21 de dezembro de 2024
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Marconi Perillo e Matheus Ribeiro: onde fica o tempo novo e o tempo velho? Goiânia quer saber

Uma campanha sem marqueteiro é uma escolha, mas não é uma escolha que definirá a disputa ou o definirá como candidato. Foto: Marconi Perillo (Câmara de Vereadores de Goiânia) e Matheus Ribeiro (Diário de Goiás).
Uma campanha sem marqueteiro é uma escolha, mas não é uma escolha que definirá a disputa ou o definirá como candidato. Foto: Marconi Perillo (Câmara de Vereadores de Goiânia) e Matheus Ribeiro (Diário de Goiás).

Nada tenho contra marqueteiro, como não tenho também contra candidato que escolhe ter marqueteiro. Só não acho que não ter signifique economia, porque não ter pode ser o barato saindo caro. O importante é ter quem ache o rumo e mantenha no rumo certo uma campanha, e isso não quer dizer que só marqueteiro dá conta disso, ou que não ter marqueteiro garantirá campanha mais certeira. Só acho.

O pior marqueteiro que existe, ouço sempre e concordo, é candidato metido a marqueteiro. Se for novato numa das funções, então, fica pior ainda. E sobe mais pontos se for novato nas duas funções. Já pensou marqueteiro meia boca instruindo candidato sem noção? Uma maravilha para quem estiver assistindo, um desespero para quem estiver dentro, vivendo e apanhando. Quem vai avisar quem que é preciso demitir um dos dois porque está atrapalhando o outro? Não serei eu, já vou avisando.

Há uma mística de que marqueteiro ganha eleição. Quem ganha é o candidato, vamos deixar claro. E a equipe de campo. E os aliados empenhados. E o coordenador de campanha. E o azar do adversário. E o diabo que o carregue. Carregue quem vence ou quem perde, sei lá. Só tô dizendo. Quem ganha é um somatório de ingredientes e militantes no sanatório de uma coisa que tem de tudo, menos ordem, porque se for ordem unida, e não caos total, mas caos com método, não ganha de forma alguma. Isso, isso: campanha.

Campanha precisa de candidato; marqueteiro, pra quê mesmo? E pode ser uma economia, porque na planilha esse custo estará em branco e no discurso o diferencial estará na ponta da língua. Se o outro, ou os outros, escolherem ter alguém para pensar à parte a campanha e mostrar caminhos e alternativas que o calor do momento não permite aos candidatos propriamente e seus coordenadores, problema do outro, ou dos outros, porque deste lado saberemos que o candidato sabe tudo sozinho e, enquanto o outro, ou os outros, estiverem lá pedindo votos diretamente ao eleitor, este de cá estará reunido com sua equipe dizendo o que deve ou não deve fazer. Um tempo precioso.

Mas de tudo que estamos falando, o mais importante que precisa ser falado é que campanha não ‘desprecisa’ só de marqueteiro, penso que me entenderem. Pra quê coordenador de campanha, pra quê fazedores de Plano de Governo, pra quê coordenador financeiro, pra quê lideranças maiores ou menores, pra quê tudo isso, essa burocracia é essa gente toda, se o candidato está preparado para tudo, tem ciência e não depende de equipe, não se sente acima dessa equipe, líder, e sim mais um pra fazer o que der e vier, e daí se isso mostra que ele quer mostrar que comanda dominando comandados experts em suas áreas, e, sendo assim, pra quê campanha se ele já sabe como vencer?

Não estou aqui pra defender os marqueteiros. Gosto de trabalhar com eles. Acho que complicado é trabalhar com quem acha que não precisa deles como pressuposto. Porque o que mais me assusta nem é a ausência de marqueteiro, coordenador de campanha, organizador de militância e tantos na engrenagem de uma campanha, o que mais me assusta é a ideia de que isso é demonstração de novidade, de modernidade, de diferencial de qualidade do candidato, de competência em gestão e garantia de renovação política, repito.

Imaginar que alguém que vê a política e a vida assim pode me governar dá mais medo, por exclusão de bom senso, do que segurança, pelo potencial da irracionalidade pública. Muitas vezes as pessoas confundem desejo da população pelo novo, com ideias velhas e maltratadas embora saídas da mente de um novo, uma pessoa nova. O novo não se manifesta assim. O velho não se exclui desse jeito. A convivência entre os dois, sem um renegar o outro, é que dá a medida do marketing perfeito. Porque não há maior marqueteiro que o tempo, o tempo antes e o tempo depois.

Uma campanha sem marqueteiro, colega de profissão Matheus Ribeiro – pré-candidato do PSDB a prefeito de Goiânia que avisou que não quer marqueteiro em sua campanha – é uma escolha, mas não é uma escolha que definirá a disputa ou o definirá como candidato. Tanto pode ser mais uma razão pra vitória, quanto pra a derrota, uma vez que a vida é maior que a vaidade de não ter ou querer ser. Importa mais na peleja eleitoral, veja só, saber o que fazer com o novo e o velho, o tempo novo e o tempo velho – saber exatamente onde se encaixa um e onde termina o outro.

O ex-governador Marconi Perillo será apenas um velho incomodo perdido em mais uma velha visão dentro de um velho partido que, pra você, é de centro – como disse na entrevista ao DG -, mas que no nome se define claramente como social-democrata? Onde está o novo na frase? Não seria o caso de Marconi ser o seu marqueteiro não-marqueteiro? E do ex-deputado Hélio de Sousa, bem mais velho, ditar como fez o novo prevalecer quando comandou a velha e sempre nova Goianésia? Goiânia merece o melhor. Novo ou velho, eis o detalhe na ação e na definição.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).