23 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 13/02/2020 às 01:21

Iris sai do Paço e vai para as ruas. Vai dar cara à administração. Vai dar rumo ao PMDB também?

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), passou os primeiros meses deste ano mais dentro do Paço Municipal do que fora. A justificativa: estava arrumando a casa. Para aliados e adversários, arrumação demorada demais.

Para ele, passo necessário. Inadiável. Tempo para conhecer cada buraco da administração, e para concentrar decisões. Para praticar o que admite sem pestanejar: a centralização administrativa, que ele conjuga nos mínimos detalhes, como autorizar de próprio punho até compra de caneta.

Enquanto isso, o mundo pegava fogo. Desde janeiro, foram vários enfrentamentos, que produziram crises ou que se deram em função delas. Na Câmara, na educação, na saúde, na Comurg, em quase todos os órgãos e pastas da Prefeitura houve ranger de dentes, com discussões fortes e, em muitos casos, denúncias.

Também nesse período vimos um presidente da República sucumbir, com falta de apoio popular e, mais recentemente, com o flagra em conversas comprometedoras gravadas por um goiano, Joesley Batista, do grupo Friboi.

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Um presidente do PMDB e um financiador de campanhas do PMDB. Velho e carcomido PMDB de guerras, como a da campanha pelas Diretas Já, protagonizada justamente por Iris, lá atrás. E não é que Diretas Já é o grito de agora, contra o PMDB no poder nacional?

Mas com um detalhe: tudo isso contra um presidente que de certa forma peitou Iris ao impor ao partido em Goiás a filiação de um Friboi, o Júnior, para ser candidato a governador em 2014, contra a vontade e a própria articulação dos iristas.

Todos sabem: Iris foi candidato – e perdeu para o hoje governador Marconi Perillo (PSDB), que teve o apoio de Júnior. Todos sabem também que Júnior se afastou da política depois de um episódio controverso, que deu combustível ao ranger de dentes irista à época: a boa mão do governo para quitar dívida bilionária do grupo Friboi com o Estado.

Dias atrás, no auge da fritura a Temer, Iris o defendeu. Não precisava, diante dos fatos passados. Nem devia, na avaliação de companheiros. Mas Iris nem titubeou. Foi generoso com o companheiro de partido justo quando todos parecem propensos a abandoná-lo.

Em cinco meses como prefeito, Iris sobreviveu a tudo e a todos. Sobreviveu acima de tudo a uma campanha miúda, daqueles que, para atingi-lo politicamente, alardearam que sua saúde não andava boa. Pelo contrário. Iris está focado, com todo vigor. Só que diferente.

Outro dia ouvi de um empresário que o prefeito não é o mesmo de outras administrações. Isso quer dizer o quê mesmo? Isso é bom ou ruim, eu perguntei. O empresário não soube responder. E aqui está o ponto do estranhamento até aqui, e o da virada que se anuncia.

Iris, que não vem sendo o mesmo, vai para a rua. De dentro para fora do Paço, ele sai para ser que Iris, afinal? Uma das atividades já anunciadas será a retomada dos tradicionais mutirões. Tradicionais no Estado; tradicionais em suas gestões como governador e três vezes prefeito da capital.

O que isso significa é o que todos vamos saber com o passar dos dias.

Não há dúvida de que a administração atual de Goiânia terá de mostrar sua cara urgente, se não quiser ficar com a cara que os adversários e muitos aliados – o fogo amigo – estão lhe dando. Uma cara feia, que só não prevaleceu ainda como marca por conta da expectativa dessa esperada arrancada irista.

Quem sabe Iris também mostre a cara para recolocar o PMDB goiano no prumo. Nunca o partido precisou tanto de um líder, de alguém que indique o caminho, que o tire do buraco antes que se perca de vez nas mãos do inimigo, que ataca as bases com habilidade, e sem qualquer resistência.

A expectativa em relação aos próximos passos de Iris, portanto, é grande. É a que que se tem sobre os verdadeiros líderes. Sobre os estadistas.

Nunca se espera de Iris menos que Iris. Talvez por isso nada em relação a ele seja pequeno: nem os elogios, muito menos as críticas. De todas as formas, Iris é e sempre será maior que Iris. A História não para. É o seu legado. É o seu desafio.

Veja a prestação de contas do prefeito de Goiânia 

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