O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), foi cirúrgico em entrevista hoje (07/01), ao ser questionado sobre uma provável candidatura à reeleição este ano (Abaixo, LEIA A ÍNTEGRA DAS RESPOSTAS). Quem faz leitura das frases de forma isolada, não entendeu o que ele pretende com a comunicação.
A única forma de Iris dar como definitiva sua não candidatura, seria definir já, agora, um nome. E, não confirmou. Muito ao contrário. Isso é o que ele disse que não fará.
A declaração deve ser analisada como sequência da nota divulgada pelo site O Antagonista em que a direção nacional do MDB daria como definitiva a escolha, mas sugere que Maguito Vilela é o segundo nome.
Na verdade, Iris é o candidato natural do partido a prefeito da capital por que tem autorização legal para a reeleição e por que tem uma gestão bem avaliada. Estes são pré-requisitos fundamentais, mas não definitivos.
Iris constrói um discurso de que a população deve ficar atenta e de que não pode entregar a administração para qualquer aventureiro.
A grande questão é: Vai aparecer um candidato natural já que o MDB já tem um? Vai aparecer um candidato melhor que Iris Rezende?
Iris Rezende é o melhor nome para defender o legado que ele mesmo constrói neste mandato e que ainda não terminou. O projeto de entregar todas as obras em andamento neste ano é a prioridade dele. Ademais, com R$1 bilhão de investimentos para um ano ele tem muito por fazer.
O contexto político da entrevista do prefeito expõe a velha disputa entre iristas e maguitistas dentro do MDB. Há movimentações dentro do MDB de que não são favoráveis à candidatura do atual prefeito e esta é uma antiga contenda entre as alas. A última foi a candidatura de Daniel Vilela a governador quando Iris Rezende dava sinais de que preferia o apoio a Ronaldo Caiado (DEM).
Por fim, leia a íntegra da entrevista na parte final. Questionado sobre candidatura de Maguito Vilela a prefeito, Iris nem citou o nome na resposta e lançou o ponto de vista de que o partido não pode errar.
Como conclusão, Iris não é, mas é candidato a prefeito de Goiânia em 2.020 e esta condição só mudará no dia que ele declarar apoio a outro nome. Ele o senhor do tempo desta decisão que tem tempo para ser confirmada quando o prazo das convenções chegar.
Propositalmente, não inserí frases de Iris até agora para que você, leitor, veja a íntegra da fala e conecte-se com o contexto. O texto extraído de forma separada do raciocínio levou muita gente a conclusões precipitadas.
Iris Rezende/Entrevista – 07/01/2020 –
Iris Rezende – Eu tenho um compromisso muito sério de honra com essa cidade. Não vou disputar nova eleição, espero, mas vou fazer um apelo ao povo. Não vote por votar. Escolha quem realmente tem compromisso com o povo. De conversa fiada, o Brasil está cheio. O povo brasileiro precisa entender que o voto é instrumento que o pai tem nas mãos para definir o fututo dos seus filhos, neto e seu próprio futuro. Quando se escolhe mal, o desastre é inevitável.
Repórter – Essa decisão já está tomada?
Iris Rezende: Eu disse quando me candidatei que me candidataria para consertar a prefeitura. Ela estava com déficit mensal de 31 milhões. Ou seja, gastava-se 31 milhões a mais do que arrecadava, uma dívida superior a 1 bilhão. Eu passei dois anos voltado para consertar essa situação. Vou deixar a prefeitura sem dívidas. Vou deixar tudo na prefeitura em prefeitas condições de funcionamento. Agora não adianta todo esse esforço da população nestes quatro anos e amanhã vota por votar, cai a prefeitura, como tem caído algumas vezes, na mão de pessoas incompetentes e até irresponsáveis.
Repórter: Quem vai ser o seu sucessor?
Iris Rezende: Se eu não estou disposto a me reeleger eu não vou assumir paternidade de candidatura. Esse é um compromisso dos partidos e para eleger é um compromisso com o povo.
Repórter: Em 2016 você havia dado esse mesmo recado a classe política. Por algumas oportunidades o senhor havia destacado que não haviam levado a sério o recado que o senhor tinha dado á época. O que o senhor espera agora?
Iris Rezende: Eu espero que com minha presença quatro anos à frente da prefeitura, realizando o que temos realizado, eu tenho certeza que o povo vai contar até 10 ou até 100 para definir aquele que vai receber o voto para continuar administrando essa cidade como ela deve ser administrada. Porque modéstia à parte, Goiânia hoje é uma cidade bonita. Você anda pelas ruas e é difícil você vê um papel ou um lixo nas ruas. A cidade está limpa. As praças estão reformadas. E Goiânia é por natureza uma cidade bela, uma cidade gostosa, diferente, uma população diferente. A população de Goiânia é a mais cosmopolita do Brasil e quem veio para Goiânia veio de todas as cidades brasileiras acreditando num futuro melhor aqui no centro oeste brasileiro. De forma que a população de Goiânia é especial. Daí o atrevimento que eu tive de instituir o mutirão na cidade e foi espelhado em todo o Brasil. A palavra não era conhecida em lugar nenhum no Brasil a não ser na zona rural. Hoje até a ONU convoca mutirão em todos os países.
Repórter: Se o povo pedir o senhor fica na prefeitura?
Iris Rezende: Eu não queria voltar pra isso. Tudo na vida tem limite. Completei agora 86 anos. Tenho que raciocinar bem. Uma pessoa de 86 anos corre muito mais riscos que uma pessoa de 16 anos, de 30 ou 40. Eu tenho que ter um desconfiômetro de me preocupar com a escolha do meu sucessor, é claro, mas essa escolha não será por mim alimentada. Apenas pedirei que Goiânia estude aquele que vem a sua porta pedir voto para não votar errado, fiscalize e pesquise a vida da pessoa. Porque em época de eleição você não vê um candidato de cara feia, não vê um candidato preguiçoso, aquela coisa toda. Você não vê um candidato precipitado, mas é preciso se informar.
Repórter: Maguito Vilela seria um bom candidato pro MDB?
Iris Rezende: Eu não quero precipitar as coisas. Eu entendo que O MDB é um partido amadurecido, um dos mais antigos e não vai errar na escolha de um representante seu nas eleições. Mas eu não quero politizar meu trabalho. Vou respeitar as candidaturas, mas apenas advertindo o povo: cuidado.
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .