04 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 13/08/2014 às 14:37

Ou o velho PMDB ajuda o renovado Iris, ou vai derrotá-lo de novo

É impressionante como Iris Rezende (PMDB) tem mostrado uma paciência com seu partido que o seu partido não tem mostrado com ele.

Durante meses, foi cobrado dele que falasse menos de seu passado, do passado de Goiás, de qualquer passado, e mais do futuro.

Recentemente, um dos aliados chegou a mandar alguém conferir se, nas entrevistas, ele insistiria em temas como Dergo, Crisa e afins.

Cobrança estratégica, porque, em campanha, é importante um candidato balizar o discurso para não retroceder demais, nem avançar de menos.

Mas é preciso compreender, antes de julgar.

O discurso de Iris é fincado na premissa de que ele fez bastante – como prefeito, governador, ministro –, e, se tanto fez, pode fazer muito mais.

Há, enfim, uma lógica empurrando Iris a insistir na lembrança de fatos antigos: ele quer mostrar que os desafios de agora, que têm a ver com o nosso futuro, não são maiores do que aqueles que enfrentou lá atrás e tão bem superou, um por um.

A paciência de Iris está em enfrentar o bombardeio interno, que anda maior que o externo.

As cobranças de assessores, companheiros, aliados, são imensas, exasperantes. Mesmo assim, ele não perde as estribeiras.

Iris acredita que precisa falar sobre o que fez para que a nova geração o conheça devidamente.

Precisa mostrar como uma pedra no meio do caminho é só uma pedra, e que é possível avançar – como fez quando herdou uma administração com salário do funcionalismo em atraso.

Precisa deixar claro que o Estado precisa dele porque ele está amadurecido – e não o contrário: que o Estado prescinde dele porque está velho, como se ter 80 anos fosse deixar de viver para que outros vivam.

Ninguém deixa de viver aos 80 anos. Talvez o correto seja o contrário: aos 80, ninguém quer menos do que a vida em toda sua plenitude.

Iris está forte. Focado. Motivado.

Não é a idade que o fará administrador ruim. A inexperiência da juventude não foi problema, por que a maturidade seria, para administrar o Estado?

O discurso repetido, muitas vezes de fato cansativo, é uma questão de menos. Mais forte é compreender e aceitar um político no seu melhor momento – e fazer disso um diferencial positivo, em vez de referência negativa.

A situação de Goiás não é de mar de rosas. Não há paz à vista. A segurança está falha, as finanças públicas estão abaladas, o Estado está sem alguém que inspire motivação e dê confiança para avançar.

Goiás tem sofrido muitos abalos de denúncias, conspirações, guerras políticas. Precisa de estabilidade, um rumo, um líder.

Neste ponto, Iris está em vantagem justo porque é, na prática, a personificação de um Estado de espírito dos goianos, revelado em pesquisas qualitativas variadas nos últimos meses.

E poderia ser este o Iris a ser apresentado na campanha, porque é um candidato real, palpável, em contraponto a uma imagem e semelhança vendida em propaganda dirigida e milionária.

E o que faz o PMDB?

O PMDB, em vez de construir e defender, destrói e renega esse novo Iris.

Ou não o enxerga, ou não consegue ir além do umbigo.

Iris não está velho. Quem está velho é o PMDB. Mais precisamente, a cúpula do PMDB.

Iris tem feito campanha praticamente sozinho.

Ele e o deputado federal e candidato ao Senado Ronaldo Caiado (DEM) têm tocado uma campanha que está muito à frente dos peemedebistas do andar de cima. Eles estão mexendo com a base.

Iris e Caiado são os responsáveis por uma jovialidade nas caminhadas e carreatas que o PMDB da instância superior não acompanha.

Eles agitam e movimentam o peemedebê das ruas e praças, que resiste em quem não tem poder de mando, apenas obedece o coração.

Que mesmo não concordando com tudo, e cobrando mais futuro nesta longa estrada da vida, segue um coração que é Iris apesar de Iris, que é Iris acima de tudo.

O PMDB oficial não acompanha Iris e Caiado em outro campo de guerra.

Os dois apanham e o partido não se manifesta, não defende nem Iris. Está escondido. Olhando bem, comporta-se como quem está com medo do adversário, de um deles em especial.

O PMDB de diretoria e presidência constituída não mostra a disposição de quem quer ganhar. Age como quem está conformado em perder. Perder mais uma – qual a novidade?

Na eleição passada, sem um partido azeitado empurrando sua candidatura, Iris passou perto de ganhar. Imagine se o PMDB institucional ajudasse um pouco?

Não adianta Iris fazer campanha com o vigor de um jovem candidato se na cúpula o PMDB continua a agir como um dinossauro.

Não adianta o PMDB falar com mudança para Goiás se não muda ele próprio.

Ou o PMDB acompanha Iris, ou mais uma vez derrotará Iris.