Pesquisas de intenção de voto, as quanti, neste momento, a 14 meses da eleição, fazem muito barulho mas dizem pouco. Quem é mais conhecido, disputou eleições recentes, tendem a aparecer com índices maiores. Se não estão bons é porque algo vai mal – ou a pesquisa foi malfeita ou seu posicionamento político está fora do eixo. Porém mesmo para este, assim como para todos os outros, nada há que não possa ser melhorado – ou piorado.
Pesquisas Quali desenham com mais objetividade o cenário. E ajudam a traçar estratégias mais competentes. Elas entram em detalhes que a simples pergunta em quem você vai votar, ou outra, em quem não votaria de jeito nenhum, não obtém as respostas necessárias. De que adianta saber quem está na frente agora se o rumo que está tomando é o sul, quando deveria ser o norte? Faz toda diferença errar no rumo e errar o rumo. Errar o rumo é acertar a direção do precipício.
Nas duas, vale a leitura dos dados. Leitura errada, caminho errado. Leitura certa, chance ampliada de vitória. Elementar. Aí entra o marqueteiro, o estrategista, a equipe para analisar tudo, mais o ambiente político de possíveis alianças para que as coisas andem corretamente. Não foi capricho de Ronaldo Caiado buscar o MDB na eleição passada. Com Daniel Vilela vice, ele minou a maior trincheira de oposição, que poderia lançar candidato, e praticamente sacramentou a vitória por antecipação. Conseguiu feito histórico: eleito e reeleito no primeiro turno.
E sabem qual o maior adversário para este tipo de ação, que aponta para profissionalismo? (Aponta, porque tem o depois: o candidato querer ser o próprio pesquisador e marqueteiro, fazendo do seu jeito, comumente o jeito errado). Enfim, o maior adversário nesta direção de pré-campanha e campanha é a vaidade. O que tem de político que prefere ver seu nome liderando ou entre os primeiros numa pesquisa em vez de aceitar a verdade e ouvir os assessores que contrata, não está no guia eleitoral.
Pesquisa de intenção de voto os políticos usam mais, nesta altura da pré-campanha, para mostrar força, viabilidade, que está no jogo. Uma ilusão de ótica mais para costurar alianças do que para encantar eleitor. Pesquisa de intenção de voto agora é bom também para os veículos. Eles alimentam o imaginário, mantêm o circo armado, ganham tempo. E participam do processo do seu jeito, interferindo diretamente nas costuras e articulações com a fumaça que produzem. Jogo sendo jogado, e não retrato da realidade como ela será.
Porque, olha que coisa impressionante, todos sabem como a máquina funciona, mas ninguém muda a chave. Assim é depois das convenções, o que importa é o produto das ações e articulações que hoje estão em curso sem que uma alma viva possa cravar o que vai acontecer lá na frente. Análise e estratégia não são favas contadas. São artes que explicam o voo de um carro. Ou ele salta e se esborracha ou cria asas e vai.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).