07 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 05/09/2021 às 12:47

Meirelles mira nos advogados mais jovens para alavancar campanha para presidente da OAB

Júlio César Meirelles foi o terceiro pré-candidato entrevistado pelo Diário de Goiás (Foto: Reprodução/DG)
Júlio César Meirelles foi o terceiro pré-candidato entrevistado pelo Diário de Goiás (Foto: Reprodução/DG)

Para o pré-candidato à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Goiás (OAB-GO), Julio César Meirelles, um dos principais desafios do próximo presidente será o de cuidar do advogado que foi castigado ao longo dos últimos seis anos e para isso pretende mirar na continuidade de sua campanha naqueles que na sua avaliação, foram os mais afetados: os jovens.

Meirelles foi o terceiro pré-candidato a ser entrevistado pelo Diário de Goiás nesta série de entrevistas com presidenciáveis à OAB. A conselheira federal abriu as conversas enquanto o presidente da Casag, Rodolfo Otávio Mota foi o segundo. Todos estão apresentando as propostas e discutindo o futuro da OAB neste momento prévio à campanha. Em quase 20 minutos de conversa, Meirelles falou sobre os desafios frente ao cargo, histórico de atuação classista e também uma OAB mais democrática e sem “amarras” com o Governo do Estado.

O advogado estabelece três principais categorias como norte para sua campanha. “A advocacia em início de carreira. Temos um quadro com até 50% de advogados com até 10 anos de carreira. É preciso que os olhos dos próximos gestores sejam voltados para os advogados em início de carreira. Para isso, a ESA precisa deixar de ser uma extensão da Faculdade”. 

Nesse sentido Meirelles avalia que a Escola Superior de Advocacia deve ter olhos voltados à prática da atuação. “É claro que é importante que tenha ali cursos de Direito Tributário, Eleitoral, mas principalmente, a ESA possa ajudar o advogado a entrar no mercado de trabalho que é novo, é moderno. Ele precisa ter aulas de como prospectar clientes, como sugerir os preços e precificar honorários. O advogado não sai sabendo advogar, ele sai sabendo sobre diversas matérias, mas a advocacia tem um cuidado especial e ele precisa aprender a advogar. A ESA precisa prestar esse serviço para o advogado”, destaca.

Confira os principais trechos da entrevista com o advogado e pré-candidato a OAB-Goiás, Júlio César Meirelles

PAVIMENTANDO A CANDIDATURA

Eu já comecei há um bom tempo. Eu sou um político classista desde 2003 quando eu fui candidato pela primeira para o Conselho Seccional de Goiás. Não fui eleito àquela época, mas logo em 2007 eu me tornei juiz do Tribunal de Ética e Disciplina e por lá fiquei por três anos. Em 2009 fui eleito ao cargo de Conselheiro Seccional e fiquei lá até 2012, época em que fui eleito para o cargo de secretário-geral ficando durante um tempo. Fui candidato a vice-presidente e ao conselho seccional e a minha atividade classista vem de longa data. De 2019 para cá, venho caminhando de olhos postos para o cargo de presidente da OAB-Goiás. Um cargo de elevada estatura que demanda de um candidato de elevada estatura e um grupo de advogados me eleva a essa condição para que eu tente a presidência da OAB.

CURRÍCULO IMPORTANTE PARA A ESCOLHA

O currículo. É importante que se tenha em mente aquele que vai votar que vote no candidato que tenha o currículo e experiência com a advocacia e mais: também uma proximidade e contato com a advocacia, todos os nossos colegas, conheço e respeito todos os pré-candidatos é claro, são colegas alguns até amigos, mas de qualquer forma, penso que a minha atividade classista me deixa em uma situação em melhor status sobre isso. Repito, são bons nomes para advocacia, mas penso eu que por essa proximidade com a advocacia tenho um quê a mais para dedicar a OAB e também a disposição de cada um é um ponto importante para levar em conta pelo eleitorado.

ADVOCACIA E PANDEMIA

É um desafio grande diga-se de passagem, porque a advocacia está muito castigada nesses últimos anos. Não é só por conta da pandemia, os últimos cinco, seis anos, castigou muito a advocacia e a pandemia veio para agravar o quadro muito díficil que estamos vivendo. O próximo presidente precisará enfrentar isso. Essa nova advocacia, nova não só levando-se em consideração o número de jovens advogados que temos nos quadros, mas também esse momento pós-pandemia que vamos viver. Precisa o próximo presidente ter os olhos voltados para isso. Precisa o próximo presidente ter os olhos voltados para isso, para o cuidado com o advogado, não só nos últimos dois anos, nos últimos seis anos. Na época dessa gestão, essa gestão maltratou a advocacia e precisamos reparar esse erro.

AFUNILAMENTO ELEITORAL

A política é arte do diálogo. Não se pode descartar alianças. Apoio e alianças não se descartam. É possível sim que um se alie ao outro e que haja uma união de propostas em torno de determinada candidatura. Mas desde que seja uma união de propósitos, não pode haver troca de cargos para determinar a união. É possível, claro que não podemos dizer que até o registro de chapa essa situação não mude.

PROPOSTAS PARA A CAMPANHA

Eu tenho percorrido há um bom tempo o interior do estado. Colhendo propostas. Nosso projeto não é um pronto, acabado e encerrado. Temos um projeto mas deve ser construído a quatro, oito, dez mãos. Com a marca da advocacia goiana e para isso, para que você tenha impressa a marca e colocar a mão da advocacia goiana, você tem que buscar as demandas e as propostas junto aos profissionais e é o que temos feito tanto na capital como no interior.

OAB MAIS DEMOCRÁTICA

Eu acho que uma OAB mais democrática demanda, primeiramente, aberta ao próprio advogado. Ela deve estar sempre acompanhando o advogado nas suas demandas e questões cotidianas. O segundo, está ligada ao aspecto institucional, uma OAB mais democrática significa a OAB independente e autônoma e isso só se faz sem amarras com o governo do estado de Goiás e lamentavelmente o que vemos hoje e que assistimos é que a OAB vem sendo cada vez mais aparelhada ao Governo do Estado. Cargos distribuídos entre os conselheiros. Isso tira a autonomia e independência da Ordem que sempre esteve sempre a frente de grandes demandas da sociedade e hoje não é mais assim, porque a OAB não pode desagradam o governo do estado de Goiás porque as questões da sociedade que enfrentam o governo não são tratadas pela Ordem como deveriam ser. Isso significa democracia dentro da Ordem, independência. Precisamos acabar com as amarras que estão envolvendo OAB e Governo do Estado de Goiás.

NEUTRALIDADE COM O GOVERNO

A OAB tem que deixar de ser camarote, para poucos advogados e para elite da advocacia goiana, com seus grandes escritórios e que frequentam os quadros da Ordem, os bancos e comissões da Ordem. Isso não pode deixar de existir. OAB para Poucos Nunca Mais significa que ela serve para a sociedade, a sociedade também faz parte. Uma das atribuições da Ordem também é zelar pela a sociedade. E por isso que digo: a OAB não pode ter amarras com o governo do Estado. A partir do momento que há esse atrelamento entre o governo e a OAB você pode ter certeza: a OAB deixa de ser independente para lutar pelas demandas da sociedade e da advocacia.

DIVERSIDADE NO COMANDO

Temos advogados de todas as matizes, vamos dizer assim, de todas as linhas políticas e não-partidárias. É importante que se diga isso: nossos candidatos ao  Conselho e aos cargos da OAB não tem atrelamentos instituídos com as instituições estabelecidas, são independentes que participam da Ordem de forma independente, obviamente. É necessário que o quadro de conselheiros seja o mais plural possível. Que tenhamos advogados, mulheres e homens, é uma paridade exigida em lei. Além disso, advogados pretos e pardos é necessário que exista além de ser regra. Advogados que representem todos os segmentos e ramos da advocacia. Trabalhista, tributária… todos os campos. Todas as vertentes, ideias e ideias. Isso é importante para manter a independência e autonomia da Ordem. 

(Texto e edição de Domingos Ketelbey)

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.