07 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 07/05/2019 às 11:45

PSDB elege Darrot, mas é Marconi que pode ressuscitar o partido em Goiás

Marconi e Darrot; Qual o futuro do PSDB? (Foto Divulgação)
Marconi e Darrot; Qual o futuro do PSDB? (Foto Divulgação)

A eleição do prefeito Jânio Darrot para a presidência do diretório estadual do PSDB cumpriu o rito burocrático de renovar a direção da legenda. O partido mostrou que está vivo, mas respira por aparelhos.

Darrot é um “ficha limpa” e isto é importante para o PSDB, diante das acusações que pairam sobre as principais lideranças da sigla, entre elas os ex-governadores Marconi Perillo e José Eliton. Jânio Darrot é bom. Mas ainda é pouco.

Partidos se fortalecem diante da expectativa de poder que suas lideranças inspiram. Jânio Darrot já foi reeleito, e tem pela frente as questões paroquiais: eleger o sucessor ou apoiar um nome de outro partido que represente o seu grupo político. Por melhor que esteja sua administração, Jânio Darrot ainda não tem envergadura para a disputa da sucessão estadual. No PSDB só há um nome com este perfil, o de Marconi Perillo.

Em 2002, depois da segunda derrota  para Marconi Perillo parecia que o PMDB tinha acabado. Foi, aliás, uma derrota dupla: Maguito Vilela perdeu a eleição para governador e o senador Iris Rezende, a reeleição ao Senado. Os dois principais líderes do partido abatidos em pleno vôo pelos tucanos. Na pré-campanha, ambos lideraram. Na boca da urna o resultado foi outro.

Iris tinha tudo para pendurar as chuteiras. Estava com 69 anos, e havia sido tudo na política: vereador, deputado estadual, prefeito de Goiânia, governador por dois mandatos, ministro duas vezes (Agricultura e Justiça) e senador. Podia, mas não o fez.

Quinze dias depois do insucesso eleitoral, entrevistei Iris Rezende, que foi à redação do Diário da Manhã para conversar com o compadre e amigo, Batista Custódio, fundador e editor-geral do DM. Disse naquela entrevista que havia aprendido mais com as derrotas do que com os sucessos eleitorais, e que dedicaria o seu tempo, a partir de janeiro de 2003 à reconstrução do PMDB no Estado. De fato, Iris assumiu a presidência do diretório estadual da legenda e cuidou de mobilizar o partido no interior e na capital, pavimentando as bases para o seu retorno ao Executivo com a eleição para prefeito de Goiânia em 2004, de onde seria reeleito em 2008 e retornaria em 2016.

Lula está preso em Curitiba-PR, num processo questionado por juristas do mundo inteiro pela falta de provas. O ex-presidente foi condenado por “fatos indeterminados”, figura jurídica que inexiste no Código Penal Brasileiro. E mesmo detido, Lula continua sendo o presidente de honra do PT, partido que ajudou a fundar em feveiro de 1980, numa assembleia realizada no Colégio Sion em São Paulo, que contou com a presença do então senador Henrique Santillo (MDB), que figurou como um dos fundadores da sigla, ao lado de outros nomes ilustres como o cientista politico Florestan Fernandes, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda e o herói das resistências espanhola e francesa, Apolônio de Carvalho.  

Sem Marconi o PSDB é uma sigla acéfala. Sem perspectivas de poder. Com ele, é um partido que incomoda, um adversário a ser batido.

Ulysses Guimarães dizia que partido é como time de futebol. “Time que não disputa não tem torcida e não ganha campeonato”, ensinava. 

O PSDB tem camisa, mas se não escalar o jogador principal, não tem time competitivo. Corre o risco de fazer como uma das mais tradicionais equipes de futebol do Brasil, o Santa Cruz, que num momento de sua história caiu da série A para a B, depois para C e finalmente para a D, não sem antes perder o seu estádio e ser quase riscado do mapa do futebol pernambucano e brasileiro.

Quem quer ganhar campeonato escala o time principal. Deixar na reserva quem sabe fazer gol é dar a taça para o adversário.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .