07 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 30/11/2020 às 15:43

Os muitos fatores que levaram a derrota da campanha de Vanderlan Cardoso – Parte 1

Vanderlan Cardoso no útlimo evento de campanha para prefeito ( foto divulgação)
Vanderlan Cardoso no útlimo evento de campanha para prefeito ( foto divulgação)

É Fica simples e cômodo deixar que a narrativa sobre o insucesso nas eleições de Goiânia fique presa ao COVID 19 e a falta de debate. Se você submete um processo de análises amplas, a um reducionismo estudado, que tenta desconstruir o mérito da vitória do adversário, e o derrotado, sutilmente tenta sair como sendo vítima do processo. O senador e ex-candidato a prefeito de Goiânia, Vanderlan Cardoso, pode ser tudo, menos a vítima.

Na verdade, quem começou uma campanha com um favoritismo imenso nas pesquisas, tem a obrigação intelectual de entender, o que o fez chegar ao final da disputa: derrotado nos dois turnos.

Vamos a alguns fatos coletados nos bastidores.

Primeiro: a formação da chapa majoritária. Foi um erro. Pode ter sido parte de um acordo político para se ter o apoio do governador, mas pouco somou em reforço político..

Segundo: as chapas proporcionais desassistidas.. Para quem tem em mente a importância política da chapa proporcional em uma eleição, deve-se dar a essa parte uma atenção especial com estrutura política. Candidatos mendigaram carros de som para carreatas e foi negado pela coordenação da campanha.

São eles, os candidatos a vereador(a), que movimentam a campanha espalhada pela cidade. São os melhores propagadores do nome do majoritário. São eles que dão capilaridade ao processo na base.  Eles defendem com unhas e dentes um projeto que pode se tornar vencedor. O que foi percebido e relatado por várias fontes foi um certo desdém dessa peça importante dentro de uma campanha. 

A campanha deve Vanderlan careceu de uma estrutura forte e atendimento aos candidatos da chapa proporcional com condições amplas de trabalho e divulgação do seus nomes e, com isso, o candidato majoritário demonstraria preocupação é compromisso com eles. Em contrapartida seria uma base para um apoio de segundo turno. 

Como isso não aconteceu, segundo relatos de vários candidatos, o compromisso de trabalhar e defender o majoritário, nos embates, não aconteceu. E mais, com a derrota no primeiro turno, a perspectiva de vitória e poder ficou com o adversário e muitos pularam para o outro lado, sem ter o menor compromisso com o candidato 55.

Uma candidata a vereadora foi a Vanderlan com um líder religioso pedir apoio para colocação “casada” de publicidade em dezenas de carros. O candidato não resolveu o problema e afirmou que deveria ser resolvido pelo partido. Ela, foi derrotada.

Ademais, o PSD, ao qual Vanderlan é filiado é voltado para o interior e não tem não tem coordenações de zonais em Goiânia. O MDB tem todas e muito bem estruturadas com lideranças de bairro de verdade.

Terceiro: o Íris e o írismo. Até para o observador menos atento estava evidente quem era o candidato ligado umbilicalmente com o prefeito Iris Rezende?  Neste item , o candidato 55 cometeu um dos seus mais graves erros, inclusive com a concordância do marketing. 

Assim, se uma parte dos eleitores queria a sequência ao modo de gestão do Íris, a quem o eleitor iria recorrer? Ao 55 ou ao 15 ? Quem representa o irismo?  Íris é historicamente ligado a quem ? Um erro estratégico imperdoável. 

Ao anular a possibilidade de assumir que era o candidato de oposição à gestão do MDB e dizer que seria a continuidade, Vanderlan perdeu a identidade. Ele perdeu o porque de ser candidato. Perdeu a credibilidade da mensagem de crítica. 

No segundo turno, em alguns momentos, parecia que iria começar uma ruptura , mas um isso dissipou rapidamente. Perdeu o 55, a chance de se apresentar como verdadeiramente era. Não conseguiu deixar o eleitor entender o porquê de sua candidatura. Uma pena, pois iniciou com um amplo favoritismo; e não viu que sua pauta já no meio da campanha se desidratava.

Por fim, com os ataques feitos a pessoas e forças políticas (O vice Rogério Cruz e a Daniel Vilela) no processo, mais perdeu que ganhou. Afastou toda e qualquer possibilidade de apoio , empurrando muitos para as mãos do adversário e para a abstenção e nulidade do voto, ficando aqui a máxima: não se faz política com o fígado . 

Campanha política não é só racionalidade. Tem sentimento, paixão, cumplicidade… campanha se ganha e perde, nos detalhes. A narrativa da COVID e da falta de debate, pode passar a valer como explicação para o insucesso, mas não basta! Em eleição, e na guerra, ganha que se prepara melhor e contrói um Exército de defensores. 

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .