A reforma na equipe do governador Marconi Perillo (PSDB) empacou na guerra dos muitos grupos internos que lutam por poder, no medo dele de contrariar Carlinhos Cachoeira e na indeciso sobre quem chamar e que fazer, exatamente.
Um puxa daqui, outro estica dali, nomes são vazados, queimados e trabalhados a todo instante. Um jogo curioso, porque todo executado por forças internas, sem qualquer participação da chamada oposição. E tem ainda as chantagens de quem não quer perder nem uma vírgula do que tem, e dos eleitos, que querem o seu quinhão.
Os grupos são conhecidos. Estão em litígio faz tempo, desde a campanha. E ninguém esconde isso, desde que não fale ao microfone. Quer dizer, no reservado, em off, tudo é admitido. Essa divisão é assumida, inclusive, como um dos maiores problemas do governador.
Um desses grupos é o dos velhos amigos. Tem como integrantes o secretário de Planejamento, Giuseppe Vecci, e vagas no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Um conselheiro, em tese, não discute questões de Governo, apenas de Estado. Na prática, o nome de um, em especial, corre como padrinho de muitas nomeações etc.
Outro grupo está ancorado no presidente da Agetop, Jayme Rincon, que representa os novos amigos. É, talvez, o grupo mais próximo de Marconi, embora não o mais influente. A disputa é direta com os velhos amigos.
Tem ainda o grupo do atual presidente da Assembleia Legislativa, Jardel Sebba, e do eleito, Helder Valin, ambos do PSDB. É um grupo fechado, com um pé também no TCE e que sabe usar do controle que exerce sobre os deputados – e coloque-se aí inclusive os oposicionistas, do PMDB e do PT – para lutar suas guerras particulares.
Tem mais. Um que tem como nome de ponta o deputado federal Vilmar Rocha, do PSD. Um grupo com muita vontade e pouca força. Outro deputado federal do PSD, Armando Vergílio, também lidera um grupo? Para alguns governistas, sim, um grupo à parte. Tem sua força estabelecida.
O vice-governador, José Éliton, se encaixa em qual grupo? Bem, ele se encaixa, calado.
E há a força oculta de Carlinhos Cachoeira, que já teria vetado retirada de nomes ligados a ele e que vigia tudo, de onde está. Uma reforma sem o seu aval é um risco para o governador.
Há mais. Grupos pequenos, com objetivos bem definidos, que priorizam a si mesmos, e que evitam se manifestar, principalmente no que se refere a defender o governador.
O governo Marconi é uma colcha de retalhos, um queijo suíço, uma confederação de interesses – as avaliações são variadas. Um pagamento de dívidas políticas da eleição, como se Marconi vivesse o dilema da agiotagem eleitoral sem fim.
Paga, pela vitória, um preço que não tem fim.
Daí que o governador não manda. É refém de suas dívidas e dilemas, e assim vai levando, levando…
Interessante é que uma crítica recorrente dos marconistas em relação ao ex-governador Alcides Rodrigues era sua titubeação. Alcides não agia. Deu no que deu.
Outra crítica era que Alcides não mandava no seu governo. E não mandava mesmo. Parecia não fazer questão. Deu no que deu.
Ironia do destino: Marconi tanto fez e tanto faz que perde o rumo cada dia mais. Está mais Alcides, nos seus erros, que o próprio Alcides. O que ironizava e condenava é o que está construindo… no coração do Brasil.
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Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).