Hoje lideranças do PMDB se reuniram em Goiânia para tratar do futuro da legenda. Trataram também do futuro do PT, representado no evento, do PSB, do PRP etc. etc. – a chamada oposição.
O PMDB é o tipo de partido que tem muito passado e precisa mostrar que tem futuro.
Não foi um evento de casa cheia. Foi casa selecionada.
Os discursos apontaram numa mesma direção: unidade interna, parceria sólida com o PT e foco na eleição de 2014.
O discurso de Iris Rezende foi duro com os adesistas e firme o suficiente para dar segurança ao partido de que há bom senso entre os líderes para ver o óbvio: brigando entre si, agindo de forma amadora, a chance de perder mais uma vez é superlativa.
Palavra de ordem de Iris é que a unidade dos oposicionistas em Goiás é ponto de honra e estratégico.
Fez a ponderação que afasta intrigas neste momento: a hora agora nem é de convergir para nome de candidato, e sim de estimular o diálogo partidário e o surgimento de lideranças dispostas inclusive a disputar o governo.
A conversa para unir começa no ano que vem, e será ampla. Palavra de Iris.
Sintomaticamente, estava no encontro do PMDB o prefeito reeleito de Goiânia, Paulo Garcia (PT).
Paulo rasgou elogios a Iris – de novo. “Se hoje sou prefeito, devo a Iris Rezende.”
Paulo disse também: “Essa liderança (Iris) é uma liderança que todo partido tem orgulho, forjada na luta.”
Mais: “Temos de ter orgulho de Iris.” E ainda: “Eu, que sou do PT, tenho muito orgulho de ser liderado por Iris Rezende.”
Ou seja: Paulo fez um discurso para Iris, e também para o PMDB. Elogiou quem mais ter força no partido, e mostrou lealdade a um partido escaldado com lideranças próprias que, ao menos piscar de olhos do governador Marconi Perillo (PSDB), mudaram de lado.
Iris é um provável candidato a governador. Tem resistências? Tem, no PMDB por exemplo.
Paulo é um dos prováveis nomes do PT para o governo. Tem resistências? Só no PMDB.
Paulo e Iris, como mostrou análise aqui no Diário de Goiás, formam uma parceria de sucesso para 2014. E o que aconteceu no encontro foi o reforço dessa parceria.
Um dos dois pode ser candidato. Se nenhum deles for, ambos terão peso decisivo para a definição do nome.
Paulo Garcia deu ainda a senha aos prefeitos eleitos ou reeleitos em outubro, do que deve ser fundamental para a avaliação de todos os partidos que sonham com a unidade e até com ter um nome seu liderando o grupo:
“Precisamos realizar belíssimas administrações para que os companheiros que vão nos representar em 2014 tenham nossas administrações como vitrine.”
O recado de Paulo: uma coisa é esperar que as cúpulas partidárias construam a unidade, outra é achar que ela ocorrerá só por ação deles. Uma unidade vai além disso: se sustenta no desejo de todos e na ação conjunta, com cada um fazendo bem a sua parte.
O encontro desta terça mostra mais isso: o PMDB está vivo. É muito, depois de tantas mortes anunciadas e derrotas acumuladas.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).