O ex-governador Maguito Vilela e o deputado estadual José Nelto conversaram durante cerca de duas horas nesta quarta. Papo longo, com assunto praticamente único: sucessão em Goiás, no ano que vem, e candidatura do PMDB ao governo.
Nelto é pré-candidato a governador. Maguito é, mas não é: para quase todo o partido, é; oficialmente, diz que só será se o seu filho, o deputado federal Daniel Vilela, não for. Aí é que está: toda vez que Maguito aparece conversando com alguém sobre eleição, ganha mais força a visão de que ele na verdade trabalha para ser candidato.
O encontro chama a atenção para outro ponto: uma das reclamações de peemedebistas em relação a Nelto é justamente a pouca disposição para o diálogo interno. Aquele muitas vezes cansativo diálogo que implica sentar, ouvir, ter paciência para miudezas e grandezas de pensamento e interesses. Nessse rumo.
Antes de se lançar pré-candidato a governador, Nelto era linha de frente na defesa de Daniel. Esse bom relacionamento ficou no meio do caminho. Até com o senador Ronaldo Caiado (DEM), com quem se estranhou muito na campanha passada e que busca o apoio do PMDB para sua candidatura a governador, o deputado tem mostrado mais disposição para a conversa ao pé do ouvido.
Maguito e Nelto não vão definir sozinhos o destino do PMDB. Daniel voltou a fazer reuniões e a participar de eventos com lideranças do partido, que preside no Estado. Está em movimento e com as cartas nas mãos. E tem o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, que pende para Caiado mas sempre fecha com o partido.
A conversa é só mais um sintoma de um PMDB que ainda busca o entendimento no meio de sua militância no momento em que uma guerra maior está sendo travada: com a opinião pública. A legenda é a sustentação de um presidente, Michel Temer, com carimbo de corrupto, à frente de um governo que está longe até mesmo de chegar a dois dígitos de aprovação.
Nelto e Maguito devem voltar a conversas. Isso ficou acordado. E devem conversar com mais nomes do partido. Querem juntas as forças. O ex-governador funciona como um bombeiro, um pacificador. Missão difícil, porém adequada ao seu perfil.
E, novamente a questão: está juntando os cacos para ser o candidato ou para outro, quem sabe Daniel? Com Maguito, nunca se sabe. Com Nelto, tudo é possível.
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).