Iris Rezende (PMDB) está voltando ao jogo eleitoral em Goiás porque faz política. Há 55 anos.
O governador Marconi Perillo (PSDB) não é ainda candidato porque faz política. Ajusta sua estrutura para então ser – ou não ser.
A presidente Dilma (PT) está apanhando porque não fez; o companheiro Lula é ‘o cara’ porque fez muito bem nos seus dois governos. Tanto fez que elegeu, para sucedê-lo, a própria.
O ex-governador Alcides Rodrigues (PSB, ex-PP) pouco fez enquanto estava no poder, e foi atropelado por ela, comandada por Marconi, que mandava em seu governo mais do que ele.
O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), nega a política. Se apresenta como técnico da sustentabilidade. Fala bonito. Fizesse, teria conseguido aprovar na Câmara o ajuste no IPTU, o que lhe daria o que agora falta: dinheiro. Na prática, faz feio, com uma administração mal avaliada (leia mais aqui: “É a política, Paulo Garcia”).
O empresário Júnior Friboi nunca fez, muito menos depois que chegou ao PMDB. Ele é como o cara rico que, para ter doce à vontade, compra a loja inteira. Como o segredo do negócio não está na loja, e sim no doce, logo se dá conta de que tem nas mãos um problema, nem de longe uma solução. Ele não mexeu o doce. Iris nunca deixou de mexer.
Reclamar de Iris que ele não dá espaço para ninguém, só ele quer ser candidato, é ignorar outra coisa: falta competência para quem quer tirá-lo do jogo. Ele merece mais elogios do que críticas; quem o critica é que não consegue se estabelecer nas regras do jogo.
Marconi Perillo está o dobro de tempo no poder do que Iris já esteve. O seu tempo novo só produziu dois governadores: ele e Alcides. O chamado ‘tempo velho’ irista produziu Iris, Onofre Quinan, Maguito Vilela, Agenor Resende, Henrique Santillo, Naphtali Alves e Helenês (por um mês) Cândido.
Mas quem diz que Marconi está velho? Quem diz que ele não dá espaço a ninguém?
Também na situação ninguém se estabeleceu. Mérito de Marconi Perillo.
Iris e Marconi podem voltar a se enfrentar não por ‘culpa’ dele. Por incompetência alheia.
Essa história de crucificá-los por fazerem bem o que outros não fazem, que é política como ela é, não passa de desculpa para quem não quer enxergar o óbvio: vencê-los é o desafio; negá-los, o erro estratégico.
Política, como ocupação de espaço, é arena de heróis. Coadjuvantes são os que se contentam em fazer parte, chorar a própria desgraça, para morrer incautos no final.
Na política, como na vida, vencem os melhores.
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Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).