O poder em Goiás hoje está nas mãos do governador Ronaldo Caiado. Eleito e reeleito no primeiro turno, bem avaliado e sem oposição. Querer mostrar mais poder ou que pode mais que ele é no mínimo imprudência, especialmente se tal poder está amparado no governo. Caiado, além de ter o poder, exerce-o com mão forte e galhardia.
Bruno Peixoto, do mesmo União Brasil do governador, e eleito e reeleito presidente da Assembleia Legislativa até 2026, estava em alta até outro dia. Poderoso, porque com poder de fogo na mão e bancado pelo poder de Caiado, decidiu buscar outro poder, a prefeitura de Goiânia ano que vem. O porém: sem combinar com o governador. Este fato, mais outros desacertos de bastidores, mais uma exposição excessiva como poderoso da vez, deram no que se está posto: de atirador, virou alvo.
O que precipitou tudo foi o não de Ana Paula Rezende ao convite do MDB para ser candidata a prefeita. Até então, Bruno atirava em Ana Paula. No que Ana Paula saiu da mira, seus atos e de seus assessores ficaram escancarados. O desdobramento não melhorou a situação: adversários do governador saíram em sua defesa, escancarando mais ainda sua digital em tudo e, agora, no enfrentamento ao próprio governador.
Caiado
Caiado está em viagem ao exterior. Daniel Vilela, seu vice e presidente do MDB, que tinha dois pré-candidatos fortes à prefeitura e agora parece não ter nenhum, não entrou na confusão. Todos adotaram um mantra: quem vai definir o candidato da base em Goiânia é o governador. Baixaram a bola? Baixaram (embora aliados de Bruno espalhem outra coisa, que ele pode de todo jeito). Até que Caiado volte, nada será definido, muito menos quem será o representante governista.
Quando ele voltar, o que encontrará? Dia 14 tem promessa de manifestação para um “Volta, Ana Paula”, no escritório que era do pai dela, Iris Rezende. Bruno Peixoto candidatíssimo, mas com pinta de rebelado. Vanderlan Cardoso (PSD), outro pré-candidato a prefeito na capital, cada vez dando mais sinais de que topa uma reaproximação com Caiado. Prefeito Rogério Cruz lutando para tentar pelo menos disputar a reeleição. O PT da – agora definida pré-candidata -Adriana Accorsi levantando bandeira para disputa. E Gustavo Gayer (PL) indefinido.
Vai encontrar também Daniel Vilela com um MDB combalido, ao menos temporariamente, e o senador Wilder Morais mais entusiasmado com a disputa ao governo em 2026, exatamente contra Daniel. O que Caiado vai fazer? O melhor para quem? Como pré-candidato a presidente da República, qual o mais razoável de se esperar do governador? Que beneficie Bruno? Ana Paula? Vanderlan? Daniel? Wilder, de quem é muito amigo? Ou será que ele vai querer beneficiar a si mesmo – quer dizer: o seu candidato acabará sendo o que melhor convém ao seu projeto?
Alguma dúvida, companheiras e companheiros?
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).