Há 105 anos houve o silenciar de um som e o início de outro. O cantar do carro de boi foi substituído pelo tic tic tac da Maria Fumaça. Neste sábado (27), a antiga Estrada de Ferro de Goyaz completou 105 anos.
Em 27 de maio de 1912, foram concluídas as obras entre Araguari-MG até a ponte Engenheiro Bethout, sobre o Rio Paranaíba, na divisa de Goiás e Minas Gerais. Nosso estado passou a ter o primeiro meio de comunicação e transporte da era da modernidade.
Saiu a figura o carro de boi e entrou em cena o trem de ferro. A ferrovia diminuiu tempo e distância, mesmo sendo uma malfadada estrada de ferro, por conta das constantes paralisações e corrupções, ainda sim foi grande o desenvolvimento na região sudeste de Goiás. Veio o telégrafo, facilitou a troca de informações, além do que a ferrovia colaborou para acelerar a comunicação entre as pessoas.
Sem dúvida, a ferrovia foi o instrumento mais eficiente de interiorização do Brasil. Em Goiás, cidades surgiram, se consolidaram. Famílias foram formadas à beira dos trilhos, atraídos pelo desenvolvimento econômico na região ferroviária.
Infelizmente os governos tiveram pouca preocupação com o transporte ferroviário e aqui em Goiás não foi diferente. O segundo tipo de transporte mais barato, perdendo apenas para o hidroviário. É extremamente competitivo em distâncias de até 1,5 mil km. Mas preferem investir no transporte rodoviário, o segundo mais caro, perdendo apenas para o aéreo.
Vários foram os motivos para que o transporte ferroviário chegasse ao abandono em Goiás. A falta de investimentos fez com que a ferrovia perdesse competitividade. Somado a isso, a ferrovia que foi atrativo, foi expulsa da cidade. Em Goiânia, governantes com pensamento retrógrado retiraram os trilhos da parte interna, com o argumento absurdo de que se tratava de um obstáculo para o desenvolvimento da cidade. Poderia ser um escape para o transporte coletivo. Poderia, mas não é.
Nestes 105 anos de trilhos goianos, vale lembrar da tentativa de se preservar o patrimônio ferroviário. Estações aos poucos estão sendo restauradas pelo Governo Federal, via Iphan e pelas mãos de prefeituras. Falta ajuda do governo estadual e nestes últimos meses tem ajudado o Fórum de Gestores Culturais da Estrada de Ferro a desenvolver projetos para que seja instalado o trem turístico de passageiros.
Sem preservação, não há memória, não há história. É preciso incentivar a população a voltar a se apropriar da ferrovia. Trilhos que saem de um lugar para outro, que ligam sonhos, esperanças, riquezas e oportunidades. 105 anos de trilhos de muitas histórias boas memórias. Uma ferrovia simples, mas que ajudou e ainda ajuda o estado a se desenvolver, esta é a antiga Estrada de Ferro de Goyaz.