Como era previsto, o pacote fiscal anunciado pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, caminha para promover mudanças indigestas para vários setores, mas “necessárias”, como afirmaram aliados do Chefe do Executivo. Sem dúvida, desagradou muito aos servidores públicos e a empresários que tem contratos do Produzir. Mas, Perillo agrada a quem tem recursos para investimento no Estado: Michel Temer. O pacote goiano ditou o ritmo do que os governadores farão pelo país.
É impossível ignorar que o pacote fiscal do governo goiano está em sintonia com as exigências apontadas pelo presidente brasileiro e sua política de cortes que é direcionada pela PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do teto dos gastos públicos. Ao puxar a dianteira na apresentação do projeto goiano, o governador dá o tom do que os outros Estados tem que fazer para o atual enfrentamento da realidade dentro do poder público: Baixa receita; Alta despesa; Falta de recursos; Colapso fiscal.
Nas contas de Perillo, no entanto, o foco nos investimentos pode ser uma saída política para convencer seus aliados na Assembleia Legislativa contra resistências na aprovação. O pacote vai economizar R$1,6 bilhão e, com ele, o Governo Federal vai liberar R$5 bilhões. O caixa do Estado terá, ainda, R$1 bilhão da venda da CELG para investimentos. Assim, o ano de 2018 pode significar que o governo goiano terá muitas obras espalhadas pelo interior e isso agrada aos aliados.
Perillo chamou para sí os desgastes, principalmente com os servidores públicos do Estado ao criar o aumento no desconto no salário para o Fundo de Previdência e determinar a regra do reajuste somente com o aumento da receita. Ou muda a conta, ou não vai ter dinheiro para pagar salários como em outros estados (Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, por exemplo). Claro, isso terá um alto custo politico que vai bater em 2018 quando José Eliton Jr. for pedir votos aos servidores públicos para governador.
“Eu inclusive disse que, não pela minha vontade pessoal, mas pela necessidade financeira vou vetar os reajustes que estão sendo solicitados pelos outros poderes”, afirmou o governador Perillo em entrevista coletiva que explicou o pacote fiscal na tarde de sexta, 9.
O novo ambiente da política e da gestão no Brasil dá base para o discurso da contenção e redução de despesas. Inclusive, para a privatização de empresas e serviços públicos. Nunca foi tão favorável, e o passo deste tipo de política tende a ser acelerado, não só em Goiás como no restante do país.
Na oposição, o pacote também repercutiu. Mas, o que dirão dos adversários de Marconi Perillo – principalmente no PMDB – se o principal condutor do tipo de política fiscal e econômica implantado no país é do partido? Como deputados do partido vão questionar o presidente Michel Temer e sua gestão na fazenda? Conste em ata: PSDB e PMDB são aliados no plano nacional.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .