numa das alianças mais em conta no cenário atual.

Não chegou ao poder porque os principais cargos federais no estado não estão com a legenda. O bolsonarista senador Vanderlan Cardoso continua mandando na estratégica Codevasf. Ha uma explicação política: Lula precisa neste momento garantir votos no Congresso e garantir a governabilidade. Acomodar os petistas não é prioridade. Fato. Como é fato que isso tem baixado a bola de nomes que poderiam, por exemplo, estar trabalhando candidaturas viáveis em seus municípios.

Em Goiás o PT não tem vida fácil. Nem isso impediu o partido de eleger três prefeitos na capital. O primeiro deles, Darci Accorsi. Depois, Pedro Wilson e Paulo Garcia. Paulo Garcia entrou na chapa de Iris Rezende, que saiu no segundo mandato e foi cabo eleitoral essencial para a reeleição do petista. Pedro Wilson não foi reeleito. Perdeu para Iris. Darci saiu das bases, venceu disputa difícil e fez alianças criticadas na legenda, mas que depois foram repetidas nacionalmente por Lula.

O nome natural do PT em Goiânia é, vejam só, a filha de Darci, deputada federal e delegada Adriana Accorsi. Adriana fica no ser ou não ser. Quem quer ser e não esconde de ninguém é o ex-reitor da UFG Edward Madureira. Pelo sim, pelo não, pelo talvez de Adriana, Edward não pode se mexer, o que só complica a situação para quem não tem cargos federais fortes e não está negociando no varejo em Goiás, já que a prerrogativa é de Brasília.

Os bolsonaristas estão deitando e rolando, enquanto isso. Vanderlan está entre os favoritos na capital, assim como Gustavo Gayer e o prefeito Rogério Cruz. E o MDB, velho aliado, tem bons nomes para colocar em campo, e o principal, Ana Paula Rezende, filha de Iris, que conta com apoio explícito e entusiasmado do governador Ronaldo Caiado, inimigo histórico do petismo. Qual desses quer o PT pelo menos como vice? Nenhum, pelo menos por enquanto.

Por enquanto há poucas opções também para os petistas em caso de aliança para compor a chapa e aumentar o tempo de TV. No interior, menos espaço há para a legenda lançar candidatos. Nem em Anápolis, que já governou com o deputado estadual Antônio Gomide, novamente favorito. Gomide tem tudo para ganhar. Mas não será candidato de si mesmo. Sabe que os tempos são outros e que a prioridade é exatamente a governabilidade do país.

O PT sempre foi elogiado por ser um partido sólido, apesar das muitas divisões internas. Não mudou em termos de grupos internos. Mas parece ter perdido a embocadura para se colocar de pé para o ano que vem. A nomeação de Pedro Wilson para o Iphan não entusiasmou. Pedro é um gigante moral da política. Mas não tem mais o estímulo quase unânime do PT para entrar na disputa. Nem para ser cabo eleitoral, é a visão interna.

Os petistas sonham, mas a realidade quando acordam tem sido dura. Adversária antes dos adversários. O grande PT goiano e goianiense ainda não deu as caras.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).