27 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 13/02/2020 às 09:37

Nion é História viva

Nion Albernaz. (Foto: Brasil 247)
Nion Albernaz. (Foto: Brasil 247)

Um dos discursos mais vivos na minha memória é de Nion Albernaz.

Foi na Assembleia, nas costuras da unidade da oposição, que começou com a arquitetura de sua eleição para a prefeitura de Goiânia em 1996 e culminou na vitória de Marconi Perillo para o governo dois anos depois.

Para mostrar a importância da união de forças, ele contou uma historinha, uma parábola, com seu jeito peculiar.

Falou de um homem segurando um graveto. E de como esse graveto – fino, frágil, isolado – foi facilmente quebrado, com as duas mãos. Falou, em seguida, como esse mesmo homem juntou três gravetos e, embora com menos facilidade, também os quebrou. Por fim, anunciou – não vejo melhor palavra – como o homem, reunindo não um ou três, mas muitos, dezenas de gravetos, um ao lado do outro, em um feixe, chegou ao que parecia impossível: que, apesar da força das mãos ‘inimigas’, nem um deles fosse quebrado. Este era o efeito da unidade, a moral da história, segundo Nion: juntos, os oposicionistas eram inquebráveis, invencíveis; separados, não teriam a menor chance de vitória.

Nion foi fator de unidade e exemplo de vitória. Referência política, e como administrador.

Lembro esse fato ciente de que ele carrega um romantismo, uma ternura, uma visão de política que contrasta categoricamente com o pragmatismo atual das malas de dinheiro. E faço questão de lembrar exatamente por isso, para separar o trigo do joio. Nion Albernaz era outra história.

Nion morreu nesta quarta, 6, em casa, com a família. Não morre, porém, sua História. Sua História está em cada letra de Goiânia, que tão bem administrou.

Ele é um dos construtores da nossa capital, e isso é perene, como seu largo sorriso na minha lembrança. Perdoem-me o que pode parecer simples trocadilho, mas… Nion é capital para goianos. Pra mim, definição recíproca.

Há tempos não falava com ele. Há tempos vivo a saudade de uma política com Nion e com outros nomes que aprendi a respeitar. Restam poucos com sua altivez, sua verve, sua importância.

Sentirei saudades de seu jeito professoral, de sua paciência para desenvolver um raciocínio, de sua entrega no momento de um diálogo que era sempre enriquecedor.

Sentirei saudade do quanto era bom entrevistá-lo, ouvi-lo discursar ou simplesmente revê-lo. Mas, enfim, estou o tempo todo diante dele. Cada vez que ando pela cidade, ele está lá. Dá pra sentir sua presença.

Nion, pra mim, é um sorriso. E ruas, e avenidas, e calçadas. E as flores dos jardins por todo lugar, ainda que eles não mais estejam lá. Goiânia floresce em sua homenagem.

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