23 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 14/11/2024 às 19:25

Movimento Pau a Pique celebra 40 anos com espetáculo gratuito em Goiânia

Foto: Nayara Tavares
Foto: Nayara Tavares

Fundado em 1984, o Movimento de Artes Criação Pau a Pique, considerado um dos atos artísticos mais ativos em Goiás na década de 1980 e 1990, celebra, em 2024, 40 anos. Em comemoração ao marco, o grupo promove, neste sábado (16), um mega espetáculo com diversas atividades culturais.

Com início às 19 horas, o evento terá lugar no Espaço de Cultura Pau a Pique, situado no Parque das Amendoeiras, na Rua Moura Pacheco, quadra 35. Na programação estão previstas: a apresentação do espetáculo Biblioteca Falante e o Livro Racista, do recital Sarau na Calçada, com poemas do livro Sobreviventes das Cartas de Amor (premio Lei Paulo Gustavo), de Marlos Pedrosa; o relançamento do livro Canções de Arco e Lira, de Jairo Rabelo; a apresentação do palhaço Maiu – o Inventor de Jardim; e uma oficina de palhaçaria com o artista Jociel Alves.

Apresentação teatral

Principal atração da data, o espetáculo Biblioteca Falante e o Livro Racista, que já teve outras duas montagens em 2006 e 2014, com apresentações em mais de 50 escolas de Goiânia, retorna em nova montagem. Com a dramaturgia de Maria Gomes e Marlos Pedrosa, que também é responsável pela direção, a peça tem no elenco os atores Jociel Alves, Marlos Pedrosa, Ery Ferreira, Johnathans Black e Lúcia Lopes.

De acordo com Marlos Pedrosa, o espetáculo Biblioteca Falante e o Livro Racista, foi criado com as propostas de reconstrução e reafirmação da identidade negra brasileira. Com a pretensão de contribuir no atendimento à urgente necessidade de recuperação no âmbito da educação e da cultura, dos valores civilizatórios africanos e das contribuições dos afrodescendentes ao processo de formação da sociedade brasileira.

A obra faz uma homenagem a Benjamin de Oliveira, que foi cantor, compositor, ator e um dos maiores palhaços negros do circo brasileiro, se torna ainda mais atual porque o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deste ano é “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.

A produção é de Juliane Borges, Lua Ferraz e Iara Caroline. Iluminação de Luciene Araújo. O espetáculo é contemplado pela Lei Paulo Gustavo do Governo Federal, referente ao município de Goiânia.

O movimento

O Movimento de Criação de Artes Pau a Pique teve como destaque, em meados dos anos 1980, apresentações da peça “Todo Dia é Dia de Espetáculo”, com apresentações realizadas em praças e em diversos outros locais públicos e comunitários do centro e periferia de Goiânia, promovendo debates e abrindo espaço para a manifestação de artistas locais.

Nos anos de 1990, idealizou e organizou durante cinco anos um projeto teatro comunitário no Jardim Nova Esperança e na Vila Mutirão, na região Noroeste de Goiânia, com a formação de atores e a realização de festivais. No começo dos anos 2000 criou projetos como o teatro Brinkatores, que desenvolvia temáticas em escolas, universidades, shoppings e em diversos outros locais.

Ao longo das últimas quatro décadas, montou vários espetáculos e promoveu cursos de artes cênicas (teatro e palhaçaria) e literatura, “tendo como fio condutor a participação popular se inspirando nas teorias do Teatro do Oprimido, de Augusto Boal e da Antropologia Teatral, de Eugênio Barba, pela democratização da arte e do processo cultural e político brasileiro”, segundo afirma Marlos Pedrosa, fundador e diretor do movimento.

Em comemoração a história deste movimento, os integrantes do Pau a Pique propõem o projeto “40 Anos e o Espetáculo Continua”, com a remontagem da trilogia dos espetáculos Biblioteca Falante e o Livro Racista, Carroça Brasil e Sonho de Fogo, com atores que participaram em algum momento dessa longa trajetória de quatro décadas. O Movimento Pau a Pique pretende também escrever um livro sobre seu processo de trabalho e um documentário para ser apresentado em escolas e espaços culturais.

Espaço Cultural

O movimento conta, há vinte anos, com o Espaço de Cultura Pau a Pique, no Parque das Amendoeiras. O local é aproveitado para a realização de ensaios, oficinas artísticas e outros projetos destinados à comunidade, funcionando, segundo Pedrosa, como um importante centro de referência cultural da região leste de Goiânia.