19 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 04/10/2014 às 07:14

Primeiro palácio de Goiânia está em ruínas

 

Ao passar pela Rua 24 no Centro de Goiânia, seja a pé ou até mesmo de carro, no trecho entre a Rua 3 e a Avenida Anhanguera, há um estacionamento abandonado.

 

Ao olhar para este local, é possível observar um grande terreno baldio. Na frente do lugar há um barracão. Próximo a esta pequena construção, há também uma velha árvore, feia, com a madeira podre, praticamente morta. Ao lado dela, apenas um bloco de pedra.

 

O espaço não apresenta nenhum glamour, pelo contrário, o retrato é de abandono.

 

Do lado de fora, o cenário é desagradável.  A calçada é bem apertada, praticamente toda quebrada. Na rua, ficam alguns lavadores de carro. Alguns ficam pressionando motoristas a deixarem seus carros ali para que sejam lavados.

 

Os estabelecimentos comerciais não são nada belos, apesar de ter valor histórico, já que vários proprietários estão ali há décadas. O ramo escolhido: conserto de equipamentos eletrônicos.

 

É neste cenário que está localizado o primeiro palácio de Goiânia. Isso mesmo. Lembra-se da tal árvore velha, descuidada e feia? Pois é! A própria já foi um palácio.

 

Antes da conclusão do Palácio das Esmeraldas, a então frondosa e bela Moreira, nas proximidades de dois casarões que abrigaram engenheiros e escritórios dos engenheiros e urbanistas que construíam Goiânia servia de ponto de despacho de Pedro Ludovico Teixeira.

 

O interventor, quando vinha ao canteiro de obras, realizava embaixo da árvore alguns atos adminsitrativos.

Lembra-se do tal bloco de pedra? Até meados do ano 2009 nele estava afixado uma placa com os seguintes dizeres: “Primeiro Palácio de Goiânia. Pedro Ludovico Teixeira, fundador de Goiânia, em 1933 acampou com seus auxiliares à sombra desta árvore, aqui exarando os primeiros despachos. À memória de Pedro Ludovico, a homenagem do povo goiano”.

 

Infelizmente nada disso foi preservado. Parte da nossa história está morrendo com aquela árvore.

 

De um lado, não nos preocupamos em preservar parte das nossas origens. Pontos de partida para a grande Goiânia que conhecemos.

 

De outro, há a omissão do poder público municipal e estadual que nada fizeram para ajudar a preservar esta história, no mínimo inusitada. Uma árvore servir de palácio.

 

Ao longo destes quase 81 anos, principalmente nos últimos uma desculpa imperou. Que se trata de um espaço privado.

 

Verdade! Mas faltou Estado e Prefeitura elaborarem uma política pública para preservação do Centro Histórico da capital.

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Além da Moreira, há diversos casarões abandonados, alguns prestes a ser demolidos. Outros já foram.

 

No curso deste mês, irei apresentar detalhes do processo de “desmemorização” de Goiânia e a falta de vontade do poder público em mudar este quadro. Paliativos não vão resolver a questão.

 

O que teremos a contar para nossos filhos e netos? Que os representantes da nossa época não preocuparam em preservar o passado. Será este o legado a ser deixado? Ainda há tempo para corrigir este mal.

Aqui não faço críticas a grupos políticos. Mas sim como especialista em História Cultural, questiono o esquecimento de nossas autoridades.

Alguns gostam de dizer que há desinformação. Pode até haver e se há também é responsabiliade do poder público, discutir projetos com a população da cidade. Projetos paliativos de ocupar o centro de Goiânia, não será possível sem antes recuperar e preservar a história.

Na próxima semana, apresentarei o descaso na Estação Ferroviária de Goiânia. O fato é que hoje nossa história está em ruínas, assim como nosso primeiro palácio.