22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 11/09/2019 às 15:30

O espólio de Iris e Marconi e a influência nas eleições de 2020 e 2022

Marcus Vinícius

Os últimos 37 anos da política em Goiás tem sido vividos à sombra do irismo e do marconismo. Nos 16 anos de mando do PMDB (MDB) e nos 20 do PSDB foram definidos os rumos da vida pública no Estado.

O ex-governador Iris Rezende (MDB) e o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) formaram uma legião de técnicos que moldaram a administração estatal. Sob os governos de Iris (1982/1990) e Marconi (1998/2002;2006/2010/2014) foram revelados homens públicos que trouxeram importantes contribuições. Pelo PMDB, figuram  Flávio Peixoto, Maguito Vilela, Naphitali Alves, Pedro Chaves, Romilton Morais, Castro Filho, Paulo Ortegal, Euler de Morais entre outros. Pelo PSDB, José Taveira da Rocha, Raquel Teixeira,  Jônathas Silva, Guiseppe Vecci, Edson Ferrari, Carlos Rollemberg  e outros.

Programas estruturantes como o Fomentar e Produzir, na área de incentivo à industrialização, ou o Fundo Nagazoni, recurso japonês que possibilitou a eletrificação rural através da extinta Celg são exemplos deste período, onde se consolidou a malha viária do Estado, a ampliação dos serviços de abastecimento d´água e esgoto e de serviços de saúde, com as rede Hugo, CRER e associados, e de educação, com a consolidação da UEG e da rede estadual de ensino, com mais de 1.100 escolas construídas em todas as regiões do Estado.  Na área social ficam as experiências dos programas de distribuição de cestas básicas, pão e leite; doação de lotes urbanizados, e depois a mudança para o cartão renda cidadã e o cheque moradia. A criação do sistema Vapt-Vupt é outra contribuição que tem o apoio da população.

É comum dizer que em política o passado pode ser relativizado. Na hora das eleições conta o que o partido ou candidato propõe para o presente. Isto já foi testado antes. Quem não se lembra do mote de campanha  lançado pelo publicitário Duda Mendonça em 1998: “Foi o Maluf que fez”? Deu com os burros n´água, porque o eleitor paulista queria mudança. Transposto para Goiás no segundo turno, este slogan também não ajudou Iris Rezende a virar o jogo contra Marconi Perillo.

Mas então de que serve o passado? Ele conta muito. O país investiu fortemente no “novo” nas eleições de 2018. Descobre-se agora, através do excelente trabalho de jornalismo de Green Greenwald, à frente do site The Intercept Brasil, que o “novo” era falso, ou como se diz na internet, era “fake”.  A eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) foi garantida às custas de um monumental investimento em “fake  news” (notícias falsas) que inundaram o whatssap e facebook de milhões de brasileiros. Vários candidatos a governador, deputado estadual, federal e senadores embarcaram nesta onda e foram eleitos, renovando em mais de 60% o Congresso Nacional. Oito meses depois da grande “renovação”, o que o povo percebe lembra a estrofe da música do poeta Cazuza: “Eu vejo um museu de novidades”.

Com erros e acertos, Iris e Marconi ainda são uma referência no que diz respeito ao modelo de gestão do Estado.

Iris ainda está na ativa à frente da prefeitura de Goiânia e aos 86 anos mostra que ainda consegue tirar coelhos da cartola. A gestão administrativa e financeira da Capital tem despertado atenção de prefeitos do Brasil inteiro, e da própria Secretaria do Tesouro Nacional, que elogia o equilíbrio fiscal e a transparência das contas públicas.

Marconi sofreu arranhões na imagem por conta de sua aposta na terceirização das áreas de educação e saúde para as Oss (Organizações Sociais). Houve erros e acertos neste modelo, mas o ex-governador ainda conserva capital político naquilo que foi aprovado na sua gestão.

Iris caminha para disputar talvez a sua última eleição. Com um vigoroso programa de obras viárias que se propõe melhorar efetivamente o trânsito na Capital, uma demanda cara aos goianienses. Marconi deve se resguardar para outros embates, provavelmente em 2022. Mas, se numa hipótese, nem Iris e nem Marconi optassem por não serem candidatos a nada, ainda sim seriam grandes eleitores.

Quem no MDB ou no PSDB pode herdar o capital político de ambos? Quem for mais perspicaz.

.Esconjurar o irismo e abjurar o marconismo é contraproducente para os políticos destes partidos. Os rastros que deixaram no chão provocaram sulcos profundos na terra. Seus passos foram seguidos por muitos e o povo acompanhou de perto a romaria destes caminhantes emedebisas e tucanos.

 É preciso reconhecer ainda que as máquinas partidárias criadas por ambos ainda estão aí. E não se joga fora um  capital imobilizado destes.