27 de agosto de 2024
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O PSD de Goiás é um partido muito engraçado. A guerra interna é um show à parte

O PSD é um partido muito engraçado. Grande, nacionalmente, peso-médio em Goiás. Mas cheio de tretas internas. Foto: Vilmar Rocha (PSD); Vanderlan Cardoso (divulgação); Lucas Vitão (Câmera de Vereadores de Goiânia).
O PSD é um partido muito engraçado. Grande, nacionalmente, peso-médio em Goiás. Mas cheio de tretas internas. Foto: Vilmar Rocha (PSD); Vanderlan Cardoso (divulgação); Lucas Vitão (Câmera de Vereadores de Goiânia).

O PSD é um partido muito engraçado. Grande, nacionalmente, peso-médio em Goiás. Mas cheio de tretas internas. Nesta, o X da questão está na troca de comando. O senador Vanderlan Cardoso assumiu a presidência estadual, depois de um longo reinado do ex-deputado federal Vilmar Rocha. Vilmar saiu contrariado, embora evitando ao máximo passar recibo. Anunciou que cuidaria de sua fundação.

Mas Vilmar continua aqui e ali, em entrevistas, dando declarações que ora são entendidas como positivas pra Vanderlan, ora como negativas. Não é mais o comandante, mas fala como se comandasse. Vanderlan faz de desentendido, deixa como está para não ver como ficaria se os dois fizessem o que parece ter vontade: lavar a roupa suja em público.

Não precisa. As informações internas do partido são basicamente públicas porque ambos se ocupam disso. Vanderlan não está bem com o governador Ronaldo Caiado? Vilmar dá mostras de que ele e Caiado, que já protagonizaram inclusive celular jogado – em Vilmar, no caso -, estão muito bem, obrigado. Vanderlan tá indeciso? Vilmar estimula candidatura dele, de trivela, sem entrar no mérito.

E de vez em quando acontece, como agora, de surgir um boi na linha. Lucas Kitão, que quer ser candidato a vereador em Goiânia, de repente vem e avisa: olha só, eu também sou pré-candidato a prefeito da Capital. Vilmar, do alto de sua sabedoria e experiência e usufruto do PSD, bate continência: tá certo. Afinal, Vanderlan não bate logo o martelo e, em princípio, todos do partido têm o direito de se apresentar como pré-candidatos.

Enquanto isso, Vanderlan nega que esteja conversando com Lula e possa fazer um arrumadinho com a deputada federal Adriana Accorsi. Vanderlan iria, quem sabe, para um ministério – e/ou seria o candidato a governador lulista em 2026 -, e Adriana não o teria como adversário em Goiânia. Negócio de ocasião. Ou não, já que Vanderlan aparece na ponta, segundo as pesquisas, e pode não querer recuar.

Se não recuar ou se fizer acordo com Lula, Vanderlan tem agora no meio do caminho a pedra chamada Kitão. E vamos lembrar que essa hipótese de PSD e PT se acertarem, ainda que informalmente, já foi criticada por Vilmar. Embora o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, já ter tido calorosos affairs com Lula. É que hoje Kassab está casado com o governador de São Paulo, Tarsísio de Freitas, sempre uma alternativa do bolsonalismo para enfrentar Lula e o PT.

O PSD não é para amadores, como se diz. E, para os profissionais, é uma caixinha de surpresas. No mínimo podemos dizer que, antes de qualquer disputa além-fronteira, o pega fogo e diverte quem está de fora é a guerrinha interna. Uma guerra de nervos, de miudezas, trocas de picuinhas e elementar negativas sobre tudo, como se nada estivesse acontecendo e ninguém estivesse fazendo nada.

Sim, porque o PSD, na visão de seus líderes, é um partido de santos. Deus tá vendo. Para desavisados, parece um show de política com puro aroma de maquiavelismos à parte. Mas é sério. Muito engraçado, mas é sério. Aliás, registre-se sobre a nova treta interna: nada é nada, tudo é tudo e o futuro a Deus pertence. Quem viver, verá.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).