Uma diferença marcante entre as campanhas do prefeito Paulo Garcia (PT) e do candidato governista, Jovair Arantes (PTB), em Goiânia está na participação do se pode chamar de militância. Fato: Paulo tem, Jovair não tem. Os outros candidatos também não têm, mas eles não integram as duas forças políticas antagônicas do Estado nem o PT.
Paulo Garcia se vale de uma ação visível de petistas e peemedebistas nas ruas e no corpo a corpo. Há motivação aí que transcende esta eleição. O PMDB vê cheiro de vitória em 2014; o PT vê consagração agora, e crescimento de sua força para o outro embate, daqui a dois anos. O resultado disso é um exército em campo lutando com todas as forças.
Jovair Arantes até poderia ter exército igual ou com força suficiente para fazer frente ao avanço petista-peemedebista. Mas cadê os servidores que sempre vão para o campo de batalha puxados ou empurrados pelo governador Marconi Perillo (PSDB)? Cadê os governistas que sempre se mobilizam seja para ver o PMDB perder, alimentando a rivalidade, seja para agradar os chefes tucanos? Cadê os empedernidos tucanos velhos de guerra?
Não há exército lutando a favor de Jovair. Há cabos eleitorais contratados. Não há nem mesmo o comandante da tropa governista por perto para dar ordens de comando em busca da vitória. O comandante escafedeu-se. Está no exterior. Estará de volta na última semana, quem sabe para sacudir um pouco a poeira e dar a entender que, sim, empenhou-se, quando todo mundo sabe que ele, ao contrário, escondeu-se.
À parte os trabalhadores remunerados de praxe, o candidato petista tem gente trabalhando pela ‘causa’, o que se reflete em ação muito mais eficaz que ter apenas cabos eleitorais contratados. Isso conta na reta final, ou numa eventualidade de um segundo turno (o que, pelas pesquisas atuais parece improvável).
Sem falar que Marconi Perillo acaba funcionando também a seu favor, pelo desgaste acumulado com o caso Cachoeira, por deixar ‘seu’ candidato na mão, por animar o inimigo e desanimar os companheiros que restam. E sem falar também, claro, em Iris Rezende, Lula, Dilma…
Paulo Garcia se beneficia de uma sincera vontade de vencer de quem o apoia, enquanto Jovair Arantes padece com a má vontade dos marconistas, governistas e puxa-saquistas (bendita reforma: é assim que se escreve?) de plantão, que, se apoiam, o que parecem apoiar é a sua derrota. Desanimados? Desiludidos? Para mandar recado ao chefe? Talvez tudo junto e misturado.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).