Há peemedebistas incomodados com a relação administrativa entre o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). E, muito. Pela ótica deles, a relação entre as duas esferas, que fica no campo institucional, tem componentes políticos. O caso do reajuste de 16,07% na tarifa da SANEAGO fez impulsionar a insatisfação peemedebista.
Na sede do Ministério Público, onde foram levar representação contra o reajuste, a expressão do vice prefeito de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB), e dos deputados Bruno Peixoto e José Nelto, era de surpresa em relação ao início das negociações entre Prefeitura de Goiânia e Governo de Goiás para a participação da gestão da capital nos conselhos de administração e de fiscalização da SANEAGO. O fato levaria à renovação da concessão da prefeitura para a capital que está vencida desde 2007.
Tudo que vai fazer numa gestão, um prefeito ou governador deve prestar contas aos aliados? E se contrariar interesses, mesmo assim deve avisar com antecedência? Agir assim não seria um sinal de fraqueza? E se avisasse, e o assunto não ficasse sob sigilo, qual seria o resultado?
A iniciativa de Paulo Garcia e de Marconi Perillo foi correta. O governador tem que ceder, pois, se não fizesse assim, a renovação da concessão estaria sob ameaça e o futuro da SANEAGO também. Seria uma tragédia que o governo do Estado perdesse a empresa numa demanda assim. Por outro lado, para o prefeito Paulo Garcia, municipalizar a água, ou romper com a concessão definitivamente, levaria a uma crise sem precedentes. Ou seja, seria criado um ambiente nada favorável ao prefeito e à sua gestão.
Entre uma possível crise que levaria a empresa a uma situação de alta instabilidade, os dois preferiram a negociação, pois é o melhor para todos os lados. Menos para os peemedebistas insatisfeitos. Ou, no caso, traídos por que não foram avisados com antecedência.
O leitor não estranhe se este fato alimentar um distanciamento maior e amplifique a fissura da aliança entre petistas e peemedebistas na capital. Quanto maior a crise, menores as possibilidades de manutenção do relacionamento entre PT e PMDB para a eleição de 2016, na capital.
Por outro lado, foi curioso perceber uma frase dita pelo novo presidente do diretório metropolitano do PSDB, Rafael Lousa, quando tomou posse: “O prefeito foi eleito e abandonado” (Veja o vídeo a partir de 01h21’00”). Num pedido de explicação, ele reforçou que enxerga que o PMDB (Referindo-se a Iris Rezende) abandonou o prefeito Paulo Garcia. E enfatizou: Paulo não é o alvo. O prefeito não é candidato à reeleição. O alvo peessedebista é o ex-prefeito de Goiânia.
Em síntese: os peessedebistas sabem que quanto mais os peemedebistas mantiverem a disputa com o PT, melhor. Os peemedebistas insatisfeitos miram no governo de Paulo Garcia para criticar o relacionamento com o governo Marconi e agradam ao chefe do Executivo estadual. Nas duas últimas semanas, ponto para Garcia e Perillo: acertaram. Apesar das críticas, somaram em republicanismo.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .