Hoje percebi que minha memória pode até falhar, mas não me abandona. Eis que estava eu tomando banho, e me dei conta de que já haviam passado três dias desde fiquei de mandar uma mensagem de parabéns e, veja só, o “agorinha eu mando” se tornou 72 horas. Me odiei por um instante, mas depois me perdoei, já que minha amiga me perdoaria também. A vida é corrida para todo mundo.
Então me lembrei de uma moça da internet, que hitou anos atrás por falar sobre esses pequenos detalhes da vida. Em um desses vídeos aclamados pelos seguidores ela falava justamente sobre a amizade nos tempos modernos. Sobre ser algo que requer esforço mútuo, não forçável, não exigível, mas sim, construído com afinco e dedicação.
Sim, requer muita dedicação conseguir conciliar as agendas lotadas. Se fazer presente entre tantos compromissos, cobranças, família, filhos, trabalho e todo o resto. É bonito, porque quem escolhe ficar na nossa vida é porque realmente tem o desejo de fazer parte, saber como andam as coisas, mandar um carinho, um afeto, uma lembrança que seja.
A forma como ela falou sobre isso tornou tudo ainda mais representativo. Amigos das antigas, como essa de quem esqueci os parabéns, nos veem em diferentes fases e escolhem permanecer em cada uma delas. Com diferentes cabelos, em diferentes relacionamentos, em diferentes empregos, com problemas que vêm e vão, com sonhos que surgem e se realizam, com velhas e novas manias. E mesmo assim, continuam lá, para o que der e vier.
Nestas, muitas vezes, até acabam por se afastar um pouco. Depois tornam a se aproximar para se afastar momentaneamente de novo. É um ciclo, mas infinito, porque nunca se perdem.
Eu amo a liberdade que construí e desenvolvi com meus amigos das antigas, e acho que é justamente essa sintonia que torna as coisas tão especiais. Poder ser a gente mesmo, sem medo de perdê-los por pequenas bobeirinhas, faz com que queiramos estar presentes sempre que der, com muito mais vontade.
A gente aprende a perdoar pequenos deslizes. A superar divergências de opiniões e enfrentar as distâncias. Amizades de verdade, assim como a memória, podem até falhar, mas nunca nos abandonam.