14 de setembro de 2024
Publicado em • atualizado em 10/05/2015 às 14:23

Mujica da nova versão sobre conversa com Lula citada em livro

A polêmica causada sobre o lançamento do livro Una Oveja Negra al Poder (Uma Ovelha Negra no Pode), que relata um diálogo entre os ex-presidentes José Pepe Mujica e Luiz Inácio Lula da Silva ganha, agora novos contornos.

Na primeira repercussão havia a indicação de que Lula sugeri que sabia do mensalão. Mujica relatou, os autores do livro, Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, que o ex-presidente uruguaio afirmou que Lula exerceu um mandado “com angústia e um pouco de culpa”. Nesta frase, a repercussão referia-se ao mensalão.

A nova versão sobre o fato, a partir de entrevista do Estadão com o

ex-presidente José Pepe Mujica explicou que conversou com Lula por telephone. Ele disse “nunca ter falado de mensalão com Lula”.

Segundo os autores, descreve o Estadão Conteúdo, o uruguaio vê a corrupção como algo incorporado ao Brasil, não importa o partido no poder. Depois de citar o mensalão como “a compra de votos de alguns deputados para aprovar projetos importantes do Executivo”, o livro relata uma frase de Mujica sobre Lula: “Não é um corrupto como Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros”.

No mesmo parágrafo, na página 211, a obra menciona três sentenças de Lula a Mujica em um encontro no Brasil, semanas antes de o uruguaio assumir a presidência, em 2010: “Neste mundo tive de lidar com muitas coisas imorais, chantagens”, “Essa era a única forma de governar o Brasil” e “O mensalão também é este país, tudo é de modo grande”.

O ex-vice-presidente do Uruguai Danilo Astori participou da conversa, segundo os autores. O livro não deixa clara a conexão entre as frases nem se foram ditas em sequência – ou seja, se ao falar de “única forma de governar”, Lula se referia ao escândalo que marcou o governo ou às “muitas coisas imorais, chantagens”. Os autores reafirmaram ontem a precisão do texto, mas ressaltaram que trechos podem dar margem a várias interpretações.

“Cada leitor pode interpretar o que quiser”, disse Tulbovitz, para quem Lula poderia estar falando de modo genérico, e não do mensalão em si. Ontem, o Instituto Lula citou declaração de Danza ao site G1para contestar reportagem do jornal O Globo que relatou “confissão” do brasileiro sobre o mensalão. “O autor foi perguntado sobre a matéria e respondeu que Lula e Mujica não estavam conversando sobre o mensalão quando Lula se referiu a conviver com chantagens como a única forma de governar o Brasil”, diz a nota do instituto.

O livro ainda atribui outras duas frases a Mujica: “O mensalão é mais velho que o buraco da cuia de chimarrão” e “Às vezes, esse é o preço infame das grandes obras”. Na última, segundo o livro, Mujica refere-se a Abraham Lincoln como um político que dava algo aos deputados em troca de apoio – na época, havia sido lançado o filme Lincoln sobre a votação que aboliu a escravidão nos Estados Unidos. (Com Informações do Estado de São Paulo e Estadão Conteúdo)

 

 

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .