31 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 27/05/2017 às 23:56

O dinheiro do Mutirama

A operação Multigrana, que tem investigado suspeitas de  desvios da arrecadação na bilheteria do Mutirama e do Zoológico, leva ao questionamento sobre a capacidade que estas unidades tem para gerar sua receita e aplica-la onde é necessário, ou seja, nas melhorias do lugar. No caso do parque de brinquedos, quando foi feita a última reforma e ampliação, havia a argumentação de que as novidades aumentariam a entrada de caixa e, de fato, mais pessoas passaram a frequentar o local.

O especialista que conduziu a reforma e ampliação do Mutirama, Adilson Capel, argumentava que o parque poderia ter receita própria para sua sustentação. O dinheiro apareceu, mas isso atraiu a atenção de pessoas mal intencionadas que provocaram o desvio dos recursos. De anda adiantou modernizar os equipamentos se a bilheteria continuou atrasada.

Em entrevista ao Diário de Goiás, o presidente da Agência Goianiense de Esporte, Turismo e Lazer, Alexandre Magalhães, lançou a suspeita de que o desvio na bilheteria do Mutirama podia chegar à casa dos milhões de reais. Numa atitude corajosa, confirmou que recebeu propostas para entrar no sistema, mas não aceitou. A investigação prossegue e os acusados, até agora, terão muito que explicar no exercício do seu direito de defesa.

Sem o desvio, o Mutirama consegue recursos para sua sustentação e ampliação. O local é uma referência da cidade como opção de lazer para as crianças, principalmente. O parque é um patrimônio de alto valor e merece uma gestão focada na melhoria da estrutura e na qualificação do atendimento aos visitantes. Uma estrutura como essa não pode ficar parada no tempo, tem que comprar e instalar novos brinquedos e renovar as atrações para receber mais visitantes.

O experiência empresarial de Alexandre Magalhães tem contribuído, sem dúvida, para uma profissionalização da gestão do órgão e, a investigação tem revelado, com a reorganização da bilheteria e bloqueio das possibilidades de desvio. O dirigente revelou que pode retomar o projeto de criação de uma plataforma que unificaria o Parque Botafogo com o Parque Vila Nova, sobre a Marginal Botafogo, do tamanho do campo do Serra Dourada, para eventos, lazer. Ao trazer o projeto da última administração de Iris Rezende, a direção da Agetul acerta na construção de novos espaços públicos. Claro, faltam os recursos, mas o projeto pode ser defendido junto ao Ministério do Turismo para a conquista da verba necessária.

Muito além do Mutirama, a área de turismo da capital precisa de um projeto estratégico para desenvolver o segmento na cidade. Naturalmente, Goiânia já tem muitos atrativos, mas o impulsionamento é necessário. O setor pode contribuir, e muito, para a construção de uma boa imagem para a cidade e gerar mais negócios e bons resultados para o segmento turístico.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .