23 de dezembro de 2024
Publicado em • atualizado em 07/07/2019 às 20:20

Moro, miliciano de Bolsonaro, tem que pedir pra sair

Sérgio Moro. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Sérgio Moro. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Fica cada vez mais complicada a situação do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Sua imagem de ex-juiz impoluto e correto, é corroída a cada revelação da Vaza Jato, no conjunto de matérias sobre seus desmandos no seu corrupto papel de “juiz de acusação” da Lava Jato publicadas pelo site The Intercept, pelo jornal Folha de São Paulo e pelo jornalista Reinaldo Azevedo em seu blog no UOL e na Rádio Band News.

Para os críticos da atuação do ex-juiz Sérgio Moro sua imagem de imparcial à frente da 13 Vara Federal de Curitiba (PR), ruiu depois que confirmou sua participação no governo do presidente Jair Bolsonaro, aceitando convite menos de um mês depois do fim do processo eleitoral. O Brasil tomou conhecimento, através de entrevista à Folha (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/11/moro-foi-sondado-por-bolsonaro-ainda-durante-a-campanha-diz-mourao.shtml) do vice-presidente Hamilton Mourão, que Moro havia acertado a ida para o governo ANTES das eleições, e que o ainda candidato Bolsonaro havia prometido que indicaria Moro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

A Folha agora traz outra conduta antiética de Sérgio Moro, que vazou para o presidente Jair Bolsonaro inquérito sigiloso feito pela Polícia Federal a respeito de denúncias de corrução envolvendo assessores do ministro do Turismo. Este vazamento, confirma, uma vez mais a relação íntima do ministro com o presidente, que tem como fato ainda mais escandaloso a suspeita de que Moro vazou para o então deputado federal Jair Bolsonaro a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ocorrida no dia 4 de março de 2016.O jornal Gazeta do Povo registrou na ocasião: “O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) participou na tarde de sexta-feira (4/ 03/2016)) de manifestações de apoio à Operação Lava Jato na sede da Polícia Federal de Curitiba. Ele foi recebido por um grupo de cerca de 50 manifestantes antipetistas e soltou foguetes para comemorar a condução coercitiva do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva”.

Este fato ficou perdido no meio de tantas notícias de irregularidades de Moro e dos procuradores da Operação Lava Jato. Mas trazê-lo de volta é importante para reforçar que Moro, além de parcial, tinha lado político e fez sua aposta desde sempre na eleição de Jair Bolsonaro. A soma de todas as coisas indica que o ex-juiz estava ideologicamente alinhado ao projeto de extrema-direita de Jair Bolsonaro. as reportagens da Vaza Jato só comprovam que Moro, tinha como principal objetivo a prisão do ex-presidente Lula, para assim impedir sua candidatura e viabilizar a vitória do seu candidato preferido.Matéria na Folha datada de 1/10/2018 mostrava que Angela Moro, esposa do juiz Sérgio Moro “faz intensa campanha em favor da eleição de Jair Bolsonaro nas redes sociais” (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/mulher-de-moro-faz-campanha-nas-redes-pelo-voto-consciente.shtml).

Reportagem do jornal O Globo, do dia 28 de outubro registrou que na manchete: “Mulher de Sérgio Moro comemora vitória de Bolsonaro” (https://oglobo.globo.com/brasil/mulher-de-sergio-moro-comemora-vitoria-de-bolsonaro-23193825).De acordo com a última matéria da Revista Veja, há cerca de 2 mil arquivos de áudio e vídeo que devem vir à tona e complicar ainda mais a situação política e criminal do ministro da Justiça. Estivesse Sérgio Moro em um país onde reinasse a normalidade das instituições, estaria a esta hora exonerado do cargo e sofrendo as consequências legais de seus atos ilícitos como magistrado e como servidor público.Sérgio Moro não tem mais condições éticas e morais para continuar à frente do Ministério da Justiça desde que utilizou de seu cargo político para perseguir o jornalista Glenn Greenwald através do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras ).

O TCU (Tribunal de Contas da União) deu 24 horas para Moro esclarecer se ele autorizou a Polícia Federal a usar o órgão da Receita Federal para investigar o jornalista (https://www.conjur.com.br/2019-jul-06/tcu-explicacoes-coaf-investigacao-greenwald).Há outras situações do presente que impõe perguntas ao ainda ministro da Justiça. O país espera ouvir o depoimento do motorista Fabrício Queiroz, e saber de sua relação com as milícias criminosas do Rio de Janeiro, e a sua relação com a família Bolsonaro.

A sociedade brasileira cobra esclarecimento sobre quem são os mandantes da morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.Também é necessário saber como 39 quilogramas de cocaína foram parar num avião da Força Aérea Brasileira que prestava apoio a comitiva do presidente Jair Bolsonaro.

Moro faria bem se renunciasse ao cargo. Mas ele teme perder o foro privilegiado, o mesmo que logrou a Lula quando vazou para a Rede Globo o grampo ilegal da conversa telefônica entre o ex-presidente com a presidenta Dilma Rousseff. O Mestre dos Mestres, no dia em que foi preso pelos soldados romanos no Monte das Oliveiras, advertiu duramente Pedro, que havia ferido um dos soldados com uma espada arrancando-lhe uma das orelhas. “Quem com o ferro fere, com o ferro será ferido”.

Moro vazou ilegalmente peças processuais que corriam em segredo de Justiça para condenar pela mídia os políticos e empresários que investigava. Agora bebe do mesmo veneno que serviu aos outros.

No Monte das Oliveiras, Jesus curou o soldado, colando-lhe novamente a orelha, e seguiu calmo para o seu julgamento. Moro pode curar o país do clima de ódio que ele próprio insuflou, demitindo-se do ministério, e enfrentando de maneira digna a consequência dos seus desatinos.