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No dia 22 de janeiro foi aprovado pela Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC), o aumento da passagem de ônibus. Hoje para andar de ônibus na Grande Goiânia, se paga R$ 4,00 por viagem. Na data da reunião o argumento para o reajuste era da necessidade de se alinhar os custos com melhorias para o sistema. Pouco se mudou.
Vejamos abaixo alguns pontos que foram anunciados que saíram do papel, e outros que ainda estão longe de virar realidade:
Prefeitura de Goiânia
Na reunião em que se promoveu o aumento da passagem, o prefeito Iris Rezende (MDB) falou que no passado, os não reajustes provocaram uma anarquia no sistema de transporte, que na gestão anterior dele não havia nenhuma reclamação e que em pouco tempo se poderia exigir das empresas uma melhoria no transporte e que a população iria perceber.
Nenhuma das colocações avançaram. O transporte continua sendo muito ruim. Havia sim reclamação no passado, pouco tempo se passou e muito pouco se mudou desde a reunião e nada foi cobrado das empresas de ônibus.
O artigo 58 da Lei Orgânica do Município de Goiânia, a lei máxima da nossa capital, diz que “O Município, desobrigado de qualquer indenização, retomará os serviços permitidos ou concedidos, quando: II- se revelarem inequivocamente insuficientes para o satisfatório atendimento dos usuários.
Será que a população está satisfeita? Creio que não. Em caso de ruptura, as empresas poderiam questionar quebra de contrato. A Lei Orgânica está aí para proteger o interesse público. Se não for útil, que seja revogada.
O presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Fernando Meirelles, bastante pressionado pela imprensa em alguns momentos, inclusive questionado se já andou de ônibus, disse que iria trabalhar para colocar novos abrigos na capital. Uma licitação foi aberta, e o processo está em andamento.
Outra promessa foi de cobrar das demais prefeituras que assumissem a responsabilidade de colocar e manter os abrigos de ônibus. Por mais que os prefeitos não fizeram, o presidente tem feito a cobrança.
Governo Estadual
O governo estadual ao mudar a legislação sobre a CDTC passou o ônus para as prefeituras. Em alguns casos o governo quer assumir a responsabilidade dos Municípios, por exemplo, em legislação que regulamenta o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana (Codemetro), com a justificativa de ordenamento metropolitano, mas não faz o mesmo em relação ao transporte coletivo.
O Estado prometeu em maio de 2017, ou seja, há um ano que colocaria 500 pontos de ônibus na Grande Goiânia, ainda no ano passado. Nenhum ponto de ônibus sequer foi colocado. Os terminais do Eixo Anhanguera estão sucateados, uma leve reforma foi feita em 2010, ano de eleição.
O Estado ainda deixou os ônibus do Eixo Anhanguera ficarem sucateados. Ônibus estão parados na garagem da Metrobus, empresa que foi colocada no Programa de Desmobilização do Estado de Goiás (PDEG).
Na gestão de Marconi Perillo (PSDB) ocorreu a extensão do Eixo Anhanguera para as vizinhas cidades de Senador Canedo, Trindade e Goianira. Não há pontos de ônibus compatíveis com as portas dos ônibus destinados aos passageiros. O embarque é feito por uma porta que originalmente deveria ser apenas para o motorista.
O Estado criou os batalhões nos terminais para dar segurança aos passageiros. Isso é positivo. As forças de segurança precisam estar presentes nos terminais públicos e nos privados, segurança deve ser contratada. Mas porque somente agora em véspera de eleição que o assunto veio à tona, até então, não havia necessidade? E nos bairros? O cidadão vai para o ponto de ônibus e bandidos chegam antes armados de motos e levam os pertences embora.
Outro ponto que o governo precisa aperfeiçoar é o Passe Livre Estudantil, ou é passe livre de verdade ou não é. Todos os meses são milhares de usuários reclamando de dificuldades e o Estado sempre com justificativas ou passando a responsabilidade para os usuários.
Aparecida
De todas as cidades da região metropolitana foi a que mais avançou no transporte coletivo de uma forma concreta. O prefeito da cidade, Gustavo Mendanha (MDB), disse em 22 de janeiro que em até seis meses cobraria das empresas as linhas do transporte interbairros. Na próxima terça-feira (15), seis novas linhas serão apresentadas.
As novas linhas que serão implantadas em Aparecida são: 970 – Terminal Araguaia/Santa Luzia – via Parque Industrial; 972 Terminal Maranata/Terminal Araguaia; 973 – Terminal Maranata/ Jardim Tiradentes/ Terminal Cruzeiro; 971 – Terminal Garavelo/Terminal Veiga Jardim/ Terminal Araguaia – via Polo Empresarial; 974 – Terminal Cruzeiro/ Santa Luzia – via Buriti Shopping e 973 – Terminal Veiga Jardim/ Centro / Polo Empresarial.
O começo é bom, mas é preciso criar mais linhas na cidade. O prefeito ainda prometeu a criação de uma rede integrada em Aparecida. Na terça-feira (15), também será lançada a RMTC Aparecida. Uma licitação para instalação de mais de 100 abrigos de ônibus está em andamento, num projeto integrado com a mobilidade urbana.
A ressalva que faço é que Gustavo Mendanha promoveu poucas reuniões da CDTC. O ponto positivo é que abriu as portas para que as reuniões da Câmara sejam abertas, e que as pessoas possam ver ao vivo qual governante foi favorável ao aumento da passagem. No entanto, a CDTC ainda é um ambiente que só serve para discutir aumento de tarifa, enquanto as ações ficam isoladas nos municípios.
Demais prefeituras
O presidente da CMTC, Fernando Meirelles tem razão quando diz que os prefeitos das cidades vizinhas só entram com o usuário no sistema. Os prefeitos dos demais municípios também têm responsabilidades na gestão do transporte coletivo.
Não podem ficar se escondendo, são os principais beneficiados. Se a passagem para o usuário de Goiânia é mais cara, justamente é para compensar o valor para quem mora em uma cidade vizinha. Outro ponto que há poucas linhas entre os bairros da cidade, com terminais pequenos e inadequados, como Trindade, por exemplo.
Nem pontos de ônibus as prefeituras colocam, o usuário fica debaixo de sol e chuva.
Conclusão
É preciso que nós cidadãos possamos observar o que nossos representantes fazem para defender o interesse público, que não apenas fiquem duvidando da inteligência dos usuários do transporte coletivo, que são humilhados diariamente num transporte ruim.
O modelo é danoso, o usuário é que cobre tudo. As empresas reclamam de perdas de passageiros e que não conseguem dar a qualidade. O Estado a as Prefeituras dizem que é preciso investimentos. Se todos reclamam, será que não seria a hora de rever o sistema, ou vai se esperar até ano que vem quando for discutir novo aumento? Ou ainda quando tiver nova greve dos motoristas de ônibus?