28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 26/07/2017 às 16:37

Marconi Perillo e a meritocracia da lealdade

O governador Marconi Perillo (PSDB) afirmar que deixa o governo em abril para que o seu vice, José Eliton, assuma, não é novidade.

Ele fez isso no início do ano, como estratégia para fortalecer o nome que escolheu para atingir a meta realmente ambicionada: a reeleição de seu grupo para mais um mandato no comando do Estado.

Marconi busca isso pelas razões óbvias de poder, em Goiás, e por conta de seu projeto nacional.

Chama a atenção como voltou ao assunto. E talvez esta seja a chave para que se possa entender o seu novo movimento no tabuleiro de um jogo já em curso.

Ao afirmar que vai se afastar “para dar espaço para o vice José Eliton ser governador por nove meses”, que Eliton é o seu candidato a governador, e que ainda não decidiu se ele próprio será candidato, na prática Marconi tira do seu futuro político toda a ênfase, para colocar no futuro político do vice – que é essencialmente o futuro de seu grupo – o peso de sua decisão.

Questão de posicionamento de prioridade: preocupação com o todo, em vez de preocupação com o pessoal.

Ao mesmo tempo, a mensagem direta, no que funciona como uma declaração de princípio: “Ele (Eliton) foi corretíssimo comigo, tem sido absolutamente leal, me ajuda em todas as frentes do governo, e acho mais do que justo que ele, que é jovem, tenha oportunidade de deixar o seu legado, de mostrar a sua competência”

Na meritocracia por lealdade, os leais são e serão recompensados, quer dizer Marconi. Quer dizer também que vale a lei da reciprocidade – ou, no jargão popular, companheiro é companheiro.

Colocando o futuro de seu grupo à frente de seu futuro, sabendo que esse grupo depende de seu sucesso político acima de tudo, Marconi dá o grito para uma base que ora está unida, ora está desunida conspirando com o adversário: é um por todos, e todos por um.

Até hoje, a base governista tem ganhado eleições em Goiás por priorizar a unidade, mesmo quando ela parecia improvável. Chegou ao poder assim, em 1998.

União no amor ou na dor, contra a desunião adversária. Simples assim.

Sintomático quando se tem como expoente na base a senadora Lúcia Vânia (PSB) e como potencial adversário de José Eliton o senador Ronaldo Caiado (DEM).

Lúcia e Caiado, desunidos, perderam para Maguito Vilela (PMDB) em 1994. Depois, unidos em torno de Marconi Perillo candidato a governador em 1998, venceram Maguito e Iris Rezende.

Em 2018, qual a união perfeita pra ganhar? Cada um por si?

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).