28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 07/09/2017 às 17:44

Lula hoje e amanhã

Sobreviver a Antonio Palocci será o maior desafio de Lula. Não apenas pelas declarações dadas ao juiz Sérgio Moro nesta quarta, 6. Principalmente pelos desdobramentos.

O fato de se tratar de um “companheiro” falando dará credibilidade à narrativa de pacto de sangue ente PT e Odebrecht, e de dinheiro direto nas suas mãos para benefício próprio? Ou, como outras delações, a de Palocci cairá na vala comum?

Fica em xeque a imagem de Lula, o seu patrimônio eleitoral acumulado no tempo e diligentemente fortalecido nas últimas semanas com a caravana pelo nordeste do País.

Lula tem resistido a todo bombardeio. Como orador inigualável. Como líder perseguido pela elite porém amado pelo povo. Como perspectiva real de (volta ao) poder.

E agora?

Se ele perder esta aura, será cristal trincado. Como cristal trincado, não será o mesmo. Para tentar se eleger, ou para bancar a eleição de um aliado.

O mais provável é que ele enfrente de imediato maior pressão para que seja preso. Ou isso, ou outra coisa: para que seja definitivamente, e rápido, julgado em segunda instância. Com reação popular mínima, e até nenhuma, seu destino estará selado.

Pode ser ainda que a delação de Palocci faça pior: abra a porreira para novas e devastadoras delações, pouco importando se verdadeiras ou falsas. Como uma tempestade perfeita para o massacre da desmoralização definitiva.

A situação no País é limite. Todos estão de armas na mão e atirando, inclusive Lula. Todos são alvo, mas Lula é o alvo comum a todos. Não há certo, não há errado. A razão já era. Resta matar ou morrer.

Que Lula restará depois de hoje, isso definirá o futuro do País, porque no presente tudo se resume ao futuro de Lula.

Veja que, por conta de seu nome nas manchetes, todas as outras denúncias e mazelas e escândalos, tudo de repente ficou menor. Menor aos olhos de quem só enxerga ele, para o bem e para o mal.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).