A campanha em Goiânia não esquentou. A nova rodada da pesquisa Serpes mostra que os candidatos começaram a trabalhar, mas o povo não tá nem aí. Nesse aspecto, pode-se dizer que acertou o prefeito Paulo Garcia (PT), que se esforçou para adiar ao máximo o início de sua ação nas ruas. Mas isso não quer dizer que ele tem o que comemorar.
Paulo lidera uma corrida sem empolgação – inclusive em relação a ele. Oscilar para menos, ainda que esteja à frente, não quer dizer que está tudo muito bem. Quer dizer que ninguém está bem. A história ensina que, nessas ocasiões, a leitura que se deve fazer é que o campo está aberto para um nome de repente despontar e surpreender. Talvez este risco seja verdadeiramente o maior adversário do prefeito por ora.
No caso do candidato do governador Marconi Perillo (PSDB), o deputado Jovair Arantes (PTB), a situação fica no patamar da luz vermelha. Ele saiu atrás e não tem tanto tempo assim para reagir. A entrada do governador na disputa é uma incógnita: pode ajudar (com a força da máquina), mas pode também piorar, já que essa entrada juntou desgastes, marcada por uma foto que diz muito: os dois sem emoção alguma, cada um olhando para um lado. Detalhe: a reveladora foto foi distribuída pela assessoria de Jovair.
Para os outros candidatos, a disputa está dentro da realidade: o fôlego é curto, e nada até agora faz imaginar que será maior. Isaura Lemos (PCdoB) continua em segundo, porém falta-lhe estrutura financeira e partidária. Isso pesa muito numa disputa. Quer dizer: ela pode surpreender? Pode. Mas é pouco provável. Comparar a situação dela com a de Pedro Wilson em 2000 é desconsiderar justamente a diferença entre PT e PCdoB. Precisa falar mais?
Há uma aposta muito grande nos programas eleitorais gratuitos na TV e no rádio. Como se eles fossem capazes de mudar os fatos de maneira irremediável. Tipo o de Paulo Garcia ser um desastre e o de Jovair um achado. Ou o de Isaura arrasar. Eis um pressuposto curioso: só um é competente, e todos os outros são um desastre. O razoável é supor que todos serão, na média, bons, principalmente aqueles com maior estrutura. Daí, se um for ótimo, o que agregará de fato? Mudará a realidade?
Paulo Garcia não está eleito e Jovair vai longe de ser aquele nome surpreendente que se esperava. Por enquanto, o jogo está como começou. Neste caso, Paulo está eleito – quem sabe até no primeiro turno –, e Jovair disputando com os outros o segundo lugar. O segundo pelo menos entra para a história… das eleições.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).