O ex-governador Marconi Perillo está se movimentando nos bastidores para levantar o PSDB e voltar ao jogo político como candidato a governador de Goiás em 2026. Natural. Duas vezes derrotado para o Senado, ele foi perdendo aliados com o tempo e agora é ressuscitar ou morrer de vez – politicamente, claro.
O mais difícil para Marconi, pelo visto, é encontrar o discurso. Insistir na lembrança de um tempo novo que envelheceu? Na lista de obras que estão incorporadas ao dia-a-dia dos goianos já pouco importa saber quem fez? Quer dizer: isso tem valor, mas não para fazer um ex-governador ressurgir das cinzas.
Marconi está fora dos noticiários. Lembro que nos seus tempos de governador, lideranças como o próprio governador Ronaldo Caiado (União Brasil), ex-aliado e hoje inimigo, reclamavam que quase não tinham espaço na mídia porque o tucano o cercava na imprensa com os recursos do governo. Hoje é o inverso: marconistas reclamam que Marconi sumiu do noticiário porque Caiado fechou o cerco.
Os dois estão certos. Todo governo faz o que pode, e muitos o que não deve, para calar a boca da oposição. Porém, há sempre formas inteligentes de se furar a barricada. Caiado fazia isso muito bem. Marconi, quando na oposição antes de ser eleito governador a primeira vez, também fazia. Decisivos, nestes casos, o que um e outro diziam. Só palavras ao vento não tinham espaço. Palavras bem escolhidas com temas bem estratégicos, por exemplo, sim, tinham. E continuam tendo.
Muito fácil quem está em desvantagem culpar a imprensa, seus assessores, Deus ou o diabo por seus contratempos. Ressaltar a competência alheia tira de si a responsabilidade pela incompetência pessoal. Um fator fundamental para isso é entender o contexto atual. O que as pessoas pensam, desejam, buscam. Usar a idade maior e as lições da queda para enxergar o novo tempo novo.
Marconi Perillo está sem poder, mas age como governador. Onde foi parar aquele rapaz da camisa azul que tinha a arrogância como virtude, em 1998, e não como couraça, como hoje? Para onde vai este senhor que já foi – quatro vezes governador – e que não consegue agora convencer o que quer ser? Por que o rosto franzido com o retrato da raiva se é de leveza o que o mundo precisa?
Um líder atrai. Tem energia fulgurante. Todos querem estar próximos. Um líder aponta o caminho e é seguido, não perseguido. Líder é o que menos temos atualmente. Do que mais precisamos. O líder carrega a mensagem e inspira o futuro. Isso vale para todos, inclusive Marconi. Não dá para retomar a esperança sendo o mesmo que se era 20, 30 anos atrás. Cadê o novo? No velho Marconi de guerras passadas?
O novo não está em 1998. Não está na eleição anterior. O novo já vai longe, está em 2030 e olhe lá se já não avançou, está à frente.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).