26 de agosto de 2024
Publicado em

Paulo Rogério Pinheiro explica superavit do Goiás e diz se faria algo de diferente em sua gestão

Presidente Paulo Rogério Pinheiro - Goiás EC (Foto - Diário de Goiás)
Presidente Paulo Rogério Pinheiro - Goiás EC (Foto - Diário de Goiás)

O Goiás Esporte Clube apresentou um superavit histórico na última temporada. Foram R$ 124 milhões de reais ao final de 2023. O último ano da gestão de Paulo Rogério Pinheiro na Serrinha. Fiquei curioso em relação ao resultado e fui atrás do ex-presidente esmeraldino que me atendeu para uma entrevista.

Enviei quatro questionamentos e Paulo Rogério Pinheiro aceitou enviar respostas e fez um pedido. Não queria falar sobre o atual momento do Goiás, mas sim a respeito de sua gestão e o projeto de ampliação do Estádio Hailé Pinheiro – um dos seus objetivos de vida e que também foi um compromisso com o seu pai.

O dirigente alviverde acredito que se junta a outras várias pessoas que estiveram no futebol e que não possuem o desejo de voltar. É desgastante, exige tempo e sacrifício aos afazeres particulares e profissionais.

Nas perguntas que realizei, Paulo Rogério Pinheiro destacou os números finais da sua administração no Goiás. Revelou o pagamento de quase 100 ações trabalhistas. Disse que o futebol dá lucro: “Desde que seja tratado de forma correta, honesta e sem vaidades”.

O ex-presidente também afirmou que vendeu apenas um atleta em seu último ano no clube: “Se eu fosse um interesseiro, vaidoso, poderia ter vendido alguns atletas em dezembro/2023”, explicou Paulo Rogério que também respondeu se faria algo de diferente no Goiás em sua passagem como gestor principal da agremiação.

Entrevista

Como o senhor avalia o superavit de 124 milhões referente ao final da gestão 2023?

Feliz, pelo número, mas avaliar apenas o superavit é ser muito simplório, temos que ver outros itens importantes dentro do balanço, como exemplos cito uma receita de quase 200 milhões e se comparando com 2021 quando assumi que foi de 42 milhões um aumento de 342%, ai olhamos despesas e conseguimos manter a mesma “enxugada” de 2021, com aumentos apenas no futebol (devido ao incremento de receita) e nas contingências jurídicas e tributárias devido as diversas ações na justiça de outras gestões que estão prestes a serem julgadas em definitivo como por exemplo uma ação de 1998 do CARF que está em mais de R$ 20 milhões de reais que estava largado no clube e nem era contabilizado nas gestões passadas e hoje foi lançado como manda as normas contabeis.

Dividas tributárias novas de gestões passadas também, que são as ações da Prefeitura de Goiania, que também não estavam provisionadas em balanços passados e hoje foram provisionadas mas que não preocupa tanto pois já está tudo acertado esperando apenas a regulamentação por parte da prefeitura e Câmara dos Vereadores

Aí analisando mais um pouco o balanço tivemos aumento de receita em patrocínio, sócio torcedor, publicidade, etc. Mas o mais importante talvez não esteja em um balanço contabil que é a significativa redução em ações judiciais, de quase 100 ações hoje restam menos de 20 e apenas 4 trabalhistas de valores baixos. Futebol dá lucro desde que seja tratado de forma correta, honesta e sem vaidades.

No quesito venda de atletas: 4 milhões são referentes a negociações de quais jogadores?

Isso é um item interessante em meu balanço 2023, vendemos apenas o atleta da base Kauan para o Fortaleza, onde ainda ficamos com uma participação nele. Se eu fosse um presidente interesseiro, vaidoso, poderia ter vendido alguns atletas em dezembro/2023, tivemos propostas concretas e de valores altos em 2 jogadores do profissional e em 2 atletas da base, estes propostas do exterior. Mas sempre pensei no clube, ainda mais com o time se encaminhando para a serie B e eu desmantelando a equipe. Não era correto com o Clube fazer isso. Se tivesse vendido estes 4 atletas passaríamos fácil do superavit de 150 milhões.

A base está crescendo, todos estamos vendo, sempre disse em minhas entrevistas que a mudança radical que realizei em 2022, demoraria em torno de 3 a 4 anos para se começar a dar retorno e acho que eu estava certo. Temos atletas muito promissores na base que estão subindo para o profissinal e um diretor de base que é do ramo e que teve propostas para sair e a meu pedido continuou.

Em relação ao final de sua gestão em 2023, faria algo de diferente? Faltou o que?

Não faria muita coisa diferente, geri o clube até o fim de 2022 com muita austeridade, mão de ferro, e quase me matei por algumas vezes devido ao estresse extremo a que me submeti. Não era nem de perto a forma atual de se gerir uma empresa (faço totalmente diferente em minhas empresas) mas era o necessário no atual cenário. Comecei enxugando tudo, desmontando o cabide de emprego, as despesas desnecessárias, buscando todas as dividas conhecidas e não conhecidas até então, fomos qualificar os funcionários restantes, terceirizamos alguns setores do clube trouxemos profissionais capacitados para dentro e preparamos o clube para uma mudança radical de gestão a partir de 2024. Mas com a passagem de meu pai em setembro/2022, fraquejei, mostrei uma força muito pequena e que se findou em dezembro/22. Estava destruído por dentro, infeliz e já com algumas mágoas internas. Nunca quis ser presidente do Goiás, fui por apelo de algumas pessoas próximas e pela gravidade financeira, juridica, administrativa e futebolistica que se encontrava o Goias após a última gestão e eu achava que o meu pai não poderia ver o clube se esfacelar em seu fim de vida. Comprei a ideia e fui.

Sai de férias por algum tempo em janeiro/2023 e tive ali alguns momentos para repensar tudo, passava por sérios problemas familiares, o Goiás já tinha muitos “pais” da criança, apareceram muitos “deuses do futebol, os sabe tudo do mundo da bola” dando palpite em meios sociais e jornalísticos, o famoso opositor por ser opositor, sabia que ali o Goiás começaria entrar em ebulição e avisei em algumas reuniões passadas do conselho deliberativo sobre isso: “Que deixaria o Goiás arrumado e pronto para a próxima etapa, mas que muitos abutres iriam aparecer novamente prometendo o céu a todos, que estes se julgariam os deuses do futebol” e acabou ocorrendo o previsto. Na volta então das férias em fevereiro/2023 tinha decidido me desligar do clube, minha saúde já tinha acabado, a paciência interna idem, ambiente interno não estava bom, minha família, esposa e amigos próximos pedindo para eu sair, precisava ter cabeça e tempo para unir a família novamente, um inventário complicado pela frente e então me decidi afastar.

Chegando a Goiânia sentado sozinho já tarde da noite, na cadeira da presidência, recebi um telefonema e decidi continuar. Meu grande erro a meu ver foi aí. Já não tinha mais forças e vontade como antes. Muita coisa havia ocorrido naqueles 6 meses após a morte de meu pai. Ai deu no que deu, rebaixado novamente, crise interna, briga entre sócios, eleições a vir, estatuto feito em cima da hora e as pressas, fofoca demais, um verdadeiro caos. Vivi o meu pior pesadelo e terminei meu mandato como comecei, sozinho apenas com poucos mas fiéis guerreiros que começaram a batalha comigo em 2021.
Meu futuro no Goiás será mínimo, apenas conselheiro não atuante e bem distante até junho/2025. Após isso ficarei unicamente por conta de tentar terminar a Arena e o Goiás seguirá seu curso sem nenhum dito “Pinheiro”.

E a missão Estádio Hailé Pinheiro. Como é o papel do senhor agora? Existem empresas – grupo de investidores dispostos a investir na ampliação da Serrinha e seria qual a nova capacidade?

Minha missão de gestão politica e administrativa do clube se encerrou para sempre. Mas no dia do passamento de meu pai, ele lúcido , prometi que terminaria o maior sonho dele que era a Arena, e assim estou tentando até hoje. Tive algumas tratativas que não evoluíram, temos outra em andamento, mas é tudo muito complexo e não dependerá de mim apenas, a assembleia geral terá de aprovar, mas minha parte eu vou tentar até o último dia de minha vida.

A capacidade com o novo tobogã que foi adicionado no projeto passado passou para 25.000 espectadores sentados, não tendo como mais ser aumentado esta capacidade e nem a alteração do projeto atual devido a questões do plano diretor de Goiânia. Agora ou faz o projeto definitivo ou fica como está ,e vai fazendo apenas pequenos ajustes. Esta última fase de construção da Arena não dá para ser feito por etapas, pois será necessário a retirada da grama do estádio para as máquinas e guindastes trabalharem, será preciso colocar colunas dentro dos vestiários para suportar o novo Tobogã, etc, e nem mesmo as escolinhas terão como funcionar no Complexo Ruarc Douglas.