A perspectiva econômica do Brasil estende o processo de recuperação para não menos que 2 anos e o impacto da situação é de escassez de recursos para os municípios brasileiros, tanto em arrecadações próprias quanto em transferências do Governo Federal ou empréstimos. Assim, os candidatos que disputam os cargos de prefeito precisam se preparar para um cenário de dificuldes e falta de recursos para projetos e para a gestão das prefeituras. Em relação a Goiânia, a previsão não é diferente.
Os candidatos a prefeito da capital goiana discutem se a prefeitura deve ou não fazer um empréstimo de US$ 100 milhões para o recapeamento das ruas da cidade. O processo ainda depende de autorização do Senado, pois trata-se de um empréstimo internacional que será contratado junto à Agência Andina de Fomento.
Os candidatos Giuseppe Vecci (PSDB), Luís Bittencourt (PTB), Vanderlan Cardoso (PSB) opinam contra o contrato. Claramente, entendem que o empréstimo ao término do governo de Paulo Garcia (PT) deixa dúvidas sobre o comprometimento das finanças e da real necessidade da contratação. Independente dessa opinião, é preciso responder a uma pergunta: a cidade precisa de um recapeamento? O asfalto da cidade já perdeu o prazo de validade? Qual o grau de economia deste contrato?
Recentemente, a secretaria de infraestrutura de Goiânia informou que o custo com o tapa-buraco checa a R$2 milhões mensais, ou seja, R$24 milhões por ano. Com o recapeamento haveria um processo de economia destes valores quando é considerado que o novo asfalto pode evitar as operações em tempos de chuva. A secretaria de finanças da prefeitura de Goiânia já informou que o contrato de financiamento para o recapeamento está dentro do grau de endividamento do município.
Com razão, os candidatos a prefeito discutem a situação da cidade, da administração, e são confrontados com a vontade do eleitor e a realidade da conjuntura econômica. Esta, sim, a principal influenciadora desta negociação sobre o recapeamento. Sem o recurso do financiamento não há como realizar esta obra que, efetivamente, só deve cair na responsabilidade do próximo administrador.
Na gestão da prefeitura de Goiânia, o eleito terá que conduzir o desenvolvimento da cidade sem contar com grandes recursos das principais fontes. Certamente, um dos discursos que o eleitor vai ouvir com frequência é de que a administração vai ter que cortar gastos e controlar contas para evitar desequilíbrio. Neste cenário, grandes projetos, como o recapeamento, só com recursos de financiamento.
A realidade confronta-se com grandes necessidades e a principal pergunta aos candidatos é: Onde está o dinheiro? Para grandes intervenções no trânsito – viadutos e trincheiras, por exemplo – são necessários milhões de reais. Para renovar o aterro sanitário de Goiânia para mais 20 anos, são necessários não menos que R$5 milhões de reais. Para coletar o lixo e cuidar de outras áreas, a COMURG consome perto de R$500 milhões de reais por ano.
A cidade tem um conjunto de necessidades que não prescinde de muito investimento e, por isso, os candidatos devem apontar prioridades ao invés de projetos inalcançáveis. O eleitor, como já foi apontado, espera candidatos que “cumprem o que prometem”. No cenário de dificuldades econômicas dos próximos dois anos, é melhor ter muita cautela com as promessas. Ou, pelo menos, ser muito eficiente no controle dos gastos para sobrar para os investimentos.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .