Nesta terça, o governador Marconi Perillo (PSDB) deu declarações que servem para aplacar o clima acirrado na sua base de apoio político.
Primeiro, disse o óbvio. Em resumo, que partido quer espaço, politico quer garantir o futuro – e que sua base não está imune a isso.
Depois, longe do clima de tensão dos últimos dias, cumprimentou e elogiou a senadora Lúcia Vânia (PSB), com quem vem se desentendendo nos últimos dias. Ela acaba de assumir o comando de uma das mais importantes comissões do Senado, a de Educação.
Nos dois casos, Marconi agiu como bombeiro. De quebra, minimizou ganhos políticos de um duro adversário.
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Primeiro, o que disse o governador sobre e para a sua base:
1 – “Estamos a um ano e meio da eleição, as coisas começam a esquentar a partir de agora. Têm partidos que se dizem da base mas não eram da base em 2014. Outros são da base e é natural que eles queiram os espaços.”
2 – “O que está em jogo, para colocar os pingos nos is é o seguinte: existem quatro vagas na chapa majoritária, governador, vice, duas vagas de senador e além dos suplentes. A questão toda não é por espaço no governo, a questão toda que se discute hoje é por espaço nas chapas majoritárias do ano que vem e é isso que vai definir o jogo, quem é que vai estar com quem.”
3 – “Nós temos só na nossa base hoje uns dez pré-candidatos ao Senado. Só tem duas vagas. Então, é natural que essa busca por acomodação ocorra e isso é democrático.”
4-“Eu respeito as pessoas que estão representando os partidos na base. São pessoas da minha relação pessoal, são meus amigos, alguns de décadas. Eu não vou entrar nesse jogo. Porque, repito, o jogo não é para acomodação no governo, é por acomodação na chapa majoritária ou nas chapas majoritárias de 2018.”
5-“É natural que alguém que não se sentir bem, que não for contemplado na chapa do governo tende a procurar espaços. Isso é matemático, é dois mais dois. Não tem que a gente ficar preocupado com isso. Eu vejo que há ansiedade de muitos que querem já definir como é que vai ficar o quadro. Esse é o problema. Se nós tivéssemos dez vagas, estava tudo resolvido”.
Leia mais aqui:
Marconi falou durante entrevista coletiva na abertura do 3º Meeting da Instituições de Assistência aos Servidores Públicos, em Goiânia.
A divisão de sua declaração em 5 pontos fica por conta do blog. Tem efeito didático.
Veja que Marconi reconhece que o clima em sua base é de disputa. Mas tenta separar as coisas: a disputa não é ‘contra’ o seu governo, mas ‘entre si’: cada partido ou aliado está ‘brigando’ por seu espaço – espaço futuro, eleitoral.
Com isso, tenta tirar o governo do centro da guerra, e colocar bem no meio do debate político-eleitoral o seu vice, José Eliton.
Porque ao governo não interessa a rebeldia da base, mas ao candidato que precisa se firmar, é essencial a movimentação que lhe garanta a dianteira do grupo e no jogo.
Há uma outra mensagem nas palavras de Marconi Perillo.
Ao dizer que é natural a busca agora por acomodação política, ele sai da linha de tiro por ter iniciado o processo, lançando antecipadamente José Eliton, e ao mesmo tempo procura se colocar acima das discussões pontuais.
Como governador e líder da base, ele é jogador, mas é principalmente árbitro.
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Sobre Lúcia Vânia.
Ontem, ganhou destaque na mídia – primeiro aqui, no DG – a foto de Ronaldo Caiado e Lúcia Vânia juntos em um evento com o ministro da Educação em Rio Verde.
Caiado e Lúcia juntos? Eis a questão, que ganhou fôlego nas redes sociais.
Leia mais aqui:
- – Ronaldo Caiado e Lúcia Vânia em base forte do PMDB e de Daniel Vilela
- – Os grandes ausentes no palanque de Rio Verde: Daniel e Eliton
Ponto para Caiado, pré-candidato a governador em oposição ao governo.
Nesta terça, Caiado tratou de alimentar o clima de possível união entre ele e Lúcia Vânia, ao divulgar foto com ela junto com cumprimento pela conquista da presidência da Comissão de Educação.
Os fartos elogios de Perillo:
“Lembrei aos meus colegas de outros estados a trajetória politica da senadora Lúcia Vânia em Goiás. Se trata de uma política respeitada, sendo sempre eleita por voto de opinião, independente da máquina de governo”, afirmou. “Tenho acompanhado seus posicionamentos aqui no Senado e sei que ela apresenta grande domínio em temas que vão ajudá-la a presidir esta comissão essencial para o funcionamento do Legislativo. Em resumo: é um orgulho enorme ter esta minha conterrânea à frente da Comissão da Educação porque sei de sua competência.”
O que fez Marconi. Cumprimentou e também elogiou a senadora:
“A escolha (da goiana para a comissão) é altamente justa e vem coroar o competente trabalho de Lúcia a favor da Educação e das questões sociais. Tenho convicção que a senadora goiana vai desempenhar esta função com extrema competência e colaborar para o avanço da Educação no Brasil.”
Mensagem de paz.
Mensagem de que, se o clima é de embate, não quer dizer que já tenha chegado ao ponto de ruptura.
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Somando os dois fatos, o que se tem: Caiado, o PMDB e toda a oposição vão continuar tentando desunir a base de Marconi, e Marconi vai seguir procurando segurar seus aliados.
Nada está definido. Nada é definitivo. O jogo está sendo jogado