07 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 12/04/2014 às 21:15

Marconi é e não é candidato

 

Marconi Perillo, Lúcia Vânia e Ronaldo Caiado se encontraram na Tecnoshow Comigo: tucano quer evitar fogo amigo

 

(Artigo publicado originalmente no Tribuna do Planalto)

Ninguém ousa di­zer que ele não é candidato, ninguém quer que ele não seja. Nin­guém sequer admite prever o que pode acontecer caso ele realmente decida não ser. A vítima imediata será a unidade interna; a consequência natural, a derrota em outubro. Ele não abre o jogo. Deixa dúvidas. E assusta os próprios aliados.

O governador Marconi Perillo (PSDB) colocou a sua base (e os adversários) em compasso de espera. E, esperando sua decisão, ela se exaspera. Equilibra-se entre a euforia, com a guerra de pré-candidatos na oposição – ambiente propício a mais uma vitória –, e a insegurança, com os recorrentes sinais de indecisão dele sobre disputar ou não a reeleição.

Apesar de a agenda ser de quem vive em ritmo frenético de campanha, Marconi anda focado mesmo é em concluir de forma positiva o terceiro mandato. E terminar logo as obras é diminuir o impacto nos programas eleitorais como quem não cumpre promessas ou compromissos. Entre terminar bem e candidatar-se, já elegeu o que prefere – e não é a segunda opção.

O objetivo pragmático é colocar o seu legado acima de um novo mandato. Isso explica as ações de agora. Marconi está em campanha para recuperar a imagem abalada e preservar o seu patrimônio político pessoal. Assim, mantém o crédito ativo para futuras eleições, caso não tenha sucesso nesta. Melhor do que jogar todas as fichas em uma disputa tão conturbada e de resultado tão incerto, é começar a próxima.

Deve-se ao clima de incerteza, bastante, o quase silêncio dos governistas sobre a sucessão. Com tanto barulho dos adversários, que aceleraram o processo de afunilamento para escolha de candidatos ao governo, era de se esperar reação em cadeia.

A própria Tribuna do Planalto mostrou, em longa reportagem na edição passada, que os marconistas estavam comemorando a guerra entre Iris Rezende e Júnior Friboi, no PMDB, e dos peemedebistas com o PT de Antônio Gomide. Mas nada. Ninguém sabe direito que passo dar. Isso pode ser sentido na segunda-feira, dia 7.

Ato seguinte ao movimento oposicionista, o governador cobrou ação dos auxiliares para que as obras em andamento sejam concluídas a tempo de serem inauguradas antes de julho, início oficial das campanhas. O tema eleição foi tratado como assunto proibido, embora de forma reservada todos o colocassem como motor de tudo, inclusive da reunião.

Colocando todos para trabalhar em ritmo acelerado, Marconi cumpre o objetivo de tentar melhorar a avaliação de seu governo e atinge outros dois objetivos. Ele dá tempo para que o novo quadro de eleitoral se acomode, e para que abaixe o ‘fogo amigo’ que tem como alvo o vice-governador, José Eliton (PP), e o deputado federal Vilmar Rocha (PSD).

Eliton já foi citado por Marconi como plano B caso não dispute novo mandato. Vilmar é candidatíssimo ao Senado. Ambos tem a confiança do tucano, mas não a unanimidade aliada. O bombardeio é feito de partidos como o PTB, mas sai igualmente do PSDB, o que tem confundido muitos por entenderem que, se tem aval da legenda, é porque tem o seu aval. Nesse caso, o fogo aumenta automaticamente.

É o tipo de guerra interna que Marconi, neste momento, quer evitar. Os dois se mostram leais e comandam partidos fortes. Tirá-los do jogo, simplesmente, demandaria desgaste e muito esforço. Mais trabalho ainda seria buscar outros nomes para a chapa da reeleição, em uma base que só se segura unida por sua conta e risco.

José Eliton é hoje fator de unidade para Marconi porque mantém a estrutura definida, para uma eventual disputa, e porque direciona a energia da equipe no seu foco: a melhoria da avaliação. Sem ele, o cenário é de disputa na base, ou guerra, com tantos partidos e políticos interessados na vaga.

Vilmar é um nome confiável. Da mesma forma, imagina colocar na bolsa de disputas e apostas a vaga de candidato a senador agora? A estabilidade em sua estrutura, e um governo preparando obras para festas de inauguração, é uma vantagem de Marconi sobre os adversários. Evitar uma guerra interna é uma primeira vitória. Depois, em junho, é outra história.