23 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 08/06/2014 às 21:46

Junho é o grande desafio de Vanderlan e Gomide

 

O PMDB anuncia o ex-governador Iris Rezende como seu candidato ao governo nesta quarta-feira, 11. O governador Marconi Perillo (PSDB) só não será candidato à reeleição se não quiser. Embora tenham se equilibrado por meses no fio da indefinição, acabou que, no final das contas das pré-candidaturas, os dois chegaram na frente. Situação bem diferente da que vivem Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT).

Sobre Vanderlan e Gomide ainda pesa a espada da indefinição. Por mais que os dois assegurem que suas candidaturas estão definidas, durante todo o mês de junho terão que continuar lutando contra o maior adversário: a desconfiança, por conta de questões elementares.

O pré-candidato a presidente do PSB, Eduardo Campos, quer o apoio de Iris, que pode topar, desde que Vanderlan seja seu vice. Eis uma possibilidade. O PT é aliado nacional do PMDB, e a presidente Dilma, em busca da reeleição, bem que gostaria de ver os dois partidos juntos em Goiás. O PMDB já acenou que prefere Dilma, mas para isso Gomide precisa recuar. Pode ser vice, pode ser candidato a senador. O contrário? Para os peemedebistas, inegociável, já que a legenda é a maior do Estadões não abre mão de lançar um nome.

Nessa toada, Vanderlan e Gomide vão seguir até que a convenção de seus partidos bata o martelo. É o jogo, por mais que os assessores e aliados de ambos reclamem que o contrário é que deveria estar sendo cogitado – o PMDB, dividido, é que deveria ceder. A realidade é outra. E vencer mais este percalço (novo capítulo na novela da desconfiança que estrelam desde que entraram no jogo da sucessão) é talvez o maior desafio de suas pré-candidaturas.

Definidos no pleito, estarão inclusive, e inevitavelmente, mais fortes e embalados para ´vender´ a ideia de que, se chegaram até aqui, podem ir muito além. Podem vencer. Seria até um impulso de ocasião para, quem sabe, um e outro deslanchar nas pesquisas. No caso de Vanderlan, quer dizer realmente crescer nas intenções de voto, o que não acontece desde 2010. No do petista, sair de onde começou, já que os últimos levantamentos divulgados mostram pouco avanço de seu nome.

Para Iris, o mês é de paciência e articulação. Ter Vanderlan significa fortalecer suas bases e projetar um segundo turno (acreditando que chegará lá) em que ao PT (lá não chegando), por exemplo, não restará outra opção senão apoiá-lo. E se na sua chapa estiver, como candidato a senador, o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), terá, no primeiro turno, enfraquecido a base política tradicional de Marconi Perillo. No segundo, poderá não ter Caiado ao ´receber´ o apoio do PT (principalmente se a eleição nacional tiver segundo turno), mas terá Lula, maior cabo eleitoral do País, segundo recente pesquisa Datafolha.

São conjecturas de um jogo aberto. Caso, em outro flanco, tenha desde já o PT na sua chapa, Iris irá para a disputa com o PSDB com força total, repetindo aqui uma aliança que lidera as pesquisas no País e tem um governo como alavancador. Por mais que Dilma esteja desgastada agora, ela continua na liderança. No segundo turno, qual a alternativa de Vanderlan e aliados? Apoiar Marconi? Muito difícil. Basta lembrar que Vanderlan apoiou Iris no segundo turno de 2010, e que no PSB está hoje um dos maiores adversários de Marconi: o ex-governador Alcides Rodrigues.

Mas e se Iris não for para o segundo turno? Bem… Mas aí a batalha estará mesmo perdida. E maior terá sido ainda uma provável conquista parcial de Vanderlan ou Gomide, que saíram da total desconfiança para a retumbante vitória final – quem sabe. O caminho de Iris está pavimentado. O de Vanderlan e Gomide está apenas traçado; é uma estrada vicinal.

Só um fato apaga todas essas conjecturas sem dó nem piedade: o governador Marconi Perillo não ser candidato. Aí é outra história. Não é à toa que o tucano está deixando o anúncio de sua postulação para o último momento. Ele observa. É o seu jogo. Sabe que, com Iris e Vanderlan, é uma coisa; com Iris e Gomide, outra; e que Iris, Vanderlan e Gomide, cada um na sua, é outra obra aberta ainda. O melhor cenário? Os marconistas acreditam que o último. O pior? Deus sabe.

 

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).