23 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 20/04/2019 às 13:33

Peste suína na China deve estimular pecuária brasileira, mas preocupa sojicultores

Criação de porcos no Brasil (foto Abes ES, divulgação)
Criação de porcos no Brasil (foto Abes ES, divulgação)

Na China este é o Ano do Porco, que teve início, segundo o horóscopo chinês,  no dia 5 de fevereiro. Mas 2019 não está sendo bom para os suinocultores chineses. O país, que tem o maior rebanho de porcos do mundo, com 700 milhões de cabeças, deve sacrificar 20% deste rebanho (140 milhões) para combater a Peste Suína Africana (PSA) que desde 2018 afeta aquele país.

A peste na China domina os debates do agronegócio brasileiro. Na quarta-feira, 17/04, a direção da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) se reuniu em Brasília para discutir este tema e também a questão da febre aftosa.  Na última terça-feira (16/04), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), também se debruçou sobre esta crise sanitária. As duas entidades entendem que o Brasil deve ampliar as medidas de proteção à saúde do rebanho nacional, e se preparar para colher dividendos com o possível aumento das exportações ao mercado da China e de Hong-Kong.

Soja

Mas se para a pecuária a peste suína na China pode alavancar os negócios, para o setor da soja, há o temor de uma possível queda no preço do produto. De acordo matéria veiculada no Valor Econômico, especialistas orientam que o momento é de venda do produto. Para o analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, no segundo semestre os preços serão menores.  “Com baixa na demanda chinesa, lucro ao redor de 9,32% não é garantido no 2º semestre. “Nossa recomendação é a mesma que já vínhamos alertando há várias semanas: vender nos preços atuais, que ainda proporcionam algum lucro. Porque a perspectiva é negativa para o segundo semestre”, alerta.

LEIA TAMBÉM: Documento da CIA sobre a soja brasileira mostra que agronegócio deve chamar Bolsonaro “na regulagem”

Na Bolsa de Chicago, a avaliação é de que os chineses reduzam em no mínimo 10% a compra de farelo de soja neste ano.  Segundo estimativa do Vertical Group, de Nova York,  a China deveria importar 88 MT nesta temporada. “Se cair 10%, irá para 79,2 MT, o que aumentaria os estoques mundiais, que já são os mais altos dos últimos 3 anos: 115,97 MT. De qualquer forma, a China não mais irá comprar aqueles milhões de toneladas que os americanos querem (e precisam), para reduzir os seus estoques”, adverte.

Ainda segundo estimativa do Vertical Group, o abate forçado de milhões de animais na China vai reduzir a demanda por farelo de soja em algo entre 5% e 10%, e uma recuperação não deve acontecer antes do fim de 2019. Porém, um possível aumento da produção de suínos nos EUA, na Europa e no Brasil para atender à demanda chinesa pode estimular a procura pelo ingrediente de ração animal.

Para o sojicultor goiano fica a dica: a hora de vender com melhor preço é agora. A tendência é de queda no valor do produto no segundo semestre, e a recuperação deve ocorrer somente em 2020, quando a demanda por farelo de soja, para recompor o estoque de suínos na China, pode ajudar a estabilizar o viés de queda nos preços.

 Mercado da carne 

O Rabobank é um banco holandês voltado para o agronegócio. Ele surgiu da união de duas cooperativas de crédito holandesas. Um de seus representantes no Brasil,  Adolfo Fontes, disse em entrevista à Revista Gobo Rural que estima que o principal efeito da peste suína africana nas exportações para a China ainda está por vir. Ele afirma que o gigante asiático ainda precisará importar carne suína, mas também a bovina e de frango. “É um país que produz metade da carne suína do mundo e ainda importa o produto, então é muito importante”, explica.

Segundo Fontes, o efeito nas exportações brasileiras ainda não foi tão sentido porque a China tem um grande estoque do produto, que ainda está sendo “queimado”. Além disso, o país enviou uma grande quantidade de animais para abate como forma de prevenir uma epidemia maior da peste, o que fez com que, no curto prazo, a produção do país aumentasse.

