08 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 15/03/2018 às 13:07

O pato e a esponja, já ouviu esta história?

Leitores, diante dos desafios vividos recentes nos ambientes corporativos senti a vontade e necessidade de partilhar um texto com vocês que é um ótimo aprendizado para enfrentarmos o desafio de viver e conviver com pessoas difíceis.

“O PATO E A ESPONJA

Por acaso você já observou o que acontece com os patos quando dão seus mergulhos na lagoa? Eles simplesmente não se molham. Suas penas são cobertas com uma camada de óleo, tornando a ave impermeável. Logo abaixo de sua cauda está localizada a glândula uropigial, que produz a secreção oleosa que salva o pato de sair encharcado de cada mergulho. Ele retira cuidadosamente óleo com o bico e o espalha por todo o corpo. Se você lavar um pato com detergente, ele se afogará no primeiro mergulho. Mas o pato não é a única ave privilegiada com essa proteção. Praticamente metade das aves possuem a tal glândula uropigial.

Ao liderar pessoas difíceis (desafiadoras) é fundamental desenvolver um mecanismo de proteção, de defesa parecido com o do pato. De alguma maneira, é preciso que fiquemos impermeáveis. O grande erro é deixar que o temperamento difícil (desafiador) de uma pessoa se torne referência para você e para todos ao redor. Se alguém fala alto demais em seu ambiente de trabalho, não vai demorar para que todos comecem a se comunicar aos berros. Será a vitória do erro. É preciso que aprendamos a nos tornarmos um pouco mais surdos, mantendo um jeito sereno de falar. IMPERMEÁVEIS. O silêncio falará mais alto que os gritos e a serenidade será a referência determinante para aquele ambiente.

O desafio é que, além de não sermos patos, as vezes nos comportamos como verdadeiras esponjas. Temos a trágica capacidade de absorver tudo. Se alguém vomita num lugar publico, logo buscamos um balde de água para limpar o lugar. Por que não fazemos o mesmo com as pessoas que vomitam mau humor, inveja, raiva e falta de conhecimento? Absorver estes sentimentos como uma esponja é tão asqueroso e prejudicial quanto absorver o vomito alheio.

Se pensássemos desta maneira, não ficaríamos com tanta facilidade nos remoendo com ressentimentos. Prestou atenção nesta palavra? “re-sentimento”. Isso mesmo! É sentir de novo o que já fez mal da primeira vez. Recebemos uma ofensa? Basta a dor uma vez só. Mas preferimos comentar ressentidamente com alguém, depois com o outro e mais outro. Ao final do dia já “re-sentimos” a mesma dor várias vezes. Jogue um balde de água nesta sujeira. O perdão é o melhor remédio. Seja pato … Não seja esponja.

Para chegar a esta impermeabilidade de que acabamos de falar, existem, no mínimo, quatro ações estratégicas a serem acionadas, são elas:

1) IDENTIFICAR

2) COMPREENDER

3) INFLUENCIAR

4) CONVERTER

Vamos explicar cada uma delas:

1) IDENTIFICAR: Conheça os principais “tipos difíceis” e como funciona a sua dinâmica perversa. Cada tipo difícil tem sua própria dinâmica de funcionamento. Um rancoroso funciona diferente de um invejoso. Há um mecanismo interno que dá coerência a este agir complicado. Identificando o “tipo” será mais fácil compreender o modo ideal de se relacionar com esta pessoa, para chegar a desejada harmonia. Reconheça também que ‘tipo” é você. Não imagine ser o santo dos santos. Use o desconfiômetro para um pouco de autocrítica. Um espelho sincero e falante como aquele da fábula seria de muita utilidade. Somos mais hábeis para ver os defeitos (ações que precisam melhorar) dos outros. Líderes de sucesso também já foram pessoas difíceis (desafiantes), mas conseguiram enxergar seus limites e polir suas arestas. Para identificar um “tipo” é preciso não reagir diante da agressão. Deixe o “difícil” dar o primeiro passo. O peixe morre pela boa. Escute com atenção sem absorver o fel. Lembre-se de que para identificar é preciso manter uma distância estratégica. Olhe para dentro de você mesmo e identifique qual sua reação. Escolha o tipo de comportamento ideal.

2) COMPREENDER: Pergunte agora para si mesmo: Qual seria a origem do comportamento difícil? Seria o foco na tarefa? Seria o foco na norma a ser cumprida? Seria o foco na busca de ser aceito socialmente? Seria o foco na necessidade de ser reconhecido? Seria um vício de comportamento? Seria um trauma pessoal? Ou seria pura maldade? O líder de sucesso, agente de transformação é compreensivo. Isto não significa aceitar os erros, mas apenas ser capaz de distinguir as pessoas de seus “pecados de estimação” e compreender as razões do por que agirem desta ou daquela maneira. O exercício é: enxergar as razões por trás das ações.

3) INFLUENCIAR: Existe uma regra de ouro para influenciar pessoas: “faça ao outro o que gostaria que ele fizesse a você”. Se queres tirar mel, não espante a colmeia, traduzindo: se você quer influenciar pessoas, em um primeiro momento não critique, não condene e não se queixe. Ao contrário, o primeiro contato deve ser permeado por elogios sinceros. Com isso, conseguimos um elemento fundamental para influenciar pessoas: a EMPATIA. Sem isso, todo relacionamento posterior poderá ser um fracasso. É importante sorrir para as pessoas, interessar-se por suas histórias e dar-se tempo para ouvir o que elas têm a dizer. Chamar a pessoa pelo nome é fundamental e muito importante se queres conquistar a amizade dela. A melhor maneira de vencer uma discussão é evita-la, é mais inteligente respeitar a opinião do outro, ainda que seja oposta à sua. Ao expor seus argumentos, mostre-se simpático (a) ao que o outro disse e cite reforçando a ideia dele. Jamais diga “não concordo com você” ou “na minha opinião você está errado”. Seja amigável e terá amigos, seja amável e influenciará pessoas.

4) CONVERTER: Identificamos o tipo, compreendemos as rações, influenciamos positivamente, agora só falta modificar o comportamento desta pessoa de modo que o grupo coeso possa avançar em direção a meta. Como modificar um comportamento? Primeiro passo é não bater de frente. Melhor elogiar o que a pessoa tem de bom e minimizar a importância daquilo que ela tem de “difícil” ou melhor, de desafio. Segundo passo antes de sinalizar que ela precisa melhorar, reconheça também que você tem seus desafios e permita que a pessoa o ajude. Terceiro passo: jamais corrija as pessoas publicamente. O dano será irreparável para a equipe. Valorize os progressos no comportamento positivo da pessoa.

Trecho retirado do livro: “Como liderar pessoas difíceis, a arte de administrar conflitos”. Autor: João Carlos Almeida. Páginas: 42 à 47.

Boas práticas rumo à convivência com pessoas desafiantes, e lembre-se a primeira delas pode ser nós mesmos.

Espero ter agregado!

Boas prátias e até a próxima.

Rafaella Bessa.