28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 04/03/2013 às 12:00

Marconi Perillo é um homem público com espírito de ditador

É direito do governador de Goiás, Marconi Perillo, se irritar com críticas ao seu governo.

É direito de Marconi Perillo processar jornalista porque o tema, o assunto, a abordagem, enfim, o trabalho do jornalistas o desagradou.

É direito de Marconi Perillo ser candidato, e, eleito, exercer o mandato.

É direito de Marconi Perillo falar. Falar que não gostou de uma observação ou reportagem, falar que está pensando, falar.

É direito de Marconi Perillo ser Marconi Perillo.

E este é o ponto. Não se pode esperar de Marconi Perillo que ele não seja o que ele é: agressivo com jornalistas, irritadiço com toda e qualquer pergunta que considere inconveniente, autoritário no trato com quem tem por obrigação perguntar.

Marconi Perillo não gosta de ter de responder. Comportamento próprio de quem não gosta de ser contrariado.

Marconi Perillo é o menino que, maluquinho da silva – como o retratou mestre Jorge Braga, em O Popular –, venceu o velho Iris Rezende (PMDB) discursando em favor da liberdade de imprensa, contra a ditadura da panelinha peemedebista em Goiás.

Marconi Perillo é hoje o mesmo que supera Iris, porque Iris, mesmo derrotado, não saiu a esmo processando jornalistas.

Marconi Perillo supera inclusive o antecessor, Alcides Rodrigues, que foi e é criticado com virulência por marconistas e não sai por aí, processando.

Marconi Perillo processa com competência, persistência, insistência, com gosto!

Curioso que Marconi Perillo só processa jornalistas de Goiás. Jornalista de fora tem liberdade para dizer o que quiser, escrever o que quiser. Em Goiás, não. Basta compartilhar, ou curtir, uma imagem, basta escrever umas mal traçadas linhasinhas, que seja, e olha lá o processo.

Feito histórico de Marconi Perillo: ninguém processou tantos jornalistas na história de Goiás quanto ele.

Marconi Perillo é do tipo de político que não quer saber de se preparar para responder. A ele só interessa o controle da pergunta.

Marconi Perillo é um processador nato. É um homem público com espírito de ditador. Um governador que, em vez de prestar contas de suas ações, conta processos contra jornalistas.

Eu também sou processado pelo govenador (e Henrique Morgantini, e Eduardo Horácio, e Carlos Bueno de Moraes, e Lênia Soares, e… etc. etc. etc.). Porque um dia disse que ele se comporta como coronel. Estou errado?

O coronelismo de Marconi Perillo está expresso não nas minhas palavras, mas nas suas ações. Minha melhor defesa é a realidade, são os fatos.

Curioso que o advogado que defende Marconi Perillo é da família. Da família dele. O cunhado. Funcionário público também? Quem sabe… no Senado? Não sei. Alguém verifique…

Direito meu responder pelo que faço ou falo ou escrevo. E dever.

Falar nisso, dever, ditos os direitos de Marconi Perillo, quais são seus deveres?

Falar a verdade é um direito ou um dever de todo homem público, como Marconi Perillo?

Respeitar a opinião alheia é dever de ofício ou dever público de todo homem… público?

Quais os deveres de Marconi Perillo, afinal?

Dever de ser transparente?

Dever de saber ouvir?

Dever de responder quando questionado pelos jornalistas?

Marconi Perillo não é do tipo que se importa com deveres. Ele processa em nome de direitos seus.

Por não saber de deveres, talvez por isso ele nunca saiba medir o enxergar onde começam os direitos do outro. Dos outros, já que são tantos os processos em andamento.

Sou tido como inimigo de Marconi Perillo. Por que? Pelo simples fato de que não concordo com ele, não o elogio em profusão, não digo amém a tudo que ele fala, promete, discurso e ruge.

Todos que pensamos diferente de Marconi Perillo somos seus inimigos – é o que ele pensa, porque é o princípio que baliza suas ações, ao que parece (só parece?).

Pensar diferente de Marconi Perillo não é direito nem dever em Goiás. É crime, na visão dele e de seus inúmeros advogados.

Marconi Perillo, qual o seu limite?

Até onde vai Marconi Perillo?

Até quando Marconi Perillo vai mandar e desmandar em Goiás?

De direito e por dever, só quem sabe e pode dizer é o povo goiano.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).