28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 24/08/2017 às 14:49

Projeto de Estado nacional: feio é perder a eleição

Não há um projeto de Brasil no Brasil. O projeto é a corrida eleitoral. Eleições 2018. Quem pode, pode; quem não pode, que desocupe o poder. Guerra é guerra. Um contra todos e todos contra um. Salve-se quem puder. Em nome das urnas! Amém.

Para isso, vale privatizar, privatizar, privatizar para fazer caixa. Vale vender o voto para conseguir liberação de recursos para emendas – as bases agradecem. Vale falar uma coisa e fazer outra, porque moralidade é uma no palanque, e outra, na realidade. Necessariamente não se misturam.

Michel Temer é o presidente do pragmatismo estabelecido. O exemplo para governadores, senadores, deputados, prefeitos, vereadores. A representação da verdade como ela é. Essa coisa de ter sido ou não eleito é um detalhe, como o povo é um detalhe nas decisões de governo.

Governo governa, e quem manda, faz-se obedecer. O jogo é pra valer. Não há inocentes, a não ser os inocentes úteis de sempre. Tudo e todos valem quanto pesam na consciência, quando há. Povo e governo é ele por ele, elas por elas.

Não há razão para a revolta. Tudo está às claras. Inclusive as motivações pessoais de quem foi contra ou a favor do impeachment. Pode não ficar claro para os outros, mas para si mesmo a hipocrisia é uma piada.

O Brasil amadurece no compasso de um Congresso que vota com horizonte definido: outubro do ano que vem. A reforma política em apreciação é uma reforma pró-forma, porque na prática vai aprovar o dito pelo não dito: quem está, fica; quem não está, não está. É a reforma da sobrevivência, custe o que custar. Feio é perder.

Difícil escrever sobre política depois do golpe. Logo vem outro, é um atrás do outro, produção em escala nacional. E não há novidade. Mais do mesmo. Dos mesmos. Mais coisas impublicáveis – a não ser… A luta continua.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).