Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não tem oposição. Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM) não tem oposição. Em Goiânia, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) não tem oposição. Em Aparecida de Goiânia, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) tem oposição? Não tem. A oposição está fora de órbita.
A escolha de Arthur Lira na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados foi uma vitória de Bolsonaro e uma vitória da política tradicional. Ele venceu usando métodos conhecidos. A vitória de Lira foi também uma vitória de Caiado, porque deu fôlego ao seu partido e de certa forma significou mais uma derrota da oposição em Goiás. O derrotado Baleia Rossi era da legenda de Daniel Vilela, derrotado pelo democrata em 2018 e potencial adversário em 2022.
Caiado, no caso, vai se saindo mais vencedor que todos. Porque o fortalecimento de Bolsonaro para a reeleição indiretamente aponta como seu fortalecimento, já que são aliados desde sempre. E se somarmos as derrotas da oposição ao cenário que se formou em Goiânia com a morte de Maguito Vilela e a ascensão de Rogério Cruz, temos mais adversidade para a oposição. Afinal, Cruz dará palanque ao MDB oposicionista, como faria Maguito, pai de Daniel e padrinho de Mendanha?
O PT é outro que não se opõe. Nem nacionalmente nem por aqui. No País, a perspectiva de poder segue do lado de Bolsonaro e Caiado, neste momento. Uma possível união nacional de esquerda e centro para o enfrentamento ao bolsonarismo e seus ismos locais, algo que em tese teria lastro para contaminar geral e, daí, tomar conta de Goiás, é nada mais que uma tese sem fundamento na realidade. De forma geral a esquerda e os partidos de centro não acharam ainda o caminho da oposição em lugar nenhum. Estão batendo cabeça, enquanto a direita avança – ou se sustenta.
Os tucanos, outros que poderiam fazer frente ao bolsonarismo, continuam sua saga de ir de um lado a outro, chegando a lugar nenhum. O ex-governador Marconi Perillo até tenta voltar à tona, mas sempre vem a notícia de um revés nos processos que enfrenta. Ele anunciou que será candidato a deputado federal. Se for, surge como puxador de voto e isso pode favorecer o PSDB para continuar vivo apesar da cláusula de barreira. A questão: qual o seu capital político de fato? Um fato: ele não mudou. Seus posicionamentos, suas atitudes, tudo ainda tem a ver com o que o levou à derrota na disputa para o Senado. Por enquanto, pelo menos.
Bolsonaro e Caiado estão firmes e fortes no caminho da reeleição (articulação acima de tudo, governo acima de todos). A oposição mantém-se determinada na direção da derrota nacional e local, esperando que as pesquisas de hoje (um alento, uma esperança, um fôlego) sejam a realidade de amanhã. Não sabe o que dizer, sabe menos ainda o que fazer. Fracassa em ser ou não ser. Para mudar esse jogo, só mudando os jogadores adversários ou a bola sobre o pescoço. Tem outra solução: um milagre. A saber: de que lado Deus está?
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).