O prefeito Paulo Garcia (PT) caminha para ser reeleito no primeiro turno; Jovair Arantes (PTB) não caminha. Eis o que mostra de forma objetiva a pesquisa Ipem/Tribuna em Goiânia. Isaura Lemos (PCdoB) e Elias Júnior (PMN) sustentam números que apontam mais para o curioso do que para o consistente.
Um mês atrás, Paulo Garcia evitava fazer campanha e sua estrutura patinava, não andava. Problemas internos na aliança PT e PMDB atrapalhavam. O cenário era o de um favoritismo ameaçado. Agora, não. Ele está firme em um patamar bem distante dos adversários. Mais que isso, está em ritmo de animação total.
E Jovair? Não ele, mas o governo do Estado, um mês atrás, deixava entender que estava disposto a entrar com tudo na disputa. Isso queria dizer estrutura financeira farta e máquina de campanha azeitada – ativos que o grupo do governador Marconi Perillo (PSDB) sempre ostentou. Pois tudo virou nada. Jovair foi o vencedor da batalha interna para ser candidato e depois… Bem, depois empacou.
A favor de Paulo Garcia há ainda um ponto fundamental, que cria justamente um contraponto maior ainda ao candidato do governo. Enquanto do lado de Jovair o que se vê é entusiasmo quase zero e movimentação comedida, do lado do prefeito há um engajamento do servidor público que tem feito diferença. Principalmente do servidor da Educação.
Os educadores do município estão com a corda toda a favor de Paulo Garcia; os estaduais estão torcendo e agindo contra Jovair, porque entendem que assim é agir contra Marconi. Essa participação cria uma onda forte, porque independe de comunicação, marketing ou mesmo dinheiro farto em campanha. O engajamento espontâneo é uma força eleitoral avassaladora. E, por ora, Paulo Garcia é quem tem o que comemorar.
Os demais candidatos chamam a atenção por uma campanha limpa, bonita, até aqui propositiva. A pesquisa Ipem, e outras já divulgadas, mostram que o fôlego deles é curto, que não há elementos que apontem para um crescimento explosivo de qualquer deles. Ou seja, para que sejam vistos como verdadeiramente na disputa, têm ainda muito o que andar. E o mais provável é que não haja tempo.
Nesse ritmo, o grande problema para Jovair Arantes não será crescer, mas cuidar para que a onda eleitoral o pegue ao contrário, desanimando a militância e carimbando o seu trabalho com a falta de perspectiva de poder. Reverter isso é fundamental. Mas será que dá? Jovair passa, assim, a lutar para não perder de muito, quando, nesta altura dos fatos, deveria já estar lutando pela liderança.
Paulo Garcia, tudo indica, continuará fazendo uma campanha que passa ao largo da tradicional… campanha. Continuará falando de Copenhague, porque não precisa discutir Goiânia, já que os demais nada discutem, nada incomodam. Para ele, menos marketing é mais possibilidade de vitória. E o ex-governador e ex-prefeito da Capital Iris Rezende (PMDB) mal entrou na campanha. Quando ele estiver dedicado… O mesmo pode ser esperado de Marconi na campanha de Jovair?
Claro, o quadro é momentâneo. Mas, com programas eleitorais pouco criativos, adversários que não ameaçam o favorito e interesse tão pequeno do eleitor pela campanha, como esperar mudança brusca no quadro?
Texto originalmente publicado no Tribuna do Planalto, edição 1.342.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).