29 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 13/06/2019 às 17:22

O bom exemplo de Gaviolli: diálogo é o melhor caminho

(Foto: Sintego recebeu a secretaria Fátima Gavioli na sua sede. Crédito: Sintego)
(Foto: Sintego recebeu a secretaria Fátima Gavioli na sua sede. Crédito: Sintego)

Digna de elogio a iniciativa da secretária da Educação, Fátima Gavioli, de se reunir com a direção do Sintego nesta semana. Ela aceitou o convite e foi debater seus pontos de vista na sede do sindicato. Foi ao mesmo tempo um gesto de humildade e sabedoria.

Gavioli não é daqui. Paranaense, nascida em Goio Êre, veio com a família para Rondônia à procura de terra, como tantos milhares de sulista que trocaram os pampas pelo cerrado e pela floresta amazônica. Mais velha de uma família de cinco filhos, chegou muito nova a Rondônia, onde o pai se estabeleceu em Cafelândia, hoje município de Rio Crespo. A malária acometeu seu pai e ela teve que sair para trabalhar para ajudar a família. Foi trabalhar como doméstica para uma das famílias ricas da região. Mandava dinheiro para família e encontro forças para estudar. Começou e não parou: Fez Letras na Unesc, depois Direito na Universidade Federal de Rondônia, Pedagogia e pós graduação.

Foi com esta bagagem que a secretária sentou-se com os professores (as) e trabalhadores em educação. A presidenta do Sintego, Bia de Lima, comentou o encontro nas redes sociais do sindicato. Disse que a professora Fátima Gavioli ouviu atentamente às demandas dos tralhadores, como a proposta de discutir em conjunto uma proposta para o calendário escolar de 2020. Há pontos que convergem, como a ampliação do recesso escolar de janeiro, a manutenção das férias em julho e mudanças na chamada Semana do Saco Cheio. No dia 25 as propostas serão analisadas em conjunto pela Seduce e pelo Sintego para fechar a questão.

Fátima Gavioli garantiu aos servidores da educação que o governador Ronaldo Caiado (DEM) vai manter no mês de julho o vale alimentação – complemento salarial que tem feito a diferença para professores e trabalhadores administrativos em todo o Estado. Outras questões como o pagamento da data base e o plano de cargos e salários dos administrativos vão ser tratados por uma comissão especial formada com paridade entre a secretaria e o sindicato.

O diálogo também rendeu a proposta de uma campanha pela paz nas escolas, que tem como objetivo combater a violência contra professores e alunos nas escolas da rede pública estadual. Gavioli também cedeu a um pedido dos professores para que a discussão do BNCC (Base Nacional Comum Curricular da Educação), marcada para o dia 14 próximo, fosse adiada para o dia 19. É que na próxima sexta-feira já estava marcada a greve geral de protesto contra cortes do MEC (Ministério da Educação) no ensino público e também contra mudanças na aposentadoria que podem afetar professores e demais trabalhadores.

O ex-governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, quando liderou a campanha pelas Diretas Já, dizia que ficava rouco de tanto ouvir. Sabiamente ensinava que em política, ouvir muito é melhor do que falar demais.

O exemplo de Fátima Gavioli bem que poderia ser seguido por outras pastas no governo do Estado. Uma das que precisa urgentemente ficar “rouca de tanto ouvir” é a secretaria de Economia, Cristiane Schmidt. No começo de sua gestão o SindFisco (Sindicato dos Auditores Fiscais do Estado de Goiás) apresentou um plano de ações para aumentar a arrecadação fiscal do governo estadual em R$ 8 bilhões em até dois anos. Entre as medidas sugeridas estavam a limitação de benefícios financeiros (revisão dos incentivos fiscais) e a criação de uma contribuição financeira sobre commodities (revisão da Lei Kandir que já casou perdas de cerca de R$ 30 bilhões a Goiás).

O que se houve é que Schmidt anda ás turras com os sindicalistas. Há uma caça ás bruxas na antiga Sefaz (Secretaria da Fazenda) e toda boa vontade com o novo governo está se esgotando. Está sendo desperdiçada a sinergia que a secretaria poderia ter posto ao seu favor no início da gestão.

Todos os secretários que tiveram sucesso em políticas de arrecadação, de combate à sonegação e de ampliação das receitas do Estado tiveram os servidores do fisco como aliados. Jorcelino Braga foi um deles. Trouxe para próximo do gabinete do secretário os técnicos mais qualificados, os servidores mais experientes. Com isso combateu distorções na política de benefício fiscal e realizou exitosos programas de Refis,que garantiram superávit na arrecadação.

Governa melhor quem dialoga mais.

Que a humildade de Gavioli possa reverberar sobre os demais escalões do governo, para benefício de todos os goianos.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.