26 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 27/06/2019 às 19:54

O bom exemplo de Itamar Franco e o mal exemplo de Bolsonaro

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Quando o governo do presidente Itamar Franco (PMDB) foi breve, mas rico de acontecimentos que honraram e dignificaram o Brasil. Itamar era da mesma cêpa de outros bons mineiros como Tancredo Neves e Juscelino Kubstichek. Educado, gentil, Itamar era correto no trato com a coisa pública. De seu curto período na presidência, que assumiu em setembro de 1992, como impeachment de Fernando Collor de Mello – do qual era vice -, até o final de seu governo, em dezembro de 1994, Itamar Franco legou ao país o Plano Real, a retomada da indústria automobilística com o incentivo à fabricação de veículos 1.0 (mil cilidradas) e a defesa intransigente da soberania nacional.

Itamar era intolerante com a corrupção. Em 1993, seu amigo e ministro chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves foi colocado sob suspeita de irregularidades na confecção do Orçamento Geral da União. Expontâneamente, Hargreaves pediu o afastamento da Pasta, no que Itamar assentiu. Três meses depois, inocentado, Hargreaves retomou o posto, que desempenhou com extrema correção até o final do governo.

Itamar também não cedia a chantagem. O então governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães (ACM) começou a propagar na imprensa que tinha fortes denúncias de corrupção contra seu desafeto político, Juthay Magalhães, que era ministro de Itamar. Certo dia, ACM desafiou Itamar a recebê-lo para apresentar os documentos “sobre quem está roubando o dinheiro público”.  Itamar topou o desafio, e pediu ao ministro da Justiça, Maurício Correia para testemunhar o encontro com o cacique político baiano. ACM chegou ao encontro, carregando uma pasta com os supostos documentos, mas ao chegar a audiência se deparou com Itamar com toda imprensa, esperando para confirir os supostos documentos. Intimidado, ACM recuou. Era blefe. Não mostrou documento nenhum, e nunca mais falou mais sobre a suposta corrupção.

O tráfico de drogas feito  com uso do avião presidencial pelo sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues é gravíssimo. É escândalo internacional. Se tivesse um décimo da honra do saudoso Henrique Hargreaves, o general Heleno, Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional) teria pedido demissão após o flagrante do sargento traficante.

Mas o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) é surreal. Não enfrenta os principais problemas do país. Não se houve sua Excelência falar em emprego, investimentos em rodovias, na construção civil ou qualquer outra coisa que o valha para combater o desemprego e salvar a economia nacional da falência.

Graves denúncias pairam sobre o ministro do Turismo, assim como é grave o estrago que fazem na imagem do Brasil a atuação tresloucada do Chanceler Ernesto Araújo e os impulsos histriônicos do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Mas nada se compara a manter  Sérgio Moro ministro da Justiça, sob sérias  acusações de corrupção, abuso de autoridade e graves desvios éticos.

Faria muito bem ao país se o presidente Jair Bolsonaro tomasse para si o exemplo de Itamar Franco, um presidente da República que honrou os brasileiros com decisões firmes, corretas e bons exemplos do que um governante deve fazer diante de denúncias de corrupção.