As exportações do Brasil e de outros países, no entanto, devem aumentar a partir de maio, estima ele, tanto para carne a carne suína quanto para outros tipos de carne. “Isso vai corroborar com nosso cenário de preços mais firmes aqui no Brasil este ano”, diz Fontes.

CNA discute crise chinesa

Na CNA, a  assessora técnica da Comissão Nacional de Aves e Suínos, Ana Lígia Lenat, fez um relato sobre a situação da Peste Suína Clássica, no País em razão do surgimento de focos no Ceará e no Piauí no ano passado. “É necessário que os sistemas de vigilância sanitária permaneçam atentos para evitar novos focos”, explicou Ana Lígia. 

Ela traçou também um panorama mundial atualizado da Peste Suína Africana, que está com afeta a  China e tem focos na Bélgica e no Leste Europeu“Isso pode abrir uma oportunidade para o Brasil para exportar mais carne de frango e para aumentar as vendas de carne suína”.

ABPA defende prevenção

De acordo com matéria veiculada pela revista Dinheiro Rural, representantes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) receberam na última terça-feira (16/04), o diretor do Departamento de Saúde Animal e Insumos Pecuários do Ministério da Agricultura, Geraldo Marcos de Moraes, em reunião conjunta das Câmaras de Sanidade e de Genética Avícola, realizada em São Paulo (SP), para debater estratégias de prevenção à peste suína africana (PSA).

“Foram estabelecidos alinhamentos para a realização de treinamentos em conjunto com membros da iniciativa privada e do setor público, a criação de um grupo de trabalho de avaliação de riscos de PSA, entre outros”, diz a ABPA em nota. As ações de erradicação da peste suína clássica (PSC) de Estados brasileiros que não estão na área livre da enfermidade pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) também estiveram em pauta.

De acordo com a publicação, recentemente, a ABPA criou o Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana (Gepesa), que contará com a participação de representações regionais do setor produtivo e órgãos de pesquisa atuantes na suinocultura nacional. O grupo avaliará estratégias adotadas internamente e analisará erros e acertos cometidos por países que enfrentaram o problema, sob a perspectiva de atuação do setor privado.

Na China este é o Ano do Porco, que teve início, segundo o horóscopo chinês no dia 5 de fevereiro. Mas 2019 não está sendo bom para os suinocultores chineses. O país, que tem o maior rebanho de porcos do mundo, com 700 milhões de cabeças, deve sacrificar 20% deste rebanho (140 milhões) para combater a Peste Suína Africana (PSA) que desde 2018 afeta aquele país.

A peste na China domina os debates do agronegócio brasileiro. Ontem (quarta-feira, 17/04), a direção da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) se reuniu em Brasíia para discutir este tema e também a questão da aftosa.  Na última terça-feira, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), também se debruçou sobre esta crise sanitária. As duas entidades entendem que o Brasil deve ampliar as medidas de proteção à saúde do rebanho nacional, e se preparar para colher dividendos com o possível aumento das exportações ao mercado chinês.

Preocupação com preço da soja

Mas se para a pecuária a peste suína na China pode alavancar os negócios, para o setor da soja, há o temor de uma possível queda no preço do produto. De acordo matéria veiculada no Valor Econômico, especialistas orientam que o momento é de venda do produto. Analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, ele acredita que no segundo semestre os preços serão menos.  “Com baixa na demanda chinesa, lucro ao redor de 9,32% não é garantido no 2º semestre. “Nossa recomendação é a mesma que já vínhamos alertando há várias semanas: vender nos preços atuais, que ainda proporcionam algum lucro. Porque a perspectiva é negativa para o segundo semestre”. 

Na Bolsa de Chicago, a avaliação é de que os chineses reduzam em 10% a compra de farelo de soja neste ano.  Segundo estimativa do Vertical Group, de Nova York,  a China deveria importar 88 MT nesta temporada. “Se cair 10%, irá para 79,2 MT, o que aumentaria os estoques mundiais, que já são os mais altos dos últimos 3 anos: 115,97 MT. De qualquer forma, a China não mais irá comprar aqueles milhões de toneladas que os americanos querem (e precisam), para reduzir os seus estoques”, alerta.

Ainda segundo estimativa do Vertical Group, o abate forçado de milhões de animais na China vai reduzir a demanda por farelo de soja em algo entre 5% e 10%, e uma recuperação não deve acontecer antes do fim de 2019. Porém, um possível aumento da produção de suínos nos EUA, na Europa e no Brasil para atender à demanda chinesa pode estimular a procura pelo ingrediente de ração animal.

Para o sojicultor goiano fica a dica: a hora de vender com melhor preço é agora. A tendência é de queda no valor do produto no segundo semestre, e a recuperação deve ocorrer sometne em 2020, quando a demanda por farelo de soja, para recompor o estoque de suinos na China, pode ajudar a estabilizar o viés de queda nos preços.

Mercado de carne 

O Rabobank é um banco holandês voltado para o agronegócio. Ele surgiu da nião de duas cooperativas de crédito holandesas. Um de seus representantes no Brasil,  Adolfo Fontes, disse em entrevista à Revista Gobo Rural que estima que o principal efeito da peste suína africana nas exportações para a China ainda está por vir. Ele afirma que o gigante asiático ainda precisará importar carne suína, mas também a bovina e de frango. “É um país que produz metade da carne suína do mundo e ainda importa o produto, então é muito importante”, explicou.

Segundo Fontes, o efeito nas exportações brasileiras ainda não foi tão sentido porque a China tem um grande estoque do produto, que ainda está sendo “queimado”. Além disso, o país enviou uma grande quantidade de animais para abate como forma de prevenir uma epidemia maior da peste, o que fez com que, no curto prazo, a produção do país aumentasse.

As exportações do Brasil e de outros países, no entanto, devem aumentar a partir de maio, estima ele, tanto para carne a carne suína quanto para outros tipos de carne. “Isso vai corroborar com nosso cenário de preços mais firmes aqui no Brasil este ano”, diz Fontes.

CNA discute crise chinesa

Na CNA, a  assessora técnica da Comissão Nacional de Aves e Suínos, Ana Lígia Lenat, fez um relato sobre a situação da Peste Suína Clássica, no País em razão do surgimento de focos no Ceará e no Piauí no ano passado. “É necessário que os sistemas de vigilância sanitária permaneçam atentos para evitar novos focos”, explicou Ana Lígia. 

Ela traçou também um panorama mundial atualizado da Peste Suína Africana, que está com afeta a  China e tem focos na Bélgica e no Leste Europeu. “Isso pode abrir uma oportunidade para o Brasil para exportar mais carne de frango e para aumentar as vendas de carne suína”.

ABPA defende prevenção

De acordo com matéria veiculada pela revista Dinheiro Rural, representantes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) receberam na última terça-feira (16/04), o diretor do Departamento de Saúde Animal e Insumos Pecuários do Ministério da Agricultura, Geraldo Marcos de Moraes, em reunião conjunta das Câmaras de Sanidade e de Genética Avícola, realizada em São Paulo (SP), para debater estratégias de prevenção à peste suína africana (PSA).

“Foram estabelecidos alinhamentos para a realização de treinamentos em conjunto com membros da iniciativa privada e do setor público, a criação de um grupo de trabalho de avaliação de riscos de PSA, entre outros”, diz a ABPA em nota. As ações de erradicação da peste suína clássica (PSC) de Estados brasileiros que não estão na área livre da enfermidade pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) também estiveram em pauta.

De acordo com a publicação, recentemente, a ABPA criou o Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana (Gepesa), que contará com a participação de representações regionais do setor produtivo e órgãos de pesquisa atuantes na suinocultura nacional. O grupo avaliará estratégias adotadas internamente e analisará erros e acertos cometidos por países que enfrentaram o problema, sob a perspectiva de atuação do setor privado.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .