23 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:41

Marconi, Iris, Vanderlan e Gomide: como vai a campanha para governador em Goiás

OS DILEMAS DE VANDERLAN (CRESCE MAS AINDA ESPERA MILAGRE) E MARCONI (VAI OU NÃO VAI DE MARIMAR?). OS DESACERTOS DE IRIS. A PROMESSA QUE NÃO SE CUMPRIU (AINDA?). E OS OUTROS…

 


 

O fator Vanderlan e o dilema de Marconi e Iris

Por uns dias, e por falta de pesquisas confiáveis, a informação ocupava apenas as manchetes dos bastidores. Agora é pauta do mundo, porque tem o reconhecimento dos principais adversários: o candidato a governador pelo PSB, Vanderlan Cardoso, está crescendo nas intenções de voto; e PSDB e PMDB titubeiam sobre o que fazer.

“Notamos, sim, que Vanderlan cresce nas pesquisas em algumas regiões do Estado”, disse no dia 5 um dos coordenadores da campanha de Iris Rezende (PMDB), o deputado federal Sandro Mabel, à coluna Giro, de O Popular.

Dia 8, o coordenador do marketing irista, Luiz Felipe Gabriel, confirmou, também à coluna: “foi detectado crescimento de Vanderlan” (definição do Giro).

E Jayme Rincón, da campanha à reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB), desconversou: Vanderlan não tem tempo de TV nem chapa proporcional suficiente para chegar ao segundo turno.

A ponderação de Rincón soa mais como aposta, porque foi com pouco tempo de TV e estrutura pequena que Vanderlan chegou ao ponto de incomodar. Pode avançar? Esta é a questão.

Pré-candidato, Vanderlan recusou aliança com Iris Rezende e reuniu apenas dois partidos ao seu lado, o PSC e o PRP. Isso resultou em dois minutos no horário eleitoral gratuito e uma chapa miúda de candidatos a deputado estadual e federal.

Numa campanha, os candidatos proporcionais funcionam como cabos eleitorais decisivos, porque são eles, em geral, que mais espalham pelo Estado o nome do majoritário. Quando mais candidatos, melhor para quem está na ponta da chapa.

Vanderlan apostava em um milagre. Em várias ocasiões passou essa mensagem enfatizando que cumpria uma espécie de desígnio, missão divina. Escolhido para ser governador, o resto era ato de fé.

A morte do candidato a presidente da República pelo PSB Eduardo Campos e a consequente escolha de Marina Silva como sua substituta foram fatos novos que chamaram a atenção do eleitorado em todos os cantos do País, inclusive Goiás. Marina subiu nas pesquisas. Vanderlan também subiu.

Antes disso, porém, o comando de campanha de Vanderlan já detectava crescimento dele. Com Marina, ou independente de Marina, o resultado é que Vanderlan cresceu e passou a ser assunto nos comitês adversários. Preocupa.

Pode ter ajudado também que o candidato do PT, Antônio Gomide, estacionou. No início da campanha, Gomide era a tradução perfeita das pesquisas qualitativas: perfil ideal do novo, bom tempo de TV e rádio, e um partido forte, com a candidata à Presidência líder nas pesquisas.

Mas também não ampliou a aliança e aos poucos – depois da euforia do anúncio de sua candidatura – se viu escanteado por seu partido no Estado. Falta de habilidade política? Vítima das velhas artimanhas da política?

Mais um detalhe pode ter feito a diferença para Vanderlan de forma positiva: o índice de eleitores grudados na TV, nesta eleição, é o maior da história.

Segundo o Ibope, foi de 52,8 pontos a audiência dos programas eleitorais noturnos entre 19 de agosto e 2 de setembro. (Mário Filho, do instituto Grupom, já tinha alertado para isso, em conversa com jornalistas.)

Nessa linha de análise, a consideração é de que o programa de Vanderlan, apesar de pequeno, acertou em cheio. E o que ele tem que os outros não têm? Visual moderno, linguagem direta, críticas definidas e nada de espetacularização das denúncias – ao contrário, ênfase em propostas de governo coerentes e focadas (plano de metas).

(O plano de metas foi um acerto tão grande que o comando de campanha de Marconi já encomendou a uma empresa de fora o seu próprio plano, a ser apresentado no segundo turno. O de Vanderlan foi fruto de planejamento, com mais de um ano de antecedência e reunido técnicos tarimbados do Estado.)

Até onde vai Vanderlan?

A pergunta tem a ver com o desdobramento da eleição. Na eleição passada, ele terminou a disputa com 16,62%. E tinha um governador (Alcides Rodrigues) do seu lado. Uma máquina de governo capenga, porque mais leal e mais articulada por Marconi, mas uma máquina.

Com as pesquisas divulgadas mostrando-o com 10% e as não oficiais dando-o com cerca de 18%, significa que só agora ele atinge o patamar anterior. Logo, Vanderlan cresceu ou apenas empatou consigo mesmo?

Neste momento temos uma reedição do final do primeiro turno de 2010. A comprovação de que esta eleição estava com a cara da anterior. Se tudo ficar assim, Goiás terá segundo turno, mas com Marconi e Iris. De novo.

Mas falta quase um mês para a hora do voto – lembrará alguém. De fato, é um diferencial em relação a 2010. Só que é assim para todos, bem ou mal. O que leva a considerandos de outra ordem que precisam ser feitos.

Vanderlan cresce na reta final em um cenário em que Marconi não consegue deslanchar e Iris está estagnado – ou caindo, se se confiar também nas informações de bastidores que deram antes a sua subida. É uma vantagem.

A desvantagem é que, justo na reta final, uma boa estrutura de campanha – que inclui rede de apoiadores no Estado e dinheiro, muito dinheiro – tem o poder milagroso de fazer a diferença.

As ações de chegada são decisivas, não adianta desmerecê-las com a supervalorização da vontade do povo de mudar. O povo goiano já deu mostras de que quer, sim, mudar.

Mas não sabe para onde, como as pesquisas, enfim, indicam. Estrutura partidária é o que não falta ao PMDB e ao PSDB. E dinheiro na chegada da eleição não costuma ser problema para os governistas.

Crescer é uma coisa; sustentar o crescimento, e avançar, é outra bem diferente. Aí o nó para Vanderlan desatar.

Para os peemedebistas e, principalmente, para os governistas, o nó é outro. O que fazer com esse crescimento de Vanderlan?

Para Marconi, Vanderlan é uma ameaça de forma especial no segundo turno. Avaliação interna mostra que ele chegaria como novidade e mudança, ou seja, com potencial de vitória incontrolável.

Para Iris, Vanderlan crescer um pouco é bom, porque ajuda a jogar a eleição para o segundo turno. Mas, se crescer demais, pode pegar o ‘cheiro’ de vitória e atropelá-lo antes de outubro.

No grupo de estrategistas do governador, o pergunta é: bater ou não bater em Vanderlan? Bater demais pode transformá-lo em vítima. Seria como bater em massa de bolo. Não bater é permitir que continue a crescer.

E o que fazer com o movimento MariMar – Marina presidente, Marconi governador? Alimentá-lo não seria ao mesmo tempo impulsionar Vanderlan, já que o candidato de Marina em Goiás é ele? E como desperdiçar a onda Marina, já que a candidatura do tucano Aécio Neves no Estado não decola?

Para os peemedebistas, uma questão de ordem: o foco do confronto de Iris não pode ser Vanderlan, já que o líder é Marconi; mas é Vanderlan a ameaça imediata. Bater pode colocar Vanderlan em evidência; não bater pode abrir uma avenida para que ele avance.

Bater ou não bater em Vanderlan, e como bater (o jeito, a medida): Marconi e Iris não sabem o que fazer.

Assim, a reta final é favorável a Vanderlan; mas pode faltar a ele justo a estrutura (partidária, de apoios etc.) negligenciada lá atrás. O que traz à tona o que nem se sabe se é uma dúvida em sua equipe de campanha.

E aí, o que fazer: deixar que a sorte o eleja – ou melhor, manter a fé no milagre que o faz subir nas pesquisas? Ou, na onda do bom momento, investir pesado para compensar essa falta de estrutura? Há dinheiro para isso? Há disposição?

Muitos dirão que não há milagre no que está acontecendo com Vanderlan. Que tudo é fruto de uma boa e certeira estratégia. Justo, porque a campanha de Vanderlan, à parte a fé, está bem posicionada, tem um norte como alternativa real à velha polarização Marconi-Iris.

O milagre, então, se daria agora, na reta final – é isso, esperar para ver?

No instante em que Marconi prenuncia gasto desenfreado (corre atrás dos recursos) e Iris se vê compelido a (re)agir para não morrer na praia, Vanderlan apenas seguirá apostando na TV e no rádio, e no sentimento de mudança presente no eleitorado?

Pode dar certo. Mas também pode não dar. E pode quase dar certo. E desde quando quase ganhar é ganhar?

 


 

Marconistas perdem o sono para não perder a eleição

MarconiPerilloMaospCimaHá mais preocupações do que o crescimento de Vanderlan Cardoso na campanha do governador Marconi Perillo (PSDB) à reeleição.

Por mais que o discurso seja de ‘oba-oba, já ganhou’, os números positivos das pesquisas agradam, mas não dão paz aos seus estrategistas. Certeza da vitória? Não há.

Os menos afoitos vão aos poucos substituindo o discurso de vitória certa por um mais ‘pé no chão’. Na mesma coluna Giro, Rincón reconhece: “Vamos chegar ao segundo turno com mais de 15 pontos de vantagem.”

Uma dificuldade real: velhos doadores das campanhas marconistas estão resistentes. A campanha é grande por conta do tamanho e do peso da máquina estatal. Isso está empurrando as dificuldades.

Mas não quer dizer que não haverá dinheiro para a reta final. Significa apenas que está mais difícil.

Fora isso, tem a dificuldade da rejeição a Marconi. Por mais que se faça, o tucano não deslancha. No máximo, se move para a frente um pouco. Marconi sobrevive dos erros dos adversários.

Há ainda o descompasso das candidaturas proporcionais. Nem todos estão empenhados em levar junto o nome de Marconi. As campanhas isoladas incomodam.

Como incomoda que Vilmar Rocha esteja empacado, com uma campanha fria, sem posicionamento. Consenso entre os marconistas: Vilmar, na TV e no rádio, está muito devagar.

Enquanto isso, Ronaldo Caiado (DEM) avança, ajudando Iris, prejudicando indiretamente Marconi, que anda em ritmo bem diferente.

Os programas eleitorais de Marconi estão melhor avaliados. Mais ágeis, com ar moderno. No entendimento interno, porém, é pouco.

Essa visão é que tem apontado para investimento total, a partir de agora, na estratégia do corpo-a-corpo. Pressionar para vencer. Convencimento final pela força.

O receio do crescimento de Vanderlan está ancorado neste ponto. Marconi pode deslanchar na reta final, com os indecisos caminhando para o seu lado. Mas, caso isso não aconteça e Vanderlan suba mais, indo para o segundo turno, aí a perspectiva de derrota é real.

Na prática, o momento bom, com as pesquisas indicando favoritismo, é também um momento delicado por conta dos riscos de um passo em falso.

Com medo de perder uma eleição quase ganha, os tucanos têm perdido o sono.

 


 

Iris em AruanãOs dois Iris

Há dois Iris na campanha para governador de Goiás. O Iris real e o Iris virtual.

O que está nas ruas, saudando a multidão e sendo saudado de volta com emoção genuína, e o que está na TV, suplicando mais um mandato.

Suplicando, porque o tom é esse: ele franze o cenho, mostrando em close as rugas, mexe com os braços e faz uma cara triste a buscar a voz lá no fundo.

O Iris Rezende do programa eleitoral do PMDB não fala do alto de seus 80 anos de vida e 55 de política. Ele tropeça na idade.

Antes da campanha começar, o Iris a ser mostrado era o estadista, um homem amadurecido, preparado para liderar, o governador certo na hora certa para um Goiás carente de virtudes como honestidade, competência, sabedoria, bom senso, persistência, pulso firme, braço forte – depois de um longo período de denúncias, incertezas, amoralidades e desconfiança.

Era, em resumo, como a população o via, e o que queria, segundo pesquisas qualitativas.

Hoje o Iris que se vê no programa eleitoral é uma caricatura de um velho guerreiro se esforçando para parecer jovem.

Precisando mostrá-lo moderno, levaram-no para a roça. Precisando mostrá-lo cheio de vigor, fizeram-no maratonista.

Precisando mostrar um homem com experiência para a seriedade do momento difícil vivido por Goiás, com as mangas arregaçadas porque pronto para o árduo trabalho, colocaram-no em roupa de aposentado.

Nada contra os aposentados. Mas aposentado com figurino jovial não quer trabalho; quer viver.

Fizeram de Iris um ator de programa eleitoral. Longe do governador que sabe e tem o que dizer; e faz.

O Iris ao vivo na campanha é um homem articulado, que coloca ênfase nas palavras e dialoga em gestos com os céus.

O que está em cores vivas no vídeo é um Iris sem projeto de governo consistente, que parece abandonado à própria sorte de algumas frases de efeito, como dizer que vai recuperar a Celg sendo que a Celg está federalizada; ou que vai dobrar o efetivo de policiais sendo que nem a própria polícia acha que essa é a saída.

Sem um mote do tipo “vou asfalta todas as ruas que faltam em Goiânia”, Iris no vídeo é dúvida, não é resposta.

E por que está sempre sozinho, no estúdio, se o que o define são as ruas e a gente em volta? Estão matando o Iris que Iris suou para escrever na história, sufocando-o no ar condicionado de quem não conhece sua essência – de quem o conhece pelo google.

Além de discurso, falta rumo aos programas eleitorais, à campanha, ao Iris que se apresenta aos eleitores mais uma vez.

Nos quatro primeiros programas, o que se viu foram depoimentos das filhas e a ênfase no tema segurança. Depois, críticas duras ao governo, ilustradas por histórias tristes de gente sofrendo com as falhas do governo.

Imagens que chamaram a atenção pelo impacto, mas também por outra razão: dramatizam a dor, sem apresentar uma esperança fincada na realidade.

Iris vai construir hospitais regionais? Na memória de muitos, ele fechou os hospitais regionais iniciados por Henrique Santillo. Ele vai tratar bem os professores? Não é o que testemunham os próprios, de seu período nos governos e na prefeitura, recentemente.

Promessas que não ecoam a realidade não vão longe. Ignorar o passivo dos anos de Iris no poder acreditando no elogio fácil e na visão positiva da história é esquecer que em política a versão sempre prevalece sobre os fatos – por que mais que isso desagrade a razão.

Para apresentar a nova realidade de Iris é preciso levar em conta a imagem construída pelo tempo – seus prós e os contras. Levar em conta para achar uma saída; para construir a que se quer nova.

Porque esperança não se traduz apenas em uma lista de promessas. Promessas, os adversários também fazem.

Na quarta-feira, 3, educação foi o foco do programa na TV e rádio. Mas, em vez de enfatizar a volta da titularidade, falar que os professores terão estes e aqueles outros benefícios que não têm agora, e apontar tantas falhas que desgastaram a relação Marconi-professores, a mão pesou onde o atual governo tem o que mostrar: reforma ou construção de escolas.

Frágil ataque. Bastou, depois, vir a notícia do primeiro lugar do atual governo no IDEB para a crítica perder força. Bastou lembrar as escolas de placas construídas por Iris, em comparação às modernas de hoje, para minimizar o que ele fez pela educação.

Nem adianta argumentar que, quando as escolas de placas foram erguidas, significaram avanço talvez até maior que a construção dos modernos prédios de hoje – porque, lá atrás, isso significou dar a crianças e jovens o que eles não tinham: escola.

Lançada sem alma no vídeo e no dial, a crítica volta-se facilmente contra quem está criticando. Vale insistir que todo cuidado é pouco: é preciso saber o que dizer de Iris, sobre Iris, e como dizer, porque ele tem uma história – positiva ou negativa, segundo a versão dos fatos.

A falta de rumo é sentida na desconexão dos programas. Não há uma linha amarrando a campanha de TV e rádio com a campanha nas ruas.

Agora a vedete é um samba, que tem identidade com os baianos, brincar com a ideia de que bom seria morar na propaganda do governo Marconi.

Uma ironia aos mais de R$ 500 milhões gastos pelo atual governo com publicidade em 3,5 anos. A música é legal. Mas… E daí? O que vem depois?

Demagogia do tipo “esse dinheiro daria para construir tantas escolas”, “com esse dinheiro, não sei quantos hospitais seriam erguidos” etc. – é isso? Nada mais velho.

Como velho é o vídeo em que se baseou o samba: plágio de outro, sobre campanha ao governo da Bahia, de quatro anos atrás. Plágio: nada menos moderno. Samba: nada menos goiano.

Criticar é pouco: é preciso apontar caminhos novos, consistentes. Uma boa piada não é programa de governo em lugar nenhum.

Sem estratégia, cada programa é uma obra à parte. E todos, até aqui, atacam não mais que os galhos da árvore (Marconi Perillo), sem atingir a raiz.

Os estrategistas atiram em aspectos já batidos, como obras por terminar, mas não acertam o coração do adversário: os pontos que o fazem rejeitado pelos goianos. Pontos intangíveis, porém fatais.

O povo está cansado de Marconi? Certo. Mas cansado por quê? Como isso se traduz? Ou: como traduzir isso?

Mas se nem pesquisas eles têm com frequência, como descobrir o caminho das pedras da mudança que o goiano quer?

Não à toa Marconi investiu na perspectiva de poder que ainda emana. Isso impõe medo, tem força para, quem sabe, lhe dar mais uma vitória. Não à toa: pesquisas mostrando isso não faltam.

Em outras campanhas, como as de Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT), há uma lógica regendo a orquestra. A de Vanderlan mostra um gestor preparado, com um plano de governo detalhado na cabeça e na ponta da língua; a de Gomide, um administrador competente, que tem Anápolis como referência. Mensagens simples.

E a de Iris, o que mostra? Amor por Goiás.

‘Amor por Goiás’ foi o mote escolhido para amenizar a união de opostos na pré-campanha, representada por Iris e Ronaldo Caiado, adversários históricos. O amor os unia em favor do Estado. Ponto.

Na campanha, era até possível reciclar o mote, com a mensagem de que Iris representa o amor do povo por um líder que tem o que mostrar.

Mas tudo se resumiu a destacar um estado de espírito, de quem ama uma terra digna desse amor. E quem não ama Goiás?

É o caso de se perguntar: e depois do amor, o que há de concreto para os goianos viverem felizes para sempre?

Pouco antes da campanha começar, à estrutura de campanha de Iris foi apresentado um diagnóstico da situação do Estado, fruto de pesquisa qualitativa. Alguns pontos do relatório:

  • os goianos têm orgulho de seu Estado (olha o amor aí!);
  • maiores problemas do governo Marconi Perillo (pontos falhos, vulneráveis): saúde, segurança, educação e transporte; maiores virtudes: industrialização (geração de empregos), visão de que o Estado avançou, boa infraestrutura;
  • um problema crônico do atual governo: não inspira confiança, por conta dos escândalos (como o do caso Cachoeira), promessas não cumpridas, discurso repetitivo;
  • um diagnóstico: há fadiga, cansaço da população com Marconi Perillo;
  • sobre Iris: visão de ser ficha limpa, honesto, popular, que cumpre compromissos, experiente, o mais preparado (para administrar o Estado). Principalmente: visão de que ele poderia ser a possível mudança;
  • ainda sobre Iris: avaliação de que que ganharia a eleição (perspectiva de poder); ideia formada de que ele faria o melhor governo de sua vida, por ser provavelmente o último;
  • mais sobre mudança: desejo evidente, embora com reconhecimento de que houve avanços nos governos Marconi; falta de alternativa à vista, significando oportunidade real de vitória para quem se revelasse como ‘a melhor’ alternativa;
  • espaço reduzido para uma terceira via; visão positiva sobre a polarização Iris-Marconi.

Mesmo o discurso repetitivo de Iris, sempre puxando para o passado, era um problema que não comprometia a campanha. Bastava ajustar a perspectiva: em vez da lembrança excessiva de fatos passados, a referência para a construção do futuro.

Era uma questão de ajustar o nível do zumbido para que se tornasse música.

O discurso precisava ser menor, objetivo, cheio de charme, anunciando a boa nova de um pujante Goiás. Teria de deixar de lado as longas exposições de motivos, justificadas por Iris como necessidade de lembrar aos jovens de hoje o que ele fez lá atrás.

(Logo aos jovens, que pouca paciência têm para conversas compridas.)

Mas não precisava ser cortado na raiz, pois ele é também a alma de Iris.

A campanha de Iris, que deveria ter ido para o norte, acabou tomando o caminho do sul. E errar no rumo é uma coisa; errar o rumo é o tipo de coisa que define uma eleição.

E o erro maior nem é de comunicação. É de política. É de organização. De disposição.

A ponto de boa parte da estrutura de campanha irista ser composta por gente ligada a Marconi Perillo, direta ou indiretamente. Nem há segredo sobre isso.

No comitê do governador, viraram piada as antecipações estratégicas das ações peemedebistas. Os marconistas sempre estão um passo à frente. Sabem de tudo.

Também piada virou o comitê jurídico, ligado ao tucano e, na ação, nunca em posição ativa. Como se não existisse, porque não justifica sua existência.

No início, esta era para ser a campanha mais profissional do PMDB. Não havia de dinheiro de sobra, mas havia dinheiro. E disposição para um inédito profissionalismo.

Boa parte da gordura acabou sendo consumida em contrações erradas, depois substituídas e mais uma vez substituídas. Falta de organização, falta de profissionalismo.

Dinheiro jogado fora com colaboradores que pouco conheciam Iris. E que fizeram de Iris um não Iris; e de uma campanha com chance real de vitória, uma curva indefinida.

Nas redes sociais, para se ter uma ideia, levaram mais de mês apenas para acertar o grafia correta do nome de Iris – sem acento no ‘i’.

Iris não merece o Iris que está na TV e no rádio. E Goiás, merece?

Enquanto isso, no interior do Estado, Iris abraça, beija, sorri, acena, mostra vigor, tem força no discurso, tem convicção do que precisa ser feito para o Estado.

Esse é o Iris vencedor ausente da TV e do rádio.

Talvez tenha sido esperteza de Marconi: dividir Iris em dois, para que um dispute com o outro até que ambos sejam vencidos por eles mesmos.

Talvez tenha sido um vacilo de Iris: permitir que os seus aliados, na hora da campanha, se mostrem os seus maiores inimigos.

Talvez os dois Iris mereçam um ao outro. Talvez.

Não quer dizer que Iris perdeu. Quer dizer que, assim, está perdendo.

 


 

Gomide: promessa não cumprida

Para onde foi a promessa chamada Antônio Gomide, candidato do PT ao governo, antes a personificação do novo na campanha em Goiás?

Não foi.

Gomide030914Gomide não formou uma chapa consistente, não conseguiu seduzir o PT nacional para sua candidatura e acabou perdendo o impulso inicial que animou a legenda no Estado com uma candidatura que tinha pegada para vencer.

Também não acertou o discurso. O seu programa na TV é bonito, bem feito, com uma linguagem direta. Mas não se traduz em intenção de voto. Em linguagem de campanha: não pegou.

O novo continua a ser o candidato ideal desta campanha. O novo, a novidade.

O que Gomide não conseguiu foi personificar isso. Uma promessa de campanha (ainda?) não cumprida.

 


 

Weslei é oposição; os outros, pelo contrário

1 – Weslei Garcia, candidato a governador pelo PSOL, é uma boa novidade. Conhecido mais no entorno do DF, tem mostrado discurso consistente, com conteúdo. Chama a atenção. Oposição assumido.

2 – Marta Jane, do PCB, não é mais a mesma. Candidata de oposição na eleição passada, mostra hoje discurso desfocado: até bate no governo, mas sequer cita o nome de Marconi; já Iris, Vanderlan e Gomide são nominados e criticados com vontade.

3 – Alexandre Magalhães (PSDC) é o candidato que começou com promessa de oposição e já se consolida como decepção. Fala em mudança, mas só em relação a Iris, Vanderlan e Gomide. Alexandre faz discurso bom para Marconi.

 

 

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).