Para todos aqueles que gostam de saber logo o final da história, a política é um tédio sem fim. Para todos que gostam de política por demais, a história não muda: do início ao fim, o filme é sempre o mesmo.
Nestes tempos de Bolsonaro como o antipolítico por excelência, odiar a política virou moda – por mais hipócrita que isso seja, já que Bolsonaro há décadas é político eleito e reeleito dentro do jogo jogado, ou seja, é exatamente o tipo de político que condena em público e aos gritos: o do fundão da sala, aquele que está dentro com comportamento de quem está fora.
Eterno retorno. A antipolítica é a política da vez. Repete o figurino que renega no discurso. Nada mais típico do velho marketing de guerra das eleições: falar uma coisa e fazer outra. Funciona. Sempre funcionou.
Para aqueles que acreditam no contrário, que Bolsonaro é o bem – nada do que está aí -, acreditando que o que está aí é o mal na Terra, o diagnóstico mostra-se bem conhecido: ou são iludidos, ou são outra coisa que é melhor nem nomear.
Sofrem os que são contra e os que são a favor de Bolsonaro. De raiva, de compaixão, de falta de nexo para a realidade que enxergam. Sofrem por convicção. Convicção como doença, ou como ato de fé. Nem toda fé salva. Nem todo mau nega sua salvação.
A confusão dos fatos se estende para a mente. Política é assim. Em outro sentido, claro.
Bitolados e baratinados, o que vemos é isto: coices.
As pessoas estão dando coices umas nas outras. A bem da verdade: isso não é política. Os políticos estão na vitrine. Você está olhando para o espelho.
Questão de foco.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